
Cabe no entanto, destacar o seguinte do que ali foi dito. Em primeiro lugar, a importància concedida à literatura, a “unha verdadeira forma de presença da loucura na literatura”, como guia para a reflexón. Em segundo lugar, a tutela exercida polo método proposto por G. Dumezil nos seus estudos sobre as relixións indo-europeias, de quem toma a noçón de “forma estructurada de experiência”. Trata-se de unha estructura cuxo padrón pode ser reconhecido a níveis muito diferentes e que no caso da loucura assumirá a forma de “segregaçón”: segregaçón que na Idade Média se manifesta como “exclusón” (expulsa-se socialmente o louco como o leproso); no classicismo (séculos XVII-XVIII), através do “internamento” em instituçóns que som herdeiras das antigas leprosarias; no século XIX, com a determinaçón da loucura como “doença mental” e a subsequente “medicalizaçón” do encarceramento… E, por fim, o interesse polas relaçóns que a forma de “segregaçón” imposta polo classicismo, o “internamento”, mantém com um mundo dominado pola ciência e pola filosofia racionalista, de cuxos intercâmbios estaba a surxir sobre o assunto unha forma estructurada de experiência. “Entre a forma como Racine tracta o delírio de Orestes, no final de Andrómaca, e o de um tenente da polícia do século XVII que interna um furioso ou um violento, non existe seguramente unidade, mas coherência estructural…”. Desde as primeiras linhas de “História da Loucura”, a intençón do autor fica bem clara: o lema com o qual o libro abre non deixa marxem para dúvidas. Nas palabras de Dostoievski, lê-se: “Non é encerrando o próximo num hospício que alguém proba o seu próprio xuízo”. Trata-se, entón, de fazer a história desse xesto, pelo qual a razón se define como o negativo da loucura, polo qual se reconhece como o que é na diferença que a separa dela. O que está em causa é “descreber, a partir das orixens da sua bifurcaçón, essa “outra forma” que, com um xesto, separa duas cousas, que serán exteriores a partir de entón, como mortas unha para a outra: A Razón e a Loucura”. Em suma, o que está em causa é a realizaçón de unha “arqueoloxia” desse silêncio ao qual a loucura fica reduzida a partir do século XVII, sobre o qual se estabelece o moderno “monólogo da razón sobre a loucura”.
MIGUEL MOREY