O FADO (FLORBELA ESPANCA)

A obra de Florbela Espanca é tán fascinante como inquieta, unha exaltaçón ao amor que retracta a profundidade e a fraxilidade do ser feminino, unha escrita reveladora do mais íntimo de si. Podemos ler no poema de Fernando Pessoa “À Memória de Florbela Espanca” na primeira estrofe “Dorme, dorme, alma sonhadora, irma gémea da minha! Tua alma, assim como a minha, rasgando as nuvens pairava por cima dos outros, à procura de mundos novos, mais belos, mais perfeitos, mais felizes…” Foi com naturalidade que a qualidade da poesía de Florbela Espanca despertou o interesse e inspirou o meio artístico: de entre os seus pares das letras Manuel da Fonseca ou José Régio, passando por vários artistas plásticos que retrataram a poetisa como Carlos Bottelho ou Isabel Nunes; tendo chegado ao cinema através do realizador Alves do Ó o filme Florbela que nos dá a conhecer a vida da escritora; conhecidos actores e actrizes como Eunice Muñoz, Joao Villaret ou o actor brasileiro Miguel Falabella declamaram sonetos de Florbela. E por fim a música! Nos versos de Florbela Espanca podemos encontrar várias alusóns à música e também ao fado. É a partir de meados do século XX que a poesía de Florbela Espanca é musicada sistematicamente por vários compositores e cantada por vários artistas como Teresa Silva Carvalho, Simone de Oliveira, Tony de Matos, Trovante e mais recentemente Nuno Rodrigues e alguns artistas do fado, muitos dos quais presentes no libro C D Florbela Espanca – O Fado.

O FADO EM FLORBELA ESPANCA

. O FADO

Corre a noite, de manso, num murmúrio,

Abