NIETZSCHE (INCIPIT ZARATUSTRA)

Tentando estabelecer o que nos diferencia do resto dos animais, o ser humano tem sido definido tradicionalmente como “animal racional”, “animal social”, “animal relixioso”, “animal simbólico”, etc… Nietzsche, polo contrário, prefere falar de um “animal fantástico”: para habitar o mundo, os seres humanos necessitam de fabricar ficçóns ou ilusóns. Recordemos que “Fântaso” era um dos deuses gregos responsábeis polos sonhos. Nesta perspectiva, a morte de Deus é unha perda terríbel: esfuma-se a nossa “criaçón poética” mais importante, a mais útil, a que nos daba maior abrigo. Mas trata-se também de unha ocasión única: libraría-mo-nos da ficçón que mais nos disminúi, a mais venenosa. Os “animais fantásticos” están finalmente em condiçóns de inventar novas ficçóns que por fim sexam feitas à respectiva medida. Nós os órfáns de Deus, temos unha oportunidade histórica de conquistar a autonomia perdida, de devolver ao ser humano o que durante milhares de anos ofertámos à divindade. Como insinuaba o louco da lanterna, para sermos dignos da morte de Deus temos de “nos transformar em deuses”. Mas non se trata de por outra cousa no lugar que Deus ocupaba ( a Humanidade, a Razón, o Progresso, a Naçón, etc… ). Trata-se de que cada um de nós se transforme num Deus. Face ao monoteísmo de raiz cristán, Nietzsche propón o politeísmo mais extremo. A morte de Deus é unha má notícia para os conservadores e para os fracos de vontade. Para os espíritos libres, por outro lado, trata-se da mais fabulosa das notícias. Ao nihilismo passivo e negativo, próprio da modernidade, Nietzsche contrapón um nihilismo activo e positivo, o nihilismo de quem desexa destruir o velho mundo para poder criar unha nova ordem à medida do home; de quem se atreve a levar o nihilismo até ao fim porque sabe que é a única maneira de sair dele. O nihilismo de quem quer eliminar o “erro” da metafísica e com isso pôr a zero o contador da história da cultura ocidental; de quem desexa assistir ao começo de “unha história mais elevada do que todas as histórias que hoube até agora”, como dizia o louco da lanterna. Para estes espíritos audazes, o mundo orfán de Deus xá non aparece como um território sem mar, sem horizonte e sem Sol. Perante os seus olhos apresenta-se um novo e extraordinário amanhecer. veem como a manhám do nihilismo avança rumo a um grande meio-dia: “Meio-dia; instante da sombra mais curta; fim do erro mais longo”. E sob o céu, abre-se um mar imenso: “Aí está o mar, o nosso mar, aberto de novo, como nunca”. Os seus barcos “están dispostos a zarpar, rumo a todos os perigos”. Por fim, chegou o momento: “ponto culminante da humanidade; INCIPIT ZARATUSTRA (começa Zaratustra)”.

TONI LLÁCER

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