Arquivos diarios: 20/05/2020

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (A ODISEIA)

A Odiseia pertence à mesma tradiçón épica que a Ilíada e comparte com esta grande parte da fala formulário e do material temático. Mas é um tipo diferente de poema, e por esta e outras razóns merece um tratamento distinto; um intento non de analisá-lo progressivamente, senón mais bem de ailhar os seus métodos de construcçón e os seus propósitos poéticos unificadores. As duas formas de estudo som complementárias, e o leitor que emprende directamente a leitura de qualquer dos poemas encontrará-se com que está aplicando âmbos á vez. Se começa com a Odiseia, sentirá a tentaçón de xulgá-la independentemente e non compará-la com a Ilíada. Isto tem as suas ventáxas, mas continua sendo certo que unha compreensón razoábel da Odiseia -a qual como vimos é probábel que sexa de composiçón posterior à da Ilíada- só pode proceder de que o outro poema sexa considerado um modelo em certos aspectos formais (por exemplo, a escala e o uso de discursos e símeis) e como um predecesor ilustre ó que há que emular, ou, às vezes, ignorar sistemáticamente. É útil, por tanto, ainda quando puidera parecer pouco imaxinativo, considerar até que ponto a Odiseia difére da Ilíada e em que aspectos carece da sua altura ou a sobrepassa. Está claro que os temas de âmbos poemas imponhem as suas próprias qualidades especiais. A Ilíada é inexorabelmente guerreira em tôm e em detalhe; contêm, como vimos, importantes digressóns, algunhas delas com as suas próprias peculiaridades de linguáxe, mas o estilo no seu conxunto, assím como o tratamento das situaçóns e dos personáxes, mantêm-se severo e digno, como poderia considerar-se apropriado para unha era heróica e unha escala heróica de valores. A Odiseia, por sua parte, refêre-se a unha época de paz incómoda -a postguerra troiana, tese em xeral admitida, quando algúns dos heróis de Troia acabavam de chegar a casa e quando Ulises mesmo está ainda perdido e errante, mas quando o problema principal era a sobrevivênça pessoal, política e económica, mais que a luta de massas, o heroísmo público, a adquisiçón de botíns ou o manifestar lealdade aos amigos ou à casa- E há outros problemas bastante diferentes que apenas pertencem em absolucto à concepçón da vida nostálxicamente heroica: questóns de respeito e amor entre homes e mulheres, de devoçón filial, conxugal ou por parte dos servintes, de hospitalidade nas suas formas menos ostentosas, de castigo adequado ao críme, inclúso do reparto das responsabilidades entre humanos e divinos nos casos de penalidades e infortúnios. Ningúm deles está completamente imprevisto na Ilíada, mas ningúm se converte no tema dominante, como ocurre no poema lixeiramente posterior. Estes temas xerais, e desde logo mais abstractos, non requerem por sí mesmos o linguaxe forte e concentrado da Ilíada nos combates e na resistência. Grande parte da fraseoloxía formular é comúm ós dous poemas, mas a Odiseia âmplia o alcance de frases estándarde para cubrir novos temas. Também tem várias alocuçóns novas e conspíquas para os acontecimentos ou sequências comúns, como se mostrou na páxina sessenta e quatro. De algunha maneira a linguaxe do segundo poema non é só mais relaxada, senón também mais branda e menos viva, mais fluída mas ocasionalmente também mais flácida que a da Ilíada. O discurso directo non perde importância com respeito ao mais antigo, mas os discursos tendem a ser menos dramáticos; mais pausados e verbosos, às vezes bastante insípidos inclúso quando non se pretende dito efeito. O melhor, certamente, é que as conversaçóns da Odiseia alcanzam um gráu de subtileza civilizada que excede a qualquer parte da Ilíada. Quando os deuses decídem liberar de Calipso a Ulises na ilha, mandam a Hermes dar-lhe instruçóns à ninfa, a qual, a reganhadentes, mas resignada, saca o tema depois da ceia com o seu desexado hóspede:

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)