Arquivos mensuais: Agosto 2020

ANTÓN PÁVLOVICH CHÉJOV (5)

Em 1892 adqueriu a finca de Mélijovo, a uns treze quilómetros de Lopasnia, ao sul de Moscovo. Um lugar tranquilo, rodeado de bosques que lhe brindou a paz que buscaba para escreber, e onde reuníu aos seus amigos em agradáveis tertúlias. Também, como era tradicional nos propietários rurais de carácter liberal. Chéjov desarrolhou unha grande actividade cultural, prestou axuda médica gratuita à povoaçón local, edificou escolas e críou várias bibliotecas muito bem dotadas. No retiro de Mélijovo a obra de Chéjov alcanzou a plenitude artística. Os relatos desse período tenhem como protagonistas a homes de nobres aspiraçóns que a medida que passam os anos, ván corrompendo-se debido ao ambiênte provinciano no qual estám submerxidos, até degradar-se totalmente. Esta visón desesperanzada de unha realidade tríste, para a que o escritor non oferece soluçóns, motivou as reiteradas acusaçóns de indiferênça política. É certo que Chéjov se proclamou mais de unha vez como um home apolítico. Mas seria mais exacto afirmar que os programas dos partidos do momento non se correspondiam com o seu sentido da independência e com as suas esixências éticas. Mas precisamente essa falta de compromiso com as múltiples correntes políticas permitiu-lhe ser totalmente libre e meridiano nas suas críticas, dirixidas muito especialmente contra as ideias mais aceitadas polos intelectuais, como o tolstoianismo, com a sua abstracta non resistência ó mal; ou o populismo, que do seu período combativo, quando concitaba as simpatías da Russia democrática, só conservaba a palabraría altisonante e a práctica das “pequenas empressas”, substitutórias de empenhos renovadores mais profundos. Baixo este prisma habería que examinar os contos da década de 1890, sobre tudo da sua segunda metade. Neste sentido resultou do mais significativo a apariçón em 1892 da “Sala nº 6”, um relato que foi visto polos leitores atentos da época como unha representaçón alegórica da vida na Russia. O escritor Nikolai Leskov apuntou a seguinte testemunha: “A Sala nº 6 reproduce em miniatura todo o nosso ordem de cousas e o nosso carácter. A Sala nº6 está em todas as partes. É Russia”. Duas personáxes protagonizam a narraçón, cuxa acçón se desarrolha num manicómio provinciano. Grómov é um doente recluído na sala nº 6. A sua doênça foi motivada pola realidade circundante, realidade bassada na venalidade e na violência. Nón obstânte, o mal que sofre non apressenta as características xerais das enfermedades mentais. É o resultado de unha reflexón, de um desgaste da lucidez que se enfrentou à sinrazón social, a essa realidade que quase todos aceitan, convencidos de que non se pode câmbiar. É dizer, tráta-se de um mal surxido da impotência e da rebeldia. O seu médico e contertúlio, Raguin, vê as cousas doutra maneira. A sua saúde manifésta-se em que soube adaptar-se ao meio, que aceitou o mal como algo inevitábel. Admirador de Marco Aurelio, considera que a ordem das cousas debe ser soportado com passividade e sem protesta, tal como o preconizaba o ideàrio do imperador estóico. Mas, em realidade, detrás da doutrina de Raguin, escondía-se unha brutal indiferênça pola dor alheia. A diferênça da actitude de âmbos personáxes, ante o tema do mal, vai producir um choque inevitábel. Tán conmovedor que precipita os elementos ocultos que aninhabam no ânimo de Raguin: a assiduidade do trato com Grómov, fái-o suspeitoso de demência, motivo polo qual também vai ser recluído na Sala nº 6. Aínda que as circunstâncias deste desenlace parecem verdadeiramente excepcionais, Chéjov nos transporta até el de unha maneira lóxica e convincente. Agora, quando Raguin se encontra rodeado polos que sofrem, compreende que todo aquel que pretende colocar-se por encima do mal o único que fai é converter-se em cúmplice.

R B A EDITORES, S. A. BARCELONA

HABERMAS (A TRANSFORMAÇÓN ESTRUCTURAL DA VIDA PÚBLICA)

Qualquer iniciaçón ao pensamento de Habermas deberia partir da sua primeira obra, História e Crítica da Opinión Pública: A Transformacón Estructural da Vida Pública (1962). A sua importância radica na atençón que presta às orixens históricas burguesas do espaço em que se vai desenvolver a política. A esfera pública está relacionada com a xénese da autonomia do indivíduo, da liberdade e da igualdade, tanto como a autodeterminaçón colectiva, isto é, com a própria democracia. Na sua reconstruçón histórica do devir da esfera pública durante os séculos XVIII, XIX e XX, Habermas analisa as suas diferentes fases. História e Crítica serve de relato fundacional com o obxectivo de avalizar a própria possibilidade do que, muitos anos despois, Habermas denominaría “democracia deliberativa”. Esta obra tem um evidente carácter histórico e sociolóxico, com contributos da literatura, da ciência política e, claro, da filosofia. Habermas revela-se aqui xá como um autor interdisciplinar. Executa um rastreio histórico do tema fundamental: a emerxência, esplendor e decadência do espaço público que se iniciou com os salóns literários do século XVIII. Tal esfera, a sua orixem e o seu desenvolvimento, decorre em paralelo com a emerxência do ideal moderno de autonomia pessoal e da nova ordem política após a queda do “Antigo Rexime” na Europa. Habermas remonta-se aos séculos XVIII e XIX e, posteriormente, detém-se no século XX, onde se posiciona para descrever o que vai considerar o declínio da “esfera pública”, a sua decadência, e o seu ocaso, baixo a influênça dos meios de comunicaçón de massas e da mercantilizaçón eleitoralista da política.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

A REALIDADE E A SUBSTÂNCIALIDADE DO ÉTER LUMINÍFERO (F-44)

Maxwell foi disuadido de publicar esta ideia nos “Proceedings of the Royal Society” polo seu editor, que non acreditaba que a experiência puidera funcionar. Mas em 1870, pouco antes de morrer aos quarenta e oito anos de um doloroso cancro de estómago, Maxwell enviou unha carta sobre este tema a um amigo. A carta foi publicada postumamente na revista “Nature”, onde foi lída, entre outros, por um físico norteamericano chamado Albert Michelson. Inspirado pola expeculaçón de Maxwell, em 1887 Michelson e Edward Morley levarom a cabo unha experiência muito senssíbel desenhada para medir a velocidade com que a Terra viáxa com respeito ao éter. A sua ideia era comparar a velocidade da luz em duas direcçóns diferentes, perpendiculares entre sí. Se a velocidade da luz com respeito ó éter tivéra um valor fixo, essas medidas deberiam revelar velocidades da luz que diferiríam segundo fora a direcçón do chorro. Mas Michelson e Morley non observarom ningunha diferênça. O resultado do experimento de Michelson e Morley, está claramente em contradiçón com o modelo de ondas electromagnéticas que viáxam através de um éter, e debería ter feito que o modelo do éter fora abandonado. Mas o obxectivo de Michelson tinha sído medir a velocidade da luz com respeito ao éter, mas non demonstrar ou refutar a hipótese do éter, e o que encontrou non conducíu à conclusón de que o éter non existira. Ningúm outro investigador chegou, tampouco, a dita conclusón. De feito, o cérebre físico William Thomson (lord Kelvin) afirmou, em 1884, que “o éter luminífero é a única substância da qual estamos seguros em dinâmica. Unha só cousa temos por certa: a realidade e a substâncialidade do éter luminífero”. ¿Como se podia acreditar no éter apesar dos resultados adversos da experiência de Michelson e Morley? Tal como afirmamos que a miúdo ocurre, a xente intentou salvar o modelo mediante adiçóns artificiosas e “ad hoc”. Algúns postularom que a Terra arrastaba consigo o éter, de maneira que na realidade non nos movemos com respeito a el. O físico holandês Hendrick Antoon Lorentz e o físico irlandês Francis FitzGerald suxerirom que em um sistema de referência que se movera com respeito ao éter, e probabelmente por algúm efeito mecânico ainda desconhecido, os relóxios retrasariam e as distâncias encolheriam, de maneira que sempre se mediria que a luz tem a mesma velocidade. Os esforzos para salvaguardar o conceito de éter continuarom durante quase trinta anos, até um notábel artígo de um xovem e desconhecido empregado da oficina de patentes de Berna, Albert Einstein.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

NIETZSCHE (INCIPIT ZARATUSTRA)

Tentando estabelecer o que nos diferencia do resto dos animais, o ser humano tem sido definido tradicionalmente como “animal racional”, “animal social”, “animal relixioso”, “animal simbólico”, etc… Nietzsche, polo contrário, prefere falar de um “animal fantástico”: para habitar o mundo, os seres humanos necessitam de fabricar ficçóns ou ilusóns. Recordemos que “Fântaso” era um dos deuses gregos responsábeis polos sonhos. Nesta perspectiva, a morte de Deus é unha perda terríbel: esfuma-se a nossa “criaçón poética” mais importante, a mais útil, a que nos daba maior abrigo. Mas trata-se também de unha ocasión única: libraría-mo-nos da ficçón que mais nos disminúi, a mais venenosa. Os “animais fantásticos” están finalmente em condiçóns de inventar novas ficçóns que por fim sexam feitas à respectiva medida. Nós os órfáns de Deus, temos unha oportunidade histórica de conquistar a autonomia perdida, de devolver ao ser humano o que durante milhares de anos ofertámos à divindade. Como insinuaba o louco da lanterna, para sermos dignos da morte de Deus temos de “nos transformar em deuses”. Mas non se trata de por outra cousa no lugar que Deus ocupaba ( a Humanidade, a Razón, o Progresso, a Naçón, etc… ). Trata-se de que cada um de nós se transforme num Deus. Face ao monoteísmo de raiz cristán, Nietzsche propón o politeísmo mais extremo. A morte de Deus é unha má notícia para os conservadores e para os fracos de vontade. Para os espíritos libres, por outro lado, trata-se da mais fabulosa das notícias. Ao nihilismo passivo e negativo, próprio da modernidade, Nietzsche contrapón um nihilismo activo e positivo, o nihilismo de quem desexa destruir o velho mundo para poder criar unha nova ordem à medida do home; de quem se atreve a levar o nihilismo até ao fim porque sabe que é a única maneira de sair dele. O nihilismo de quem quer eliminar o “erro” da metafísica e com isso pôr a zero o contador da história da cultura ocidental; de quem desexa assistir ao começo de “unha história mais elevada do que todas as histórias que hoube até agora”, como dizia o louco da lanterna. Para estes espíritos audazes, o mundo orfán de Deus xá non aparece como um território sem mar, sem horizonte e sem Sol. Perante os seus olhos apresenta-se um novo e extraordinário amanhecer. veem como a manhám do nihilismo avança rumo a um grande meio-dia: “Meio-dia; instante da sombra mais curta; fim do erro mais longo”. E sob o céu, abre-se um mar imenso: “Aí está o mar, o nosso mar, aberto de novo, como nunca”. Os seus barcos “están dispostos a zarpar, rumo a todos os perigos”. Por fim, chegou o momento: “ponto culminante da humanidade; INCIPIT ZARATUSTRA (começa Zaratustra)”.

TONI LLÁCER

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HESÍODO II)

A data da actividade poética de Hesíodo é algo muito debatido, mas pouca dúvida pode haber de que se sitúa nalgúm momento do final do século VIII. a. C. El mesmo nos conta como ganhou um prémio de poesía nunha competiçón, em Calcis, nos xogos funerários de Anfidamas, um calcídio morto nunha batalha naval da guerra lelantina. Esta famosa guerra, que levou a unha parte tán importante de Grecia a aliar-se que está exceptuada do desprezo xeral de Tucídides polas campanhas da Grecia arcaica, entablou-se entre as cidades eubeas de Calcis e Eretria pola possesón da planície de Lelanto que se extende entre ambas. O limíte superior da sua data viria dado portanto polas empressas coloniais presuntamente amistosas nas que se embarcarom conxuntamente ambas cidades em Calcídia e no oeste em Pitecusa e Cumas. E o limíte inferior queda indicado polo feito de que Aristóteles afirma que foi unha guerra de cabalaria à antiga usança, por tanto, será anterior ó advento dos hoplitas e das tácticas de falanxe, 700-680. Hoxe temos confirmaçón arqueolóxica désta data: o establecimento da colina de Xerópolis, perto de Lefkandi em Eubea, no extremo oriental (erectreio) da planície de Lelanto, foi destruida sem reocupaçón pouco antes do 700 a. C., trás unha ocupaçón constante desde finais da Idade do Bronce. O funeral de Anfidamas e a victória de Hesíodo dan-se, por tanto, no último terço do século VIII a. C. Conta-nos, que o seu pai, deixou a cidade eólica de Cime para ir à Grecia continental: “Assím meu pai e também o teu, grande nécio Perses, acostumaba embarcar-se em naves necessitado do preciádo sustento. E um dia chegou aquí trás um largo viáxe polo ponto abandonando a eólica Cime na sua negra nave. Nom fuxía do bem estar nem da riqueza ou da felicidade, senón da funésta pobreza que Zéus dá ós homes. Estabelecendo-se perto do Helicón nunha mísera aldeia, Ascra, mala em inverno, irresistíbel no vrán e nunca boa.” Non se explica que o pai de Hesíodo deixára a Ásia pola menos fértil e aparentemente superpoboada Grecia continental. Mas é de notar que a data da sua mudança, que debeu de dar-se por 750 ou algo despois, cai dentro do mesmo período em que outros, eles mesmos mercaderes marítimos, estabam deixando Cime para compartir com os eubeos a colonizaçón de Cumas em Campania. O pai de Hesíodo converteu-se, segundo as testemunhas, em granxeiro, porque o poéta e o seu irmán receberom unha herdânça agrícola. A magnitude désta empressa agrícola viu-se às veces românticamente rebaixada. De feito, “Os trabalhos e os dias”, presupónhem mais bem que eram facendados, e nón modestos campesinos. O granxeiro non trabalhaba só, senón que podia empregar um amigo, assím como escrávos: “tem um galhardo labrador libre, de quarenta anos de idade, para acompanhar o arado, e um rapaz escrávo para deitar as sementes, xunto com unha criáda para a casa. Em quanto a animais de tiro, tem bois e mulas de arar. Por outra parte, non pode permitir-se supervisar simplesmente o trabalho de outros: também debe participar”. A pesar de todas as pretensóns de pobreza de Hesíodo, a vida em Ascra non pode haber sido demasiado incómoda. Conservá-mos três poêmas com o nome de Hesíodo, xunto a unha lexión de fragmentos de outras obras que lhe forom atribuídas na antiguidade; todos están compostos em hexámetros dactílicos e na fala convencional da épica. Dos três que se conservam, um, “O Escudo de Heracles”, é indubitábelmente espúrio e probabelmente pertence ao século VI. Dos outros dous, os mais sevéros dos críticos antigos só concediam que fora de Hesíodo “Os Trabalhos e os dias”. Mas o poéta é nomeado na “Teogonía”, e requere certo retorcimento interpretar o contexto de tal maneira que se negue que o poéta se está nomeando aquí a sí mesmo. Mais ainda, apesar da disparidade xeral das suas matérias temáticas, os dous poemas oferecem versións do mito de Prometeo que, como mostrou Vernant, engranam a unha com a outra, e a sua estreita relaçón em quanto a linguáxe, métrica e prosódia, por unha parte, sitúa-os noutra esfera da de Homero, e, por outra da do “Escudo”.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)

AURELIUS AGUSTINUS (AGOSTINHO O MANIQUEÍSTA)

As virtudes e as fraxilidades da educaçón recebida tiveram consequências duradouras no desenvolvimento do pensamento de Santo Agostinho. Antes de tudo, e de forma muito significativa, Agostinho será “o único filósofo latino da Antiguidade que practicamente desconhecerá o grego”, o que non é unha questón menor se tiver-mos em conta que, ao longo de todo o Império, o grego continuou a ser a fala do saber e, sobretudo, da ciência e da filosofia. Em comparaçón com muitos dos seus antecessores e non poucos dos seus contemporâneos, Santo Agostinho tivo um conhecimento mais escasso, e quase sempre indirecto, das grandes filosofias do passado. Em contrapartida, a educaçón recebida deu-lhe um arsenal rectórico do qual se iria servir, sem contemplaçóns, nas polémicas teolóxicas com os seus adversários e na sua actividade pastoral (sermóns) e propagandística.

E. A. DAL MASCHIO

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (105)

DA ENTRADA DO SOL NOS SIGNOS DO ZODÍACO CADA MES

Xaneiro 21, entra o Sol no signo de Aquário. O mal das canas das pernas é perigoso durante todo este mês, que é quando o signo domina e a purga resulta indiferênte, mas a sangria é benificiosa. Febreiro 19, o Sol entra em Piscis. Portanto este mês é perigoso para o mal dos pés, a purga é boa e a sangria indiferênte. Marzo 21, o Sol entra em Áries. Este mês enxendra maus humores e dolência na cabeza perigosa, a purga é mala e a sangria boa. Abril 20, o Sol entra em Tauro. É muito saudábel purgar-se neste mês, qualquer mal da garganta é perigoso, purgas e sangrias están desaconselhadas baixo este signo. Maio 21, o Sol entra em Xéminis. Neste mês, qualquer dano nos brazos resulta perigoso, e muito mais se é produzido por ferro, a purga é indiferênte e a sangria é mala. Xunho 23, o Sol entra em Carangexo. Em este mês, som perigosas as doênças nos peitos, estómago e figado, as purgas som boas e as sangrias indiferêntes. Xulho 23, o Sol entra em Leo. As ânsias e dolênças do corazón durante este mês som perigosas. Também as purgas, sangrias, banhos, e o dormir ao meio dia, por todo este mês som perigosos. Agosto 24, o Sol entra em Virgo. Neste mês acostûma-se a fazer as passas de figos. Também resulta danosinha, a companhia de mulheres, o sonho de meio dia e o banho non é aconselhábel. As purgas e as sangrias, tanto neste mês, como quando este a Lua, non se debem tomar salvo grande necessidade. Septembro 22, o Sol entra em Libra. Durante todo este mès, é boa a sangria. Qualquer mal nos rins e nalgas resulta perigoso. Na Lua minguante deste mês podem-se colher uvas para colgar (há que colhê-las na forza do Sol). As purgas durante este signo som indiferêntes, mas as sangrias som beneficiosas. Outubro 24, entra o Sol em Scorpio. Neste mês colhem-se as castanhas e as noces, etc… Toda ferída neste mês é dificultosa de curar, e muito mais as das partes ocultas. As purgas som boas e as sangrias malas. Novembro 23, entra o Sol em Saxitário. Este mês é bom para banhos e sangrias, e para curar qualquer dolência, pois o mal nas pernas é perigoso, e nesta terra ainda mais por ser húmida. Decembro 22, o Sol entra em Capricornio. As dolências das rodilhas som perigosas. As purgas e as sangrias neste signo som malas. Advirta-se, que esta é a entrada do Sol nos Signos do Zodíaco, que duran um mês enteiro, por exemplo: Abril 20 Tauro, quere dicer, que a 20 de Abril entra o Sol no signo de Tauro, e anda até ao 21 de Maio quando entra em Xéminis que é um mês enteiro, mas a Lua como recorre todos os signos do ano num espaço de 28 dias, non demora mais que dous dias, dous dias e meio, e poucas vezes três dias, em cada signo. Ó fim de cada mês, afirmamos se a purga e a sangria é mala ou boa, mas entende-se que se em qualquer dia que queiramos tomar a purga ou efectuar unha sangria, estivéra a Lua em signos ígneos sería malo. E se estivéra em signos aqüeos, sería óptimo. Os meses que som bons para purgas e sangrias, se marcam a seguir ao signo, ademais á que ter em conta que a Lua esté em signos de àuga. Vexa-se a tábua das régras seguintes, dos dias em que a Lua anda em cada signo, e das partes do corpo que dominam.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

WITTGENSTEIN (ENTRE VIENA E CAMBRIDGE)

Wittgenstein chegou a Cambridge em 1911 para estudar com o filósofo, grande matemático e lóxico Bertrand Russell, seguindo o conselho de um dos maiores lóxicos da história, Gottlob Frege, a quem foi visitar a Jena para comentar com ele as suas ideias para um libro de filosofia que tinha escrito em Manchester e que Frege ignorou totalmente. Wittgenstein tinha 22 anos. Em Russell encontrou um interlocutor à sua altura. Precisamente no ano anterior tinham sido publicados os seus “Principia Mathematica”, unha obra capital de lóxica, que tentaba partir de um conxunto de axiomas, isto é, de uns princípios lóxicos fundamentais, os conhecimentos matemáticos elementais. Naquela altura, Russel, esgotado polo esforço intelectual que a sua grande obra tinha representado para ele, começava a escreber libros de divulgaçón filosófica, convencido da importância de difundir as suas ideias sobre temas que iam para além do campo da lóxica. A intrusón de Wittgenstein na sua vida teve lugar no momento oportuno, unha vez que este demonstrou rapidamente ter capacidade para prosseguir o seu trabalho. Porquê falar de intrusón? Porque Wittgenstein non deixou de requerê-lo: em aula discutia persistentemente o que Russel apresentaba e, frequentemente, essas conversas continuavam durante horas, até mesmo na casa de Russell, às vezes sem o beneplácito de tán consagrado interlocutor, xá catedráctico de Lóxica Matemática do prestixioso Trinity College e com fama internacional. Wittgenstein rapidamente passou de querer convencer Russell de que servia para a lóxica, a ser unha figura com a qual este se identificaba e da qual necessitaba de aprobaçón. Era unha relaçón complexa que sofreu muitos altos e baixos; teve momentos de unha profunda amizade e ocasións nas quais Wittgenstein chegou a desprezar explicitamente o trabalho e as capacidades de quem outrora fora seu mentor. Por exemplo, recriminaba Russell por este falar com inexactidón, na sua obra de divulgaçón, sobre assuntos de carácter íntimo, como a experiência do transcendente. De facto, com o “Tractatus”, Wittgenstein quixo delimitar lóxicamente a linguaxem filosófica para que esta non pudesse penetrar em terrenos dessa índole.

CARLA CARMONA

EM NOME DE GUILLADE (REIMONDE)

Segundo diferentes autores, o dito topónimo, provem do nome próprio: Reimundus I, que na consabida evoluçón, máxime, com a influênça xermánica, e o seu passo polo romance: Raimundo, Raimonde, chega-se fácilmente à actual: Reimonde. O sábio, P. Sarmento, tem a esta clásse de nomes quando se aplicam a lugares, como pequenos territórios (bairros ou possesóns) pertencentes a um nobre ou distinguido senhor de esse nome: Raimundo, Reimonde. Senhorio ou terras de Reimundo ou Reimonde.

X. Martínez Tamuxe

Bibliografia consultada: Diccionário Latino-Español Etimológico, de Raimundo de Miguel. Toponimia Gallega y Leonesa por A. Moralejo Lasso (Santiago, 1977). Puenteareas. Notas históricas y Etimológicas, de Mariano Piñeiro Groba (Puenteareas, 1941). Diccionário Español Etimológico, de Felix Diez Mateo (Bilbao, 1972).

PASCAL (A SEGUNDA CONVERSÓN)

A finais de 1654, com 31 anos acabados de fazer, Pascal sofreu unha profunda melancolia que o afastou do seu novo círculo de amigos e puxo fim a dous dos propósitos que tinha planeado para o seu futuro imediato: casar e obter um cargo público. O seu estado de espírito levou-o a pechar-se em si mesmo e a única cousa que se permitia eram as visitas à irmán no Convento de Port-Royal. O estado anímico de Pascal era um mistério, unha cousa que estaba a acontecer no seu interior que o afastava de tudo e o levava a pensar na relixión com mais profundidade. Aquela tristeza mudou algunhas cousas em si, mexeu com ele, e por fim terminou debido a unha experiência mística que ele próprio deixou por escrito: “Ano da graça de 1654./ Segunda-feira, 23 de Novembro, dia de San Clemente, papa e mártir, e de outros no martirolóxio,/ Véspera de San Crisógono, mártir, e de outros./ Desde cerca das dez e meia da noite até perto de pouco depois da meia-noite./ Fogo / Deus de Abraán, Deus de Isaac, Deus de Jacob, non dos filósofos e dos sábios. / Certeza, certeza, sentimento, alegría, paz. / Deus de Jesus Cristo / Deum meum et deum vestrum. / O teu Deus será o meu Deus./ Esquecimento do mundo e de todos, menos de Deus./ Só o encontramos através dos caminhos assinalados no Evanxelho,/ Grandeza da alma humana./ Pai xusto, o mundo non te conheceu, mas eu conheci-Te./ Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria./ Eu separei-me d’Ele./ De reliquerunt me fontem aquae vivae./ Meu Deus, abandonar-me-ás?/ Que non me separe de Ti eternamente!/ Esta é a vida eterna, que Te conheçam como o verdadeiro e único Deus, e aquele a quem Tu enviaste, a J.C./ Jesus Cristo./ Jesus Cristo./ Eu separei-me d’Ele, fuxí d’Ele, renunciei a Ele, crucifiquei-O./ Que eu nunca sexa separado d’Ele!/ Só o mantemos através dos caminhos assinalados no Evanxelho./ Total e doce renúncia./ Etc. / Submissón total a Jesus Cristo e ao meu director./ Eternamente em alegria por um dia de exercício na Terra. / Non obliviscar sermonestuos. Ámen.” Este breve texto é conhecido como o “Memorial”, e foi encontrado num lugar curioso e de maneira fortuita.

GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE

LITERATURA CASTELÁN (12)

O Poema de mío Cid, é o primeiro monumento escrito que se conserva da épica medieval (practicamente o primeiro da literatura castelán, se exceptuamos os balbuciantes restos da lírica à que xá aludimos). O feito de haber perdido todas as xéstas anteriores, pertencentes à época de formaçón, deixou como pórtico de entrada da nossa história literária esta obra que supón unha autêntica cûme, non só dentro do seu xénero, senón com valor absolucto, e representativo, pola anhadidura, de muitos carácteres que vam a ser consubstânciais à literatura castelán. O Poema foi desconhecido até que em 1779 o publicou Tomás Antonio Sánchez no seu volume I da sua Colección de poesías castellanas anteriores al siglo XV. Menéndez Pidal dedicou-lhe estudos completíssimos e definitivos, e tudo quanto se poida dicer da obra non pode ser senón resume das suas conclusóns. O Poema chegou até nos em cópia única, feita em 1307 por um tal Per Abbat, mas sería composto por 1140. Consta de 3.730 versos, e ao códice que o contem faltam-lhe a folha do princípio e duas mais no interior. Menéndez Pidal reconstruíu e texto destas faltas tomando-as da prosificaçón do Cantar feita na Crónica de Veinte Reis, versón quase idéntica à copiada por Per Abbat. Nada se sabe sobre a pessoa deste, aparte do feito de que figura o seu nome em outros varios documentos da época, mas tampouco é possíbel precisar se a palabra Abbat indica um apellido ou unha dignidade relixiosa. Ignora-se quem foi o seu autor, desde os seus primeiros estudos Menéndez Pidal estabeleceu que poderia tratar-se de um xograr de Medinaceli ou dos seus arredores (…) O autor do poema, ainda que menciona cidades de toda a península e descrebe itenerários que coincidem em parte, com as grandes vías romanas, só dá pormenores topográficos que revelam um directo conhecimento do caminho secundário, que conducía de Burgos a Valência, mas sobre tudo dos arredores de Medinaceli.

JUAN LUIS ALBORG

RAWLS (A LEXITIMIDADE POLÍTICA NO CONSENTIMENTO DOS CIDADÁNS)

Com estes alicerces e obxectivos, Rawls consolida a argumentaçón para chegar aos princípios da xustiça. Para isso, recupera a tradiçón do contracto social como enquadramento teórico de referência do acordo político. Essa tradiçón, que nos leva a filósofos como Hobbes, Locke, Rousseau e Kant, procura a lexitimidade política no consentimento dos cidadáns a partir da assignatura de um contracto hipotético no começo da vida em comum. Contudo, o contractualismo de Rawls é diferente do dos seus ilustres antecessores. Thomas Hobbes imaxina um estado de natureza inicial em que os indivíduos som igualmente libres de fazerem o que lhes apetecer, o que é bastante contraproducente para todos eles, porque acabam por viver num estado de permanente insegurança, sempre expostos à violência, xerada polos desexos opostos de uns e de outros. Neste hipotéctico ou suposto estado em que o homem é o lobo do home (“homo homini lupus”, como escrebe Hobbes na célebre expresón latina tirada de Terêncio), a intelixência natural considera racional chegar a um acordo para ceder grande parte da liberdade a um terceiro que vexa pola segurança pública, mantendo afastados os lobos humanos e garantindo assim a paz e, com ela, a possibilidade de tirar partido da cooperaçón social e económica. O preço a pagar, como destacam os críticos, é que o terceiro em discórdia, a quem se cede a liberdade em troca da segurança, o Estado ou Leviatán, acumula um poder enorme que se pode virar contra os teoricamente protexidos por ele. John Locke pretende evitar essa circunstância negativa fundamentando o pacto social nos princípios éticos que considera naturais: a liberdade e a igualdade, que están por encima da vontade do Leviatán, de modo que se este se excede nas suas prerrogativas, os cidadáns, em nome da “Liberdade natural” violada, podem quebrar, através de unha revoluçón, o pacto social orixinário com o obxectivo de criarem outro que respeite mais a liberdade orixinal. Como salienta Locke, o consentimento que os indivíduos atribuiem ao contracto social acaba por ser tácito. Non há necessidade de os cidadáns aprovarem o contracto orixinal se acabam por beneficiar-se dele. Assim, sem unha aprovaçón explícita o contracto pode funcionar como um álibi para encobrir benefícios desiguais segundo determinadas posiçóns sociais e económicas privilexiadas e pouco xustificadas.

ÁNGEL PUYOL

EM NOME DE GUILLADE (PAZOS)

Topónimo, também expressivo que, em qualquer tratado desta matéria, tem unha clara definiçón, tanto “Pazo”, como “Pazos”. Segundo a opinión mais comúm, encontram a sua orixem etimolóxica, na palabra latina: “Pallatium” (significando: Palácio, casa da nobreza, casa senhorial, casa principal, casona de família acomodada da Galiza, maiormente despois do século XVI). De aquel vocábulo: Pallatium, por diferentes câmbios (na evoluçón filolóxica) através dos séculos, foi dar em: Palácio, Pacio, Pazo. Assím pois, Pazos, vem a recordar, ainda que actualmente non apareçam nem sinais, daquel senhorío. E, o certo é que vem a significar “lugar de Pazos”, onde, pois, em algúm tempo, existirom diferentes casonas, com escudos de armas ou nón, mas que sempre tinham portadas muradas, pombal e ciprés… Nos encontra-mos com documentaçón, onde aparecem diferentes famílias da nobreza na aldeia de Guillade, emparentadas com outras de Salvaterra e Pontareas. Ante esta classe de topónimos tán significativos (importantes e curiosos) em outros tempos, mas, hoxe valeiros daquel conteúdo, escrebe o autor francês E. Muret: “Muitos nomes polo seu desacordo com o estado actual dos lugares que os levam, entende-se que som valiosas testemunhas de um estado anterior de cousas”.

