Arquivos diarios: 21/05/2020

O ORÁCULO DE DELFOS

Como na maioria das civilizaçóns do passado (e nón só) os homes gregos também recorriam com frequência à consulta oracular antes de tomar decisóns importantes ou simplesmente para saberem o que o futuro lhes reservava. Embora non fosse o único, o oráculo situado no santuário de Apolo, em Delfos, foi sem dúvida o mais importante do mundo grego, ao qual se dirixiam tanto cidadáns particulares como delegaçóns sagradas das cidades. O santuário situava-se no sopé do Monte Parnaso, na rexión da Fócida, e a sua localizaçón correspondia ao umbigo do mundo (o ônfalo), pois ali se tinha cruzado o voo das duas águias libertadas por Zeus nos antípodes da Terra. Tinha sido fundado pelo mesmíssimo Apolo, que tinha matado a serpente Píton que guardava o lugar para se apropriar da sua sabedoria. Após realizar unha série de actos rituais, o peregrino realizava a consulta ao oráculo. A sacerdotisa do santuário (pítia ou pitonisa) retiráva-se entón para a cripta do templo e sentava-se sobre o seu trípode, onde entrava em contacto com os deuses. Emitia assim a profecia oracular, em xeral unha ladainha de frases desconexas e incompreensíveis que deviam ser descifradas e interpretadas polos sacerdotes (o que demonstra que as técnicas de adivinhaçón non mudam assim tanto desde a antiguidade, pois o segredo continua a consistir em dar respostas suficientemente ambíguas e interpretáveis que agradem a gregos e troianos). Conta a lenda que, em certa ocasión, se reuniram os Sete Sábios da Antiguidade em Delfos e se lhes pediu que cada um realizasse unha inscripçón no templo. Munidos de cinzel, hoube quem tivesse esculpido no frontispício a máxima “Conhece-te a ti mesmo” (Quílon de Esparta?); quem tivesse deixado para a posteridade o aforismo “Nada em excesso”; cada um deixou um rexisto da sua sabedoria menos Bias de Priene. Após a tenaz insistência dos companheiros, aceitou por fim empunhar o cinzel com que esculpiu unha lúgubre reflexón: “A maioria dos homes é perversa”. Proba de que o pessimismo antropolóxico também tem velhas raízes.

E. A. DAL MASCHIO