HABERMAS (DESVIRTUAR E PERVERTER)

O propósito de Habermas é, em suma, narrar o processo polo qual a esfera pública de debate e discussón – a que mais tarde chamará o Discurso, identificando-o com a deliberaçón – vai-se xerando, transformando e reestructurando para, no final, se desvirtuar e perverter. Em linha com a democracia de massas do século XX, a esfera pública vai perder o seu verdadeiro sentido emancipador e libertador. A decadência deste núcleo precioso da modernidade política – que Habermas define como o deber ser da democracia, o seu ideal – acontece debido ao predomínio de propósitos eminentemente manipulativos ligados a um exercício do poder autoritário e/ ou aos interesses dos grupos de pressón. Non debemos esquecer o papel da propaganda na ascensón nacional-socialista nem o papel que o “marketing” político desempenha nas campanhas eleitorais das democracias liberais, onde primam a imaxem e os “slogans” repetidos até à saturaçón. A participaçón política activa, o debate público e a deliberaçón, em que se ponhem à proba os argumentos, tanto na esfera pública informal (imprensa, associaçóns políticas, clubes de debates, etc…) como na formal (os parlamentos), irán perdendo o protagonismo face aos usos temidos da aclamaçón e do caudilhismo. A disciplina de voto nos parlamentos (pois é quase inexistente a possibilidade de discordar do sentido do voto imposto polas cúpulas dos partidos) pode ser vista como unha característica desta deterioraçón democrática. Habermas recupera da história e da socioloxía o tema kantiano do uso público da razón. Este é o núcleo duro, non só desta obra, mas de toda a traxectória teórico-política do nosso autor, que non recuará na defesa da “democracia deliberativa”. A sua aposta, contra ventos e marés, é o compromisso com a democracia.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

Deixar un comentario