No terceiro capítulo do segundo libro da “Metafísica”, que pode ser considerado como a primeira história da filosofia e talvez também a primeira história da ciência, Aristóteles diz-nos que os primeiros pensadores apenas tratabam das cousas a partir da perspectiva do seu princípio material (vexa-se caixa da páxina seguinte). Situemos a afirmaçón no seu contexto. Aristóteles acaba de nos dizer que, para constatar a existência dos seres, é preciso considerar-se quatro causas. Como no caso de unha cadeira normal: a madeira que a constitui sería a sua “causa material”, o carpinteiro que trabalha a madeira sería a “causa eficiente”, a “causa formal” é a ideia ou o conceito de cadeira, que preexiste na mente do carpinteiro e que se “materializa” mediante o trabalho deste, e, por último, a “causa final” é a funçón para a qual está destinada a cadeira e que, em princípio, a constitui. Em certa medida (sobretudo se nos ativermos às entidades artificiais), Aristóteles aponta aqui o problema, que mais acima esbocei, sobre a relaçón e a eventual prioridade entre o que na cadeira procede do intelecto (a ideia, conceito ou forma) e a matéria que percebemos através dos sentidos. Na sua opinión, os primeiros filósofos apenas tiveram em conta a “causa material”, isto é, partiram da percepçón imediata através dos sentidos e ocuparam-se em determinar a essência daquilo que era percebido. O leitor, talvez obrigado nos seus anos de escola secundária a memorizar dinastias de filósofos, como se memorizasse a dinastia afonsina ou a de Bragança, dirá que falta aqui polo menos um. E é, de facto, surpreendente que, entre Tales e Anaxímenes, Aristóteles non situe a Anaximandro, dada a relevância que lhe foi outorgada por historiadores, non apenas do pensamento filosófico, mas também (como vimos) do pensamento científico. Falta um ou outro nome de primeiríssima importância, como é Parménides, que, no entanto, será mencionado por Aristóteles nas páxinas seguintes. Mas vamos aos que están ou, melhor dizendo, a unha parte dos que están, polas razóns óbvias que derivam das características deste libro. Reparemos que, com a excepçón do siciliano Empédocles de Agrigento (nascido por volta de 495 a. C.), e Hipaso, também oriundo da Itália meridional (por volta de 500 a. C.), todos os mencionados som oriundos da costa da Anatólia.
VÍCTOR GÓMEZ PIN