Arquivos mensuais: Febreiro 2021

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (111)

Xeralmente falando, a fim de que um sonho poida ser interpretado com toda exactitude, preciso se fai que tenha sido ó amanhecer, ou naquel período da noite em que dissipadas as emanaçóns dixestivas estas non poidam obrar sobre o cérebro. Que non tenha sido promovido por qualquer exceso ou emoçóns e que se recorde perfeita e minuciosamente ao despertar. Isto segundo os antígos, está recopilado no tempo em que florecerom estes mistérios, por aqueles pobos nascidos na obscuridade, em que estas ideias estabam ainda em estado latente. Deus nosso Senhor J. C., quixo que reapareceram mais tarde no meio do xénero humano, que a concebeu a forza de lutas, probando ao mundo com guerras infinitas, facendo constar a sua existência espiritual por meio dos Santos Prophetas, na lei antiga, e por J. C. na lei da graça, e polo Progresso e a Civilizaçón em que funcionaram novas leis. Nasceram as artes e as ciências, por meio da intelixência suprema, concedida a algúns mortais, que andam polo mundo (Philósofos), por missón de Deus para axudar o xénero humano a purificar-se e conseguir escapar dos erros e enganos das almas pouco elevadas. No meio de todos os estudos resplandéce a Philosofia Spiritualista, como alto estudo, que vem a resolver muitos problemas da vida, os quais sem ela quedaríam na inacçón. Onde se sabe que, o mundo invissíbel é superior e sobrevive a tudo. Som muitas as vias ou instrumentos dos que Deus se serve para ensinar aos mortais. mudándo-os com os tempos; agora pois que os tempos mudárom, também esta ciência sofreu detrimento, e será o bastante para que o home non vexa em esta toda a claridade desexada, etc… Algúns afirmam que ao nascimento de Cristo enmudecerom todos os oráculos do Mundo, aínda que non fora tán repentino o seu silêncio, que continuarom com algunha reputaçón até finais do século IV, mas, por último, vem a sua decadência e cesárom de fazer ruído.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

KANT (AS DONAS KÖNIGSBERGUIANAS ACERTAVAM OS SEUS RELÓXIOS QUANDO O VIAM PASSAR)

Unha cidade como Königsberg, às marxéns do rio Prególia – unha cidade grande, centro de um Estado, sede dos conselhos provinciais do Governo, sede de unha universidade (para o cultivo das ciências), um porto marítimo ligado por rios ao interior do país, fazendo com que a sua situaçón favoreça a comunicaçón com o resto do país bem como com países vizinhos ou remotos, com línguas e costûmes diferentes -, é um lugar adequado para ampliar o conhecimento sobre o homem e sobre o mundo. Nunha cidade como esta, tal conhecimento pode ser adquirido mesmo sem se viaxar. Terminada a refeiçón, Kant ia dar o seu passeio regulamentar de unha hora, imprescindível tanto para manter o corpo em forma como para ordenar e esclarecer as ideias e, em xeral, manter a boa disposiçón (hoxe falar-se-ia de libertar endorfinas). Diz-se que as donas de casa königsberguianas acertavam os seus relóxios quando o viam no seu passeio diário, xá que a sua pontualidade era minuciosa e fiábel; mas esta precisón era devida em parte, a que, durante anos, o seu anfitrión habitual da tarde para tertúlias erudictas, um comerciante britânico chamado Joseph Green, era extremamente rigoroso tanto na hora de chegada como na de despedida, e Kant non demorou a assimilar e a aplicar esse formalismo. Depois do passeio e da tertúlia dedicaba o resto da tarde a ler e a reflectir. Deitava-se às dez da noite. A sua casa, mais do que simples, era austera; a sobriedade do mobiliário indicava um interesse exclusivo pola funcionalidade e escassa inclinaçón pola estéctica. Non amou a música nem apreçou as artes plásticas. Gostou, sim, da poesía lírica, que lia regularmente e apenas por prazer: rexeitou unha oferta para a cátedra de Poética da Universidade de Berlim, onde teria podido teorizar sobre ela. O único elemento ornamental, ou non estrictamente funcional, da sua casa, de que temos notícia, é um retracto em gravura de Jean-Jacques Rousseau, o pensador suíço que sacudiu a sua consciência moral com um libro sobre educaçón e formaçón da personalidade (Emílio) e outro sobre o fundamento das comunidades políticas (O Contracto Social). Schopenhauer teria, anos depois, no seu gabinete de trabalho, um busto do seu admirado Kant, e Nietzsche, um retracto do seu admirado Schopenhauer: eis como se manifesta graficamente unha das grandes linhas de influênça da filosofia moderna.

JOAN SOLÉ

SE CAÍRA UNHA BOMBA ATÓMICA EM PONTAREAS (I)

No seguinte artigo, analizo como hipôtese de trabalho, o que acontecería em Pontareas, se chega-se a afectar-nos a explosón de unha bomba atómica de vinte megatóns. O risco nuclear em Espanha, é unha realidade e non pura especulaçón. Por isso non resulta esaxerado analizar os efeitos, non é cousa de loucos, é simplesmente a hipôtese de algo que pode suceder. Ainda que esta hipôtese sexa bastante optimista, a ela me vou suxeitar. Vou analizar as dramáticas consequências da explosón de semelhante artefacto. Imaxinemos, por uns momentos, que se acaba de produzir em Pontareas a defragaçón de unha bomba atómica: miles de mortos, milhares de pessoas aprisionadas nas suas casas, edifícios pulverizados. A enerxia térmica da explosón, sería de tal magnitude, que a temperatura da zona de explosón da bomba rebassaría o milhón de gráus centígrados, que sería capaz de matar tudo a distâncias de quilómetros. A enerxía mecânica desatada, destrozaria tudo num rádio de quinze quilómetros ó redor do núcleo, e os cristais das casas de trinta a quarenta quilómetros arredor. A sobrepresón, e a onda expansiva esmagaría seres e obxectos, destrozando-os e arremessando-os a grandes distâncias. Abriría-se no chán um crácter de um quilómetro de diâmetro e noventa metros de profundidade. Os danos materiais (aparte da radiaçón) seríam irreparáveis, é dizer a destruçón total das casas, prantas, pessoas, e animais; alcanzaría ademais de todo o poboado de Pontareas, Areas, Xinzo, Ribadetea, San Lourenzo de Oliveira, San Mateo, Bugarin, Guláns, Cristinhade, Arnoso, Angoares, Prado, Fontenla, Arcos, Celeiros, Moreira, Padrons e Vilasobroso. Abarcando um rádio de quatro quilómetros à redonda, sem sobreviventes, cem por cento de mortos. Há que ter em conta, que as distâncias se medem em linha recta. Até aos seis quilómetros, resultaria a destrucçón de edifícios, pontes e árbores, com um cinquênta por cento de mortos, um vinte por cento de ferídos gráves, um trinta por cento de aprisionados, e unha praga de incêndios ailhados e intênsos. Dentro désta zona, o cinquenta por cento da poboaçón ao aire libre, tería morto por doses excessivas de radioactividade em poucos minutos. Abarcaría as poboaçóns de: Couso, Guillade, Vilacoba, Pías, Fozára, Cumiar, Nogueira, Mondariz-Balneário, Mondariz e Salceda, etc… Ós oito quilómetros, as estructuras de áço teríam sido derrubadas por ventos furacanados e os mortos seriam do quince por cento, com um trinta por cento de feridos gráves, oito por cento de aprisionados e um quatro por cento a salvo. Abarcaría: Uma, Tortoreos, todo o Concelho de Salvaterra, o das Neves e o de Porriño. A partir de doze quilómetros, todos os vehículos estaríam volcados a raíz dos ventos furacanados produzidos pola explosón, com pérda do noventa por cento do arboredo, o cinco por cento de mortos, o trinta por cento de feridos gráves, o doze por cento de aprisionados e o cinquênta e três por cento a salvo. Abarcaría: Covelo, Sela, Barcela, etc…

J. ANTONIO TRONCOSO

¡¡QUE NADA SE SABE!! (43)

Até agora falámos de animais, considerando cada um na sua integridade. Porque, se teis em conta as partes, a dúvida sería muito maior. ¿Por quê som estas assí? ¿E aquelas? ¿Sería melhor doutra maneira? ¿Sería pior? ¿Por quê non som mais? ¿Por quê som tantas? ¿Por quê tán grandes? ¿Por quê tán pequenas? Non acabaríamos nunca. Igualmente, para os inanimados. ¿Que pode haber, pois, de fixo em cousas tán mudábeis? ¿Qué de determinado em cousas tán diversas? ¿De certo em cousas tán incertas? Nada, sem dúvida. De aquí apareceu, por isso, a discusón sobre a introduçón das formas e o princípio das mesmas, discusón tán grande, que ninguém sería capaz de pôr-lhe fim xamais. E porás as cousas ainda mais difíceis, se queres xuntar os monstruos que se producen a diário, tantos e tán diversos, sobre tudo entre os homes, a mistura dos sexos nalgunhas espécies e em indivíduos de outras espécies. As espécies mixtas: como o mulo, que procede do burro e da égua; o burdégano, do cabalo e da burra; e o lobicán, e o híbrido do touro e da égua, exemplos todos que som bem conhecidos de todos nós. Ainda, polo coito do cán com a raposa; o tigre, a hiena e o lobo, dos quais afirmam que se cruzam, para formar unha terceira espécie. O mesmo, com os camêlos com as éguas; os galos com as perdízes; (e se é verdade) os quebrantaossos, procederíam do buítre e da Águia. A mesma mezcolança pode advertir-se nas árbores e noutras prantas: coubenábo, pexégos, amêndoas. E, também outras muitas, mediante enxértos, nas que se obtênhem naturezas intermédias, entre o enxertado e o pé do enxerto. Logo, se xuntamos finalmente, as mutaçóns de espécies, como as do trigo, as do centeio e as da aveia. Também os câmbios de sexo em algúns humanos, de doncêla a varón e vice-versa. Como alguém afirmou, porás entón as cousas muito difíceis. E, non saberás que é isto, nem como é, nem de onde vêm, e muito menos por qué? ¡¡Eu menos!!

FRANCISCO SÁNCHEZ

O FADO (ANA MOURA)

O ano de 2003 viria a ficar marcado pola estreia de sucesso de Ana Moura nas ediçóns discográficas, com “Guarda-me a vida na mao”, tendo gravado mais três discos com igual sucesso. Ana Moura inicia-se profissionalmente no fado a convite de Maria da Fé, para cantar na sua casa de fados Sr. Vinho, é aí que conhece Jorge Fernando com o qual encetou unha colaboraçón próxima na composiçón e produçón, cumplicidade que se mantém até hoxe. O sucesso de Ana Moura proxectou-se de igual forma na cena internacional, levando os seus fados às grandes salas do mundo. Em 2005, participa no proxecto de Tim Ries. Canta com Mick Jagger, no Estádio Alvalade XXI, perante unha audiência de mais de trinta mil espectadores. Prince também se confessa fán da fadista, encantado com a sensualidade da sua voz. Em 2010 a participaçón de âmbos constitui o ponto alto do festival Super Bock. “Vou dar de beber à dor” e “A sós com a noite”, foram os temas escolhidos para o momento inédito com Prince, a acompanhar a voz de Ana Moura na sua guitarra eléctrica em xeito de fado. Entre vários prémios, nomeaçóns e galardóns discográficos, Ana Moura é hoxe unha das fadistas com maior prestíxio internacional.

FADO PORTUGAL

NIETZSCHE (ZARATUSTRA NON CHORA A MORTE DE DEUS)

Zaratustra é o filósofo do aberto, o filósofo aventureiro, capaz de rir e de dançar na intempérie. Non chora à morte de Deus, porque interpreta qualquer perda como unha abertura, um acontecimento que abre possibilidades novas e imprevistas. Unha perda é também um desprendimento, unha ocasión para a lixeireza. Zaratustra, o dos “pés lixeiros”, o primeiro filósofo que sabe dançar. Que diferente dos filósofos dogmáticos e idealistas, de todos aqueles pensadores que necessitam sempre de sentir-se seguros, que só sabem pensar refastelados nos seus cadeiróns e encerrados nos seus grandes sistemas! A principal tarefa que espera o novo filósofo é a de repensar o “ser”. Encontrar unha maneira non metafísica de conceber o ser “íntimo” das cousas. Trata-se de um desafio descomunal. Vimos mais acima que o problema da morte de Deus radica no facto de nos atirar para um nihilismo completo, para unha “desvalorizaçón de todos os valores”. Vimos também que, ao afundar-se o mundo suprassensíbel, ficamos também sem todos os critérios, princípios, normas, etc… com que nos guiamos no mundo senssíbel. O desaparecimento do mais além metafísico comporta, definitivamente, a perda do nosso mais aqui, do mundo tal como o conhecemos. Por tudo o que foi exposto anteriormente, as perguntas que se apresentam a Zaratrusta som da máxima envergadura. Como valorizar a vida quando todos os valores deixaram de valer? Como dar um sentido e um fundamento à vida quando se evaporou o único lugar a partir do qual era possíbel fundamentar e dar sentido às cousas? A partir daqui, Nietzsche tentará sem descanso abordar o problema da vida de forma “imanente”, isto é, sem recorrer a princípios transcendentes, a nada que estexa por cima ou por baixo dela mesma. Todos os seus esforços seram dirixidos para a construçón de um pensamento que, evitando as infinitas armadilhas do nihilismo, sexa capaz de afirmar a vida, esta “vida”, de forma absolucta. E o primeiro cabalo de batalha da nova filosofia é a contraposiçón entre “ser” e “devir”. O mundo é um xigantesco cenário no qual tudo está em constante movimento. Non há nada que non estexa de algúm modo submetido à mudança, desde um grán de areia a unha grande montanha, passando por todos os seres vivos. No entanto, e como vimos, para o metafísico o autêntico ser pertence ao fixo e imutábel. Tudo o que se encontra no nosso planeta, tudo o que está colocado no espaço e no tempo, possui o atributo do “ser” unicamente como algo emprestado; em contraste, existe outro nível de realidade no qual as cousas som estácticas e imperecedeiras e podem disfrutar do ser em propriedade. Para o metafísico existe, claramente, unha contraposiçón entre o que passa e o que permanece, entre o que devém e o que é.

TONI LLÁCER

LITERATURA CASTELÁN (17) (AS JARCHAS ROMÂNCES)

Stern déra a conhecer também a descoberta de unha só “jarcha”, dentro de unha “moaxaja” árabe. Agora bem, o arabista Emilio García Gómez publicou em 1952 vintiquatro “jarchas românces” pertencêntes a outras tantas “moaxajas” árabes, contídas no manuscrípto de Ibn Bushrà, propriedade do sábio françês G. S. Colin. A elas xuntou outras duas, extraídas do mesmo documento, que publicou em 1954. Outras quatorze mais, contídas num texto de Ibn al-Jatib; e outra, ignorada até entón, de Ibn Quzman. Habida conta que algunhas déstas “jarchas” están repetidas em diferêntes “moaxajas”, árabes ou hebreas. O número total das conhecidas, até hoxe, é de quarenta e três. García Gómez, non tinha podido dar a conhecer num princípio o texto das “jarchas” unido às suas “moaxajas” correspondentes, defeito fundamental, que el mesmo lamenta. Mas, ao fim, no seu mais recente libro “Las Jarchas Românces de la serie árabe en su marco”, Madrid, 1965 -, publicando de forma íntegra a série de “moaxajas” com as suas respectivas “jarchas”, descobertas até ao momento; primeira obra desta natureza que viu a luz. A existência de tán considerábel material permitíu afundar extraordinariamente nas investigaçóns, e se por unha parte multiplicou os problemas, fai possíbel chegar à sua vez a conclusóns muito importântes. Algunhas delas forom xá formuladas por García Gómez em 1956. Desta comunicaçón extraemos algúns dos pontos principais: “Chegamos probabelmente a captar o segredo do xénero chamado “muwassaha”, que consiste em ser unha composiçón onde o essêncial resulta ser a “jarŷa”. A “estrofa zejelesca” – a estructura xeral do poema – perdeu para nós interesse. O “zéjel” passou de momento para segundo têrmo. O primeiro têrmo e o interesse é ocupado polas “jarŷas” (palabras que, despois das de Dámaso Alonso arriba transcríptas, non necessitam aclaraçón, dado que venhem a confirmar as suas intuiçóns). “Nas “jarŷas” românces podemos ver unha milagrosa supervivênça da poesía românce preexistênte às “muwassahas” de que falaba Ribera”. “¿Como era esta poesía lírica ao estilo dos cristáns? Para mim – que aceito a sua supervivênça nas “jarŷas românces” e a utilizou aquí como hipôtese de trabalho – era unha poesía em pezas sumamente curtas, como as “jarŷas” às quais alúdo: cançóncinhas de dous, três, quatro e de muitos poucos versos mais, de aire popular e tôm lírico. O que foram tán breves non resulta raro. Todavía hoxe a poesía popular espanhola, em quase todas as rexións, se expressa em “coplas” de estas dimensóns, como antes estivo repressentada polo que chamamos “villancicos”.

J. L. ALBORG

AS FONTES DA FILOSOFIA ESTOICA

Como xá dissemos, a história do estoicismo divide-se em três fases. As duas primeiras: -a antiga (século III a. C.), e a média (séculos II e I a. C.). Quase que non se conservam textos orixinais, e todo o nosso conhecimento está reducido às referências de autores posteriores. O lamentábel estado de conservaçón das testemunhas, aliás decissivo na explicaçón do actual esquecimento a que o estoicismo foi votado, foi, felizmente, atenuado por três circunstâncias favoráveis (se bem non para aqueles que as viveram, polo menos para a posteridade). Forom encontrados papiros em Herculano, cidade romana da rexión da Campânia (ao sul da península itálica) que, tal como Pompeios, ficou subterrada no ano 79 d. C., debaixo de cinzas, lama e lava provenientes da eupçón do Vesúvio, e que foi descoberta em 1738 durante unha escavaçón. Em segundo lugar, existem as citaçóns dos escritores posteriores (Plutarco, Galeno, Cícero, Dióxenes Laércio e muitos mais) que, muitas vezes, expôem as suas ideias estoicas sem as atribuírem a um autor em particular, dificultando, dessa maneira a compreensón da evoluçón orgânica do estoicismo e, polo contrário, favorecendo unha percepçón sincrónica, isto é, como unha doutrina unitária. Em terceiro lugar, contamos com as informaçóns indirectas, comentários breves e de passaxem, que non podemos considerar citaçóns literais, nem exposiçóns sérias, tanto nos autores mencionados como noutros. Este é todo o material de que dispomos para conhecer as ideias dos três primeiros séculos do estoicismo. Citemos Long para unha avaliaçón destes materiais: “Teria sido desexábel especificarmos as contribuiçóns dos diversos autores mas, em muitos casos, a tarefa revela-se impossíbel; é mais certeiro dizer-se (tal era o ponto de vista xeral estoico sobre a virtude) do que (Zenón assim o formulou) ou (o ponto de vista de Crisipo era o seguinte)”. Por conseguinte, o estoicismo antigo e médio non se pode especificar muito mais do que aquilo que apresentamos adiante, nomeadamente as linhas méstras da sua doutrina.

J. A. CARDONA

MARÍA SOLIÑA (1)

Nos séculos XVI e XVII, numerosas mulheres de cangas forom xulgadas polo tribunal do Santo Ofício (Inquisiçón) por suposta “bruxaría”. Hoxe em dia sabemos que acabarom confesando atrocidades à força de espantosos tormentos, víctimas das invençóns dos inquisidores. A mais lembrada é, probabelmente, María Soliña. Foi condenada alá polo século XVII pola Santa Inquisiçón, acusada de bruxaría. Aínda que se sabe que nasceu no ano 1551, na própria vila de Cangas, a data da sua morte desconhece-se, non existe partida de defunçón. Este último punto, ofertou à imaxinaçón popular as assas necessárias para criar a personáxe nunca morta de María Soliña. Sendo muito nova, María casou com Pedro Barba, um pescador da vila, que chegou a possuir, ademais da sua embarcaçón (unha dorna), unha empressa de manufactura de peixe. O matrimónio tivo filhos, ainda que se desconhece o número. A família Barba vivía nunha casa de dous andáres de pedra, no centro da vila, das típicas casas de patín de Cangas. María Soliña, por herança, possuía várias fincas. Pedro Barba e o seu cunhado, o irmán de María, tinham criádo unha empressa entrámbolos dous para pescar, manufacturar e exportar peixe da ría; mas, as possesóns mais importantes da família eram os dereitos de presentaçón desta mulher em várias capelas e freguesías da zona, entre elas na Colexiata de Cangas do Morrazo e na Igrexa de San Cibrán de Aldán, dereitos polos quais os sucessores dos fundadores destas podíam propor o seu titular cando quedara vacânte, e à sua vez participar dos benefícios que aquelas xerabam. Os dactos históricos assinálam que entre os anos 1599 e 1639 os corsários, que recebem este nome por terem liçênza real, e os piratas, que normalmente trabalhabam pola sua conta, sem que isto impéça, que repartam benefícios com as coroas, tanto de orixe holandesa, como françêsa. Atacam, assaltam e roubam as costas de Vigo e a península do Morrazo. Um memorial do procurador Xerónimo Núñez relata como no ano 1617 unha esquadra de piratas turcos chegou à ria de Vigo, desembarcando a dous mil homes em Cangas, entre punta Rodeira e punta Baleia. A vila foi saqueada e queimada. A “caza de bruxas” esteve directamente provocada polo empobrecimento xeral, que seguíu à invasón turca (informamos aquí, que há outra versón que culpa os militares, polos acontecimentos que perderom a María Soliña). A pequena nobreza viu descender as suas rendas de maneira alarmante, polo que buscaría por todos os meios os recursos necessários para manter o seu nível de vida.

COUSAS DE (REVISTA – VERÁN 2020)

HABERMAS (A ESFERA PÚBLICA)

Idealmente, a esfera pública constitui-se como um reino de liberdade. Sob esse foco, tudo se manifesta como é, tudo se torna vissíbel, nada é secreto. As luzes da razón iluminam o palco. O bem comum, a cousa pública, o obxecto de debate, é acessíbel a todos, ao conxunto da cidadania. O público, rexido pola transparência e pola prestaçón de contas, opón-se ao privado e ao particular. A esfera pública burguesa pode ser captada primordialmente como a esfera em que as pessoas privadas, particulares, se reúnem na qualidade de público que practica o xulgamento crítico para tractar dos assuntos comuns, fazendo uso da liberdade de opinión e da razón pública nos salóns ou noutros recintos dedicados ao encontro e debate. A argumentaçón através de sucessivas controvérsias, alimentadas por argumentaçóns cada vez mais rigorosas, irá cimentando unha opinión pública qualificada e decantando, também, determinados consensos políticos. O modelo de esfera pública burguesa contrapón-se ao conceito de “publicidade representativa”, que no texto designa os que representam unha autoridade – os monarcas, os nobres, o papa, o clero – valendo-se da teatralidade e da pompa ritual como formas de visibilidade perante um público que non delibera, antes assiste à representaçón, digamo-lo coloquialmente, de um modo “embasbacado”. Embora Habermas non o explicite, é inevitábel recordar os discursos de Hitler, ou de outros “Führers”, acolhidos com fanatismo polos seus seguidores. No Velho Rexime, o público compunha-se de súbditos de indivíduos tutelados polo rei ou pola Igrexa. Non tinham a opçón de lexislarem para si mesmos, isto é, non tinham deixado para trás a culpábel menoridade, denunciada por Immanuel Kant para assumirem a emancipaçón que esixe a cidadania e a democracia. Pensar por si mesmo e deixar para trás toda a tutela ou, por outras palabras, possuir unha autonomia pessoal, é um requisito fundamental para entrar na esfera pública discursiva. A publicidade representativa corresponde, pois, ao Velho Rexime. Mas este mesmo conceito pré-moderno irá ser recuperado por Habermas para se referir à perda da crítica severa e deliberativa no actual sistema político, em que a propaganda eleitoral, o cesarísmo dos líderes e as políticas de imaxem dos partidos optam polos métodos de “marketing”. Estes métodos, que actualmente denominaríamos populistas, xuntamente com os efeitos anestésicos e limitadores da demagoxia, anulam as possibilidades do debate público participativo, isto é, de unha autêntica deliberaçón política da cidadania. O importante aqui é que Habermas reaxe contra a ciência política empírica, elaborada sobre tudo nos Estados Unidos nos anos 50, em que a política começa a ser tratada como um mero mercado eleitoral. Em 1960, 88,8 por cento dos norte-americanos xá tinha televisor. O primeiro debate presidencial transmitido pola televisón realizou-se entre Nixon e Kennedy em Chicago, no ano 1960, e tivo um grande impacto. Um dacto curioso: os que virom o debate por televisón considerarom que Kennedy tinha vencido, enquanto os que ouvirom o debate pola rádio, acharom que o vencedor fora Nixon. A imaxem vencia o argumento. Os inquéritos eleitorais, a que agora estamos tán habituados, eram o producto-estrela desta tendência a que agora chamamos sondaxens. A preferência dos votantes era tratada como se fosse um qualquer producto ou mercadoria.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

CANCIONEIRO D’AXUDA (CCXXIX)

Amigos non posseu negar

a gran coita que damor ei ca

me veio sandeu andar e con

sandeçe o direi. Os ollos verdes

que eu ví, me façen ora an

dar assi.

Pero quem quer xentendera

a questes ollos quaes son

e dest alguen se queixara

mais eu ia quer moira qr no.

Os ollos verdes que eu vi.

Pero non devia perder

ome que ia o sen no a.

de con sandeçe ren dizer.

e con sandeçe digueu ia.

Os ollos verdes que eu vi.

.

CANCIONEIRO D’AXUDA (CCXXIX)

AURELIUS AGUSTINUS (OS MANIQUEÍSTAS COMO “OS BOLCHEVIQUES DO SÉCULO IV”)

Com o espírito inflamado polo convite de Cícero a procurar a sabedoria, Santo Agostinho deu os primeiros passos em busca da verdade com a leitura das Sagradas Escrituras, como non podia deixar de ser com alguém que tinha sido amamentado na pia relixiosidade materna. Mas as contradiçóns, a crueldade e o carácter fantasioso do texto non tardarom a decepcionar e a parecer ridículos ao xovem filósofo. Passada a decepçón, Agustinus encontrou, por fím, as certezas que a sua alma procuraba nas doutrinas pseudofilosóficas de unha seita oriental, que tinha alcançado um notábel sucesso entre os espíritos mais elevados do Império, os maniqueístas. Em particular, as doutrinas maniqueístas parecerom-lhe como um bálsamo que podia dar resposta à pergunta que o angustiava desde a sua conversón à busca da verdade: qual é a orixem das nossas malas acçóns? Deixaremos para mais adiante, a explicaçón das doutrinas maniqueístas. Para xá, o que nos interessa, do ponto de vista biográfico, é dar nota dos perto de nove anos, durante os quais Santo Agostinho foi membro da seita na condiçón de “ouvinte” (algo así como um catecúmeno, para o cristianismo). Foi um período da sua vida que lhe deixaria um importantíssimo legado conceptual, imprescindível para compreender a sua obra posterior, non só polo protagonismo destas doutrinas, como rival a combater, nos numerosos escritos polémicos do xá bispo católico, mas também pola influência subxacente de que Santo Agostinho nunca se libertou totalmente. Após o período de estudo em Cartaxo, no ano 375, Agostinho regressou brevemente à sua Tagasta natal, onde o recebeu, horrorizada, a sua devota nai, que acabaria por expulsá-lo de casa. Unha reacçón que non devemos estranhar, se tivermos em conta que Mónica era unha beata mulher do pobo e, que o seu rebento voltara da grande cidade com a cabeça cheia de ideias irreverentes e revolucionárias (para que se tenha unha ideia, há quem tenha definido os maniqueístas como “os bolcheviques do século IV”.

E. A. Dal Maschio

GALLEIRA (17)

A lenda de santa Eufemia, debe ao martírio a circunstância de que se a nomeie a cada instante. Consistem as suas ruínas nos restos das muralhas e montóns de pedras, acerca de cuxa disposiçón só se pode afirmar que, segundo Muñoz de la Cueva, “a certos sitios do val lhe chamam até hoxe (1700) as ruas de Santa Eufemia.” Chamam-na indistintamente xá Obobriga (Rivadavia), xá Calcedonia; que se o primeiro nome permite identificar o lugar do martírio na Galiza, permite á sua vez o segundo adxudicar à santa galega os feitos da calcedoniense. No que vam conformes, é em assinalar o lugar do martírio no terríbel despenhadeiro que se vê no alto da serra, que separa os rios Caldo e Limia, e em pôr cercanos ao precipício os vestíxios que todavía se conservam, da cidade na qual se confessou cristián, e foi por isso condenada Eufemia. Tudo naqueles lugares indica que estiverom sumamente poboados em tempos pre-romanos, que as ruinas das antigas cidades, tenhem que ser muitas, mas as que sinalámos na actualidade, e que por alí, debe por tanto buscar-se as da verdadeira Cinania. Abundam as tradiçóns e os monumentos também, a poesía os conságra, non lhes falta a lembrança dos homes. De San Xoán de Baños (Bande) escrebe o Padre Sarmiento que há memória de que houbo perto unha poboaçón: “e é muito pressumíbel, afirma, que fosse no terreno de Santa Comba e Banhos, e que alí houbesse unha pousada da vía militar que vinha de Braccara para Astorga por Entrimo.” Algo mais, que unha simples mansón sería, quando se supón que de alí forom levadas as relíquias da arte romana, que aquel ilustre antiquário atopou na igrexa de Santa Comba, “antiga e pequena”, e que consistiam em “quatro columnas de alabastro de arquitectura romana”, así como outras várias pedras também de alabastro, que conhecidamente som alheias ao tempo e ao templo, em que forom encontradas. Das ruinas de Sales, que também se encontram naquelas comarcas, pode desde logo afirmar-se, que ainda som mais importantes: distíngue-se todavía unha rua e outros vários pontos ainda se conservam vissíbeis restos de antigas e non despreçábeis fortificaçóns. Nas lembranças populares, nas vidas dos santos e na história da igrexa de Ourense, comparte com santa Eufemia o interesse e a adoraçón dos fiéis, a virxe e mártir Santa Marinha. Os lugares em que viveu e padeceu, som os mesmos: só o nome é diverso. Armeá, da qual fixéron unha nova “Armenia” nas lendas da santa, está também na Limia. O P. Sotelo (Hist. de Galicia), afirma que num montículo do têrmo de Perrelos, (…) estaba unha cividade à que os naturais do lugar chamam “Armeá”; “non de grande circunvalaçón, mas para aqueles tempos fortíssima, assim por natureza como por arte, porque ainda permanecem em parte os vestíxios dos muros ao parecer inexpugnábeis. A meia légua avistamos outra cividade, à qual chamam Tarraco, em nada menos forte que a outra, e parece ser que poboarom as aldeias que estám nas faldas dos montes. Ainda existem vestíxios innumerábeis por estas montanhas, e muitos nomes gregos puros.”

MANUEL MURGUÍA

WITTGENSTEIN (LIBRE DA BURGUESIA ACADÉMICA)

De entre os pacientes interlocutores que Wittgenstein encontrou em Cambridge, há que destacar o filósofo George Edward Moore. Tal como Russel, apesar do obstinado carácter de Wittgenstein, Moore em breve reconheceu nele um xénio. Mas este professor também foi albo de dura crítica por parte de tán surpreendente alumno. Em certa ocasión, recriminou-o por centrar as aulas em ideias alheias e non desenvolver o seu próprio pensamento. Mais fundamental foi a sua relaçón com David Pinsent, um alumno de matemática com quem Wittgenstein viveu unha amizade com unha dimensón sentimental que afectou a âmbos. Além de poder discutir com ele o seu trabalho de lóxica, Wittgenstein encontrou em Pinsent alguém com quem partilhar a sua paixón pola música. Assistiram a numerosos concertos e até fizeram música xuntos (aparentemente, Wittgenstein assobiava cançóns de Schubert enquanto Pinsent o acompanhava ao piano). Pinsent acompanhá-lo-ia na sua primeira viáxe à Noruega em Septembro de 1913, onde Wittgenstein se dedicou a trabalhar no que mais tarde se transformaria no “Tractatus”. Decorrido o mês que ali passarom xuntos, Wittgenstein decidiu recluir-se durante dous anos algures na Noruega profunda, afastado de Cambridge (e de Pinsent, que non tornaria a ver), para poder desenvolver as suas investigaçóns lóxicas até às últimas consequências. Assim o fez, embora por menos tempo, dado que a Grande Guerra rebentou, surpreendendo-o enquanto visitaba a família durante o verán. Toda a vida estivo a ir e a vir de Cambridge. É óbvio que necessitaba do ar que lá se respiraba para dar os passos fundamentais no seu trabalho, quer fosse a discutir com professores e colegas, ou mais tarde, quando ele mesmo começou a dar aulas, a pensar em voz alta á frente dos seus alumnos. Mas logo sentía a necessidade de fuxir de lá para respirar mais profundamente um ar mais limpo, libre da burguesia académica, dos seus hábitos sociais e dos seus convencionalismos.

CARLA CARMONA

EM NOME DE GUILLADE (RAÍZ CRÍTICA-ETIMOLÓXICA DO NOME)

Unha vez mais, nos afundamos na vertíxem do nome de Guillade, a nossa primeira terra. Para mergulhar na poeira dos tempos, em busca da orixe désta palabra. “Guillade” – a inicial “gui”, parece non pertencer às falas prerromanas hispânas, segundo a sábia opinión de Corominas, opôndo-se désta maneira a unha orixem ibérica. “Gui” – podería significar “filón de mineral” ferruxinoso, dos explorados em minas, em contraposiçón aos pétreos que se chamam “veta”. “Guilla” – pedra pelada, pequena, de matéria quarzosa. Que vêm do antigo galego “aguilla”, de orixem incerto, pode que do latím vulgar “petra aquilea”, pedra aguda, aguillón. Que à sua vez, sería unha variante do latím clássico “aquileus”, que estaría relacionado com àgua. “Aguilla” – “pedras de àgua”, seixos; empregados nos empedrados dos poboados da montanha, para pavimentar as estradas, as ruas e as entradas das casas. Pedrinhas de cantos rodados, de arroios, regatos e ribeiros. “Aguilla” – grava, greda, seixo, seixárro, guierro, ferro e arro (que é um sufíxo prerromano de orixe remota). “Pedras Guillas” – “pedra aguillón”, pedra que fere como um aguillón, os pés dos caminhantes e os cascos dos animais. “Tu ó fonte, que marmurando / vás, entre guillas correndo.” (Tirso); “Nas cortes das serras, / solos arroios murmuram, / em brancas guixas e areias. (Calderon); “Mil cláusulas lisonxeiras / fai ó compás desta fonte, / cítara de prata e perlas, / porque som em trastes de ouro, / as guillas temperadas cordas.” (Quixote). Entrámos agora, dando um xiro da fortuna, nas bondades etimolóxicas da palabra. “Guilla” – do hispâno-àrabe colheita “gílla”, colheita copiosa, fartura em productos da terra, abundância de frutos. “Guillote” – colheiteiro, usufructuário, folgazán, aficcionado à guilla, acostumado a non trabalhar, avarento e egoísta. “Sempre vexo em casa guilla, / e abondo me farto eu.” Eu sei que o mundo falaba, com invexa com maldade, que ésta era unha terra de “guilla”, mas muitas das malas costûmes eram fruto da necessidade urxente, que levava a viver da coráxe. “Guilla” – desexo instintivo, atençón absorbida em algo, engano, mentira, chifradura. “Guinhar-se” – fazer o sinal dos malfeitores de caminhos, para fuxir, qual raposa ou beato santurrón. “Guillemo-nos” – escapemos, fuxámos, escabulhámo-nos, mas o melhor é escafeder-se chifradamente! Quando venham a Guillade, non tenham medo, non tenham medo da fama, que a fama às vezes difama, xente boa, xente honrrada!

LÉRIA CULTURAL