MONTAIGNE (MICHEL SEIGNEUR DE MONTAIGNE)

Som os anos em que no “Reveille-matin des François” se publicam pola primeira vez alguns fragmentos mutilados do “Discurso da Servidón Voluntária”. A segunda tentativa de imprimir o libelo de La Boétie no terceiro volûme das “Mémoires de L’Estat de France” do calvinista Simon Goulart non terá um destino feliz. Em 1577, as “Mémoires” que contêm o texto intacto do “Discurso da Servidón Voluntária” serám queimadas em Bordéus, na praça de l’Ombrière. Agora xá non resta qualquer legado daquela memória. A cunhaxem da famosa medalha que reproduz as insígnias de Montaigne rodeadas polo colar de San Miguel e a lenda de “Michel Seigneur de Montaigne” (no verso, a balança, com os pratos em equilíbrio e o lema “Je m’abstiens”) volta em Xaneiro-Febreiro de 1576. A nomeaçón, por parte de Henrique de Navarra, como xentil-home da câmara do rei chega no ano seguinte, mas começam também os primeiros ataques da “gravelle”, o problema das pedras nos rins que, como o seu pai, o torturará até à morte. Montaigne superou há pouco os quarenta anos e sente mais temor do que dor polos cálculos renais. O seu pai tinha morrido de unha nefrolitíase ( de pedras na bexiga) em 1568, ano dos dous horrores, xá que também perde unha filha. No ano seguinte, será a vez do seu irmán Arnaud, capitán de Saint-Martín, num acidente no “Jeu de Pomme”. Depois da sua morte, debido ao “affaire do colar” de ouro da sua propriedade, que apareceu na caixa-forte da mulher de Montaigne, nasce a suspeita de que tivesse sido amante da sua cunhada, Françoise de La Chassaigne. Antoinette de Louppe pretendeu a sua restituiçón, num acto público subscripto, além de polo notário, por ela própria, Michel e os seus dous irmáns. Em 1568, uns dez anos antes, parece detectar-se também a famosa queda do cavalo, aquela antecipaçón da morte que Montaigne descrebe no capítulo “Do Exercício”: sentia a vida languidescer e deixar-se ir, como nunha doce e infinita nostalxía. Lucrécio transforma-se no intertexto do capítulo e Montaigne insere cinco versos. Mas Lucrécio reclama Epicuro e, no seu exemplar da obra lucreciana, em referência à teoria dos átomos, Montaigne anota que, debido ao seu movimento acidental, non pode excluir-se que, na sua composiçón e recomposiçón, possa nascer “outro Montagne”.

NICOLA PANICHI

Deixar un comentario