![](https://guilladenses.com/wp-content/uploads/2021/02/img_1306.jpg?w=768)
Mas non foram somente os afectos e as paixóns (com estranhas heranças recebidas), Newton e a matemática, e a sua certeza filosófica ou as falsidades pseudocientíficas, que uniram Berkeley e Swift. Ambos se envolveram na situaçón política irlandesa e deram mostras das suas respectivas personalidades. Berkeley realizou propostas mais técnicas e Swift, mais políticas; a postura analítica do primeiro contrasta com a paixón social e literária do segundo. Existe a impressón xeneralizada de que a obra-prima de Jonathan Swift, “As Viáxes de Gulliver”, é um libro dirixido ao público infantil. Todavia, estamos perante unha sátira carregada de ironia, que requer um leitor adulto. Non há sector da sociedade inglesa que se salve de ser ridicularizado por Swift, que indubitavelmente tinha unha visón negativa, tanto do ser humano como da sociedade britânica. As Viaxens de Gulliver, publicado em 1726, contêm numerosas referências directas à política inglesa. A imaxem de Gulliver chegando de Lilipute, onde era um xigante, a um país em que é apenas um pigmeu afigura-se assaz didáctica. Mas há mais. No libro, encontram-se referências aos filósofos mais portentosos da época, e alguns xulgam ver a silhueta de Isaac Newton, no alfaiate de Gulliver ou na figura do Climenole, suxerida polo carácter distraído do autor dos “Principia”. A sátira de Gulliver contém unha crítica contra o cientificismo mais do que contra a ciência em si. E, sobretudo, contra quem, mediante cálculos matemáticos, abusaba da credulidade das pessoas, levando-as inclusivamente à ruína. Swift também invéste contra os profissionais da impostura que misturabam a ciência e o misticismo para se aproveitarem dos inxénuos. Pola sua parte, Berkeley, embora manifestando desacordo acerca de algunhas decisóns políticas, optou polo respeito ao poder constituído. O seu precoce “Discurso sobre a Obediência Passiva”, publicado em 1712, xá contém o fundamento da sua crítica ao laicismo e ao Iluminismo, partindo da certeza de que o home apenas pode ser feliz se respeitar as leis sociais estabelecidas, inspiradas no modelo das leis naturais divinas. Com este escorço platónico, Berkeley nega a possibilidade da desobediência civil, xá que questionar o poder seria como questionar Deus. Swift foi muito mais lonxe do que o seu amigo Berkeley na crítica às instituiçóns que convertem o home num escravo dos lugares que habita, só lhe restando a invençón de outros mundos, unha espécie de “síndrome de Gulliver” com a correspondente carga reivindicativa que somente a fantasía pode enxendrar. Os dous amigos sabiam que está tudo na mente, porém, Swift usaba o sarcásmo non como válvula de escape, mas como opçón. Por isso, o capitán Lemuel Gulliver, depois de visitar os anóns de Lilipute, os xigantes de Brobdingnag e os extravagantes cientistas de Laputa, apercebe-se de que o próprio home, grande ao lado de um mais pequeno, parece ridículo ao lado de outro maior. Essa insuportábel leveza do ser foi interiorizada por Swift, até ao estremecimento, ao longo da sua vida e, naturalmente, na outra que vivenciou sob o nome de Gulliver.
LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA