Arquivos diarios: 01/12/2020

MARX (RHEINISCHE ZEITUNG)

Na década de 1840 tinha-se agudizado na Prússia o confronto entre o Estado feudal dos Junkers e as cada vez mais urxentes aspiraçóns da burguesia, o que levaria às lutas de 1848-1849. Como costuma acontecer, antes de chegar às revoluçóns sociais, o confronto manifesta-se na batalha ideolóxica, na agudizaçón dos debates político-xurídicos; e na modernidade, um dos seus focos eram sempre o debate sobre a censura, primeira arma que o poder instalado usa. A burguesia renana encabeçaba a rebelión antifeudal. No início de 1842, fundou em Colónia o “Rheinische Zeitung” (Gazeta Renana) para defender as suas posiçóns políticas e os seus interesses comerciais e industriais, confrontando o outro diário da cidade, o “Kölnische Zeitung”, de um catolicismo ultramontano, que olhaba e escutaba mais Roma do que Berlim. Os patrocinadores da “Gazeta Renana”, politicamente liberais e culturalmente esclarecidos, convidarom os “xovens hegelianos” para colaborar no xornal. Apoiado por alguns amigos, Marx entrou no xornal no Outono de 1841. Entregou-se com convicçón e, um ano depois, com vinte e quatro anos, seria nomeado director do diário mais importante das forças progressistas renanas. Marx começa a sua colaboraçón na “Gazeta Renana” com várias séries de artigos filosófico-políticos sobre os debates no “Landtag” (Dieta ou Parlamento) renano, sobre as leis que a rexión mais avançada e desenvolvida, mais liberal e aberta, de toda a Prússia aprobaba. A primeira série centrou-se no “debate sobre a liberdade de imprensa e publicaçón das actas da Assambleia dos Estados”. O mais interessante destes artigos é que, seguindo a esteira emancipadora de Rousseau, tende a ver o mal non só no “inimigo exterior” (o Estado-censor), mas também no “inimigo interior” (na servidón voluntária), na autocensura por interesses económicos. Diz-nos: “É verdade que o escritor debe ganhar a vida para poder existir e escreber, mas non deberia existir e escreber para ganhar a vida (…). A primeira liberdade da imprensa consiste (…) em estar libre do comércio. O escritor que degrada a imprensa à categoria de meio material, merece, como castigo dessa escravatura interna, a escravatura exterior, a censura; ou melhor ainda, toda a sua existência é xá um castigo”. Será unha constante em Marx procurar sempre duas apariçóns do inimigo da emancipaçón: unha visíbel, bem identificábel (neste caso o censor, o poder), e outra silenciosa, enraizada nos seus pares (neste caso nos xornalistas).

JOSÉ MANUEL BERMUDO