
No Outono de 1842, começa outra série de artigos com o título “Os debates em torno da lei sobre o roubo de lenha”, que o Landtag elaborou para regular prácticas habituais tán enraizadas e vitais para a populaçón pobre como a recolha de lenha seca dos bosques, a caça e a pesca, a “segunda recolha”, etc… E, no ano seguinte, aborda a problemática dos viticultores do Mosela. Estas duas séries, de que Marx esteve sempre satisfeito, levam-no a tomar contacto com as miserábeis condiçóns de vida das classes populares e a iniciar um posicionamento a seu favor; facto que tem sido enfatizado para reconstruir o perfil do Marx revolucionário e do seu caminho rumo ao comunismo. Contudo, estes artigos, e outros menos conhecidos mas muito valiosos, como “Sobre o Proxecto de Lei de Divórcio”, ou o titulado “O editorial do número 179” da Gazeta de Colónia, som especialmente relevantes para compreender a sua evoluçón conceptual. Aqui é posto à proba o sentido do hegeliano “estado universal”, um conceito de estado que exclui a particularidade. Por enquanto, a proba resiste e Marx mantém-se nessa dupla quimera emancipadora, vixente na história da humanidade e obxectivada no sistema hegeliano, que vê o Estado e a Filosofia como duas criaçóns sublimes do Espírito, como duas figuras universais da libertaçón; mas começam a abrir-se fissuras. Em “O Editorial do número 179” Marx opôn-se, evidentemente, ao “estado cristán” porque é um estado submetido a essa particularidade e, assim, ao priviléxio; um estado emancipado debe ser só estado, estado político, sem submissón a nenhuma determinaçón (relixión, propriedade, raça, xénero…). Deste modo, a luta polo casamento laico, meramente político, que non pode assumir um estado cristán, converte-se nunha luta pola emancipaçón política do estado. O texto revela, pois, que Marx ainda mantém o estado como horizonte de emancipaçón. O estado real prussiano é lugar de poder e dominaçón, mas o Estado, de acordo com o seu conceito, o estado ideal a construir é nada menos do que o lugar onde a liberdade natural se pode elevar a liberdade moral e política. Esse estado racional e universal non é lugal de opressón, mas de emancipaçón; non é lugar de priviléxios, mas de igualdade. Marx permaneceu na ilusón, ainda non suspeita que a universalidade do estado é unha forma subtil e mistificadora de defender a particularidade, unha forma eficiente de garantir o domínio.
JOSÉ MANUEL BERMUDO