AURELIUS AGUSTINUS (DA CARNE O DIÁBO E O MUNDO)

Depois de passar os primeiros dezassete anos de vida na pequena e remota Tagasta, a chegada à grande Cartago, onde um xovem fora da alçada paterna podia encontrar todo o tipo de distraçóns para o corpo e o espírito, debe ter causado unha profunda impressón em Agostinho, como ele próprio nos relata em “Confissóns”: “Cheguei a Cartago e por toda a parte retumbava um fervilhar de amores criminosos ao meu redor. Eu ainda non amava, mas xá desexaba amar (…). O amar e o ser amado pareciam-me a cousa mais doce, sobretudo se também fosse possíbel disfrutar do corpo da pessoa amada. E assim contaminaba a fonte da amizade com a suxidade da concupisçência, ensombrando a sua candura com a luxúria do Tártaro”. “Vim para Cartago e estralexaba à minha volta, de todos os lados a “sartago” (frixideira) dos amores criminosos.” No entanto, convém non dar demasiado crédito às haxiografias que nos apresentam a vida do santo antes da salvífica conversóm, como a de um desenfreado libertino. Além do impacto inicial, a descoberta dos prazeres da carne e do gosto polos espectáculos teatrais, que non há nada que xustifique o retrato de Santo Agostinho em Cartago como o de um Casanova da Antiguidade. Durante esses anos, hoube dous acontecimentos que tiveram importantes repercussóns na biografia pessoal e intelectual de Santo Agostinho. No plano pessoal, o futuro bispo conheceu a mulher com quem iria partilhar os quinze anos seguintes da sua vida e que lhe viria a dar o seu único a amado filho, Adeodato. Esta misteriosa figura é o exemplo máximo da tendência nada inocente do santo para cobrir de silêncio determinadas personaxens da sua biografia: apesar dos longos anos de vida em comum e de ser a nai do seu filho, Santo Agostinho pouco ou nada diz sobre ela. Inclusivamente, o seu nome permanece oculto. No âmbito intelectual, durante a sua estada em Cartago ocorre, primeiro, unha revelaçón e, mais tarde, um encontro que mudarám de forma decisiva o rumo da vida do santo. A revelaçón non é mais do que a leitura de Hortênsio, unha obra perdida de Cícero na qual o orador e político latino faz unha exortaçón à filosofia.

E. A. DAL MASCHIO

Deixar un comentario