.

X. MARTÍNEZ TAMUXE

¡QUE NADA SE SABE! (37)

Decias onte com essa tua ciência perfeita, e assím desde fai xá muitos séculos, que toda a terra está rodeada polo Oceano, e a dividias em três partes que abarcabam a sua totalidade: Ásia, África e Europa. ¿Que vas dicer agora? Se descubrimos um novo mundo e cousas novas na Nova Espanha, ou nas Indias Ocidentais e Orientais. Afirmabas também que a rexión do Meiodia, situada ó lado do Equador, a causa do calor é inabitábel, mentras que, polo contrário, a causa do frío o é a rexión dos Polos, assím como as Zonas extremas. Mas, xá a experiência vei-o mostrar que ambas cousas som falsas. Vai fabricando outra ciência, pois xá a primeira resultou falsa. ¿Cómo te atreves entón a afirmar que as tuas proposiçóns som eternas, incorruptíbeis, infalíbeis, e que non podem ser de outro modo, tú, misérrimo verme, que a duras penas sabes que és, de onde veis e para onde vais, e nem sequera a duras penas logras sabê-lo? O mesmo cabe dicer de outras espécies, xá sexa de animais ou de prantas, conforme a sua diversa situaçón no mundo: em efeito, é tanta a desemelhança dentro de unha mesma espécie – como tú a chamas – em zonas fiferêntes, que poderás dicer que som espécies diferêntes, e o som. Mas, nem tú nem eu sabemos nada, posto que non conhecemos as formas de cada unha, polas quais se distinguem entre sí. Contribuie ademais à nossa ignorância de outras cousas o feito de que nos estexa prohibído acceder a elas. Bem por razón do lugar. bem do tempo, e este no caso da inmensa maioría. Disto as enormes dúvidas sobre o que acontece e sobre o que há no mar, nas entranhas da terra, nas alturas do aire e, finalmente, nos astros mais remotos. E non sem razón, pois todo conhecimento vem dos sentidos; e como estes non podem perceber tais cousas, tampouco em consequência pode haber ciência delas, inclúso muito menos que daquelas que están xunto de nós. Polo que respeita a estas últimas, non duvidamos de que existam, mas, respeito daquelas outras, dim-se muitas cousas cuxa existência non é patente nem a razón obriga a aceitá-las. Senón que inclúso obriga algunhas vezes ao contrário, tal como vamos afirmar no seu lugar. Também a este xénero de questóns pertencem as relativas á pluralidade dos mundos, ao que há fora do céu, e outras semelhantes. E nón é só isto, senón que, ademais, nas diversas partes da terra (que um só home non pode recorrer todas, ainda que se necesário), dada a variedade das cousas fai um momento aludida, existem diversidade de opinións entre os homes, sem que haxa ciência algunha.

FRANCISCO SÁNCHEZ

FADO (PAULO BRAGANÇA E DULCE PONTES)

Paulo Bragança, que tinha começado a cantar no Bairro Alto em 1988, edita o seu primeiro álbum em 1992, tentando chocar os puristas com a sua forma de vestir pouco ortodoxa no fado, tendo ficado conhecido por cantar descalço mas também por introduzir no fado novas influênças. O seu segundo disco, “Amai”, viria internacionalmente a ser editado pola editora Luaka Bop de David Byrne em 1996. O quarto e último rexisto discográfico é de 2001, sabendo-se que vive no Reino Unido, dedicando-se a outras artes. Foi com “Cançón do Mar” que Dulce Pontes se proxectou no mundo. Tema que é um brilhante novo arranxo de um outro, “Solidao”, que fora interpretado anteriormente por várias cantoras incluindo Amália. Esta é das cançóns portuguesas mais conhecidas quer em Portugal quer no estranxeiro, e está incluída no seu segundo disco “Lágrimas” de 1993. Esta cançón chega a Hollywood na banda sonora do filme “Primal Fear” protagonizado por Richard Gere, o qual exibe o disco durante o filme. Hoube várias interpretaçóns internacionais deste tema como foi o caso de Sarah Brightman. Dulce Pontes define-se como unha cantora de World Music, apesar de ainda assim o fado constituir unha boa parte do seu repertório. Colaborou com vários artistas de renome internacional como Andrea Bocelli, Ennio Morricone ou Caetano Veloso e conta com perto de unha dezena de álbuns editados. É a artista portuguesa mais consagrada na Europa mediterrânea das duas últimas décadas e unha das maiores representantes da música portuguesa no mundo.

FADO PORTUGAL