MACHIAVELLI (REALPOLITIK)

Os críticos dividem-se entre os que consideram relevante conhecer as vidas dos autores e os que se limitam a centrar-se nas suas obras. Isto é especialmente certo no caso da teoria literária, onde a opinión xeneralizada tende a optar pola segunda postura: por acaso um romance (ou um poema) deixa de ser bom polo facto de o seu autor ser mala pessoa? Mas a tese anterior é muito mais discutida na história da filosofia. Neste caso, non só é necessário conhecer o contexto histórico em que as ideias forom concebidas e formuladas, como evidentemente também é conveniente confirmar que existe unha certa coherência entre a experiência biográfica de um pensador e os conselhos que ele nos dá. O contrário é unha impostura, unha alarmante mostra de hipocrisia intelectual. O exemplo paradigmático de que non se pode separar o relato biográfico de um filósofo da exposiçón do seu pensamento é Nicolau Maquiavel, pois a sua obra é um resultado directo – e non só reflexivo, mas também obxectivo – das vicissitudes da sua vida. Consequentemente, concebemos este primeiro capítulo como unha revisón dos momentos mais importantes da vida política do eterno secretário da xovem República de Florença. Vamos deter-nos em todas aquelas situaçóns que produziram unha profunda impressón em Maquiavel e que após unha ponderada reflexón, expressou sob a forma de máximas e aforismos. E vamos apresentar ambos os aspectos, experiência vital e recomendaçóns para a acçón, em simultâneo. O também xovem Maquiavel teve unha carreira política que podemos classificar como meteórica, sem receio de nos enganarmos. Non foi por acaso que, em pouco tempo, foi nomeado e promovido a um grande número de cargos de responsabilidade nas maiores instituiçóns de Florença. Isto permitiu-lhe acumular unha vasta experiência laboral, da qual aproveitou para retirar liçóns fundamentais que expressará posteriormente nas suas obras de teoria política. O seu âmbito de acçón foi, sobretudo, o dos assuntos exteriores e militares da sua cidade-estado. E, nisto, Maquiavel foi um privilexiado, pois privou com os principais actores da cena política internacional, muitos dos quais conheceu pessoalmente de forma prolongada: Luís XII de França, os papas Alexandre VI, Xúlio II, León X e Clemente VII, César Bórgia, o imperador Maximiliano II do Sacro Império Romano (a que hoxe chamamos Alemanha), o rei Fernando, o Católico. A partir da observaçón da forma de actuar de todas estas ilustres personaxes, das missóns diplomáticas que lhe foram atribuídas e das negociaçóns que sostivo com elas, o perspicaz florentino aprendeu como se debe comportar um monarca de sucesso. Sem desmerecer o nosso protagonista, o que non teria cada um de nós retirado, se tivéssemos participado em reunións como a cimeira dos Açores ou a da assinatura do Tratado de Versalhes, para referir apenas duas muito conhecidas?

IGNACIO ITURRALDE BLANCO

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