Arquivos diarios: 08/12/2020

A PLENITUDE DOS SENTIDOS

Non respeitába-mos nada e chegába-mos a âmpliar as nossas correrias, quando chegabam os calores, até às praias de Salou e ainda mais abaixo. Alí estabam as raparigas “cursis” da burguesía catalán e algunhas mesetárias de meia alcúrnia; pouca cousa, pois o curso finalizaba em Xunho, antes de que o vrán se manifestára em todo o seu explendor. Alí ainda non tinha chegado o bikini, e os flecos de extranxeiría que se descolgabam desde a fronteira eram mínimos. Sexa verdade, ou traiçón da minha memória, Salou parecía-me o modelo d’unha burguesia decimonónica, um poboado no qual habitara um espírito transnoitado de um “noucentisme” de atrezzo. Quando nos cansába-mos de retozar por Salou, voltába-mos à praia da Universidade Laboral, abarrotada os Domingos por amas de casa gordas, oficinistas calvos e tripudos e nenos com méritos indiscutíbeis para ser assassinados. A esta praia tampouco chegabam as ordas do turismo. Só unha mareia suxa, de resíduos industriais e algum deságüe fecal. O melhor era quando unha tormenta enfurecía o mar e as ondas saltabam por cima da estrada e chegabam aos campos de desporto. Os alumnos do Eugénio D’Ors, que era o coléxio mais próximo da praia, saía-mos para ver o oleáxe encabritado. Como quase todos éramos de secano, da Castela dos pâramos e dos mares cristalizados, aquilo parecía-nos grandioso e espectacular. E ainda melhor, nas noites de calor e mar sosegado, quando o sangre se alborota e brama. Nessas noites, desafiando castigos e burlando interdíctos, algunhas raparigas escapabam dos seus dormitórios e corriam para a praia. Aquilo era o acabou-se da pândega; e o lugar onde desfaleciam as ondas, um lugar orxiástico e sagrado. Num beira-espuma e filigrana de corpos, tecendo um labirinto de xestos e susurros. Nunca sentím o silêncio tam fortemente como naqueles momentos, depois da tormenta de risas; nunca unha ordem tán intênsa como a que sucedía à desordem do “correquetepillo”; xamais as ondas suscitarom em mím, Sebastián Villegas Zapata, unha ideia tán perfeita de liberdade. A lúa rielando no mar, era a beleza absolucta, recomposta e rota a cada instante: era a plenitude dos sentidos.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO