Arquivos diarios: 18/08/2020

KANT (NOS LIMITES DA SIMPLES RAZÓN)

A Frederico, o Grande, sucedeu, em 1786, Frederico Guilherme II, que se apressou a pôr os pontos nos ii. Para começar, acabou-se o período de expressar alegremente opinións e ideias inconvenientes que ameaçavam a ordem instituída e, mais concretamente, punha-se fim à tolerância relixiosa: como sempre, unha cousa era a liberdade e a outra a libertinaxem, e isso acabava-se. A Kant foi-lhe feita unha pequena chamada de atençón polas ideias pouco devotas e pola crítica à teoloxia bíblica contidas em “A Relixión nos Limites da Simples Razón” (1792), se bem que tivesse sido autorizada a sua publicaçón, após a aprovaçón da obra pola Universidade de Königsberg e pola Faculdade de Teoloxia de Jena. Mas Frederico Guilherme II, muito descontente com a heterodóxia de Kant, instou-o seriamente a nón repetir a ofensa, e o catedrático comprometeu-se a reservar, daí em diante, para si, a sua opinión em matéria relixiosa, embora non se tenha retractado do que argumentara (em voz baixa, deve ter murmurado algo equivalente ao “eppur si muove de Galileu). Aquando da morte de Frederico Guilherme em 1797, Kant considerou-se liberto da sua promessa, polo que, no ano seguinte, publicou “O Conflícto das Faculdades, sobre a relaçón entre teoloxia e filosofia. Foi basicamente nisto que consistiu a vida profissional de Kant, da qual de resto, temos de destacar que se manteve alheio a intrigas, invexas, concorrências e demais baixas paixóns académicas. Só nos anos em que lhe foi negada arbitrariamente unha cátedra, a qual indubitavelmente merecia, hoube algunha politiquice contra Kant e também algunha da sua parte. Quando a administraçón de Königsberg e as suas instituiçóns, entre elas a universidade, passarom da Prússia para a Rússia (quanta diferênça faz um “p”), a mudança na direcçón truxe consigo a habitual série de axustes, para dizê-lo de maneira eufemística. Mas Kant resguardou-se muito de entrar em guerrilhas de influênças e cinxiu-se ao seu compromiso profissional.

JOAN SOLÉ

PAGAM XUSTOS POR PECADORES

Quando, esqueléctico e pálido, me tumbei ó Sol por primeira vez sobre as areias de Canet de Mar, foi como se todo o meu passado de sacristía e de caverna quedara para trás. Só tinha olhos para aquela paisáxe de umbigos, de corpos faustuosos e perfeitos. Por entón, acordou-me um verso que pode explicar a minha insensibilidade ante a paisáxe, se non logro vinculála a unha emoçón ou a unha pessoa concreta. O verso em questón decía: “unha paisáxe é nada se non a habita um corpo” e suponho que despois fum acunhando muitas variantes. Villán era contumáz na reprobaçón da minha desordem; mas nunca lho tomei a mal, pesse a que, polo pouco trato que tinhamos tido, carecía de autoridade para reprocharme nada. Conhecernos na Laboral foi puro accidente; incapaz de aprobar as matemáticas e a química de peritaxe industrial, acabarom por dá-lo por impossíbel, e fixérom-no capataz agrícola. Unha tarde em que estivo a punto de matar-se fazendo prácticas de labrança com um tractor. Conseguim salvá-lo do percance, com risco da minha própria vida. Desde entón estabeleceu-se entre ambos unha certa amizade relativa, e el sempre mostrou gratitude. Por aqueles dias houbo unha folga de fame na Universidade, e ao pouco tempo os alumnos aparecemos como revolucionários na Radio España Independente, a Pirenaica: “la obra predilecta del Régimen Franquista, contra Franco”. Aquilo foi muito forte. Os professores de “Formación del Espíritu Nacional”, afirmabam que entre os instigadores da folga estaba o Villán, mas non puiderom probar nada em sua contra. O cego Herr Kleist, asseguraba que aquilo era obra de comunístas infiltrados. A situaçón acabou sem aclarar responsabilidades e enturbiada por suspeitas que, aos poucos messes, desembocarom na expulsón de quem menos culpa tinha. Aproveitarom um deslice disciplinário e puxerom-nos na rua a uns quantos. Ou sexa, que pagamos xustos por pecadores.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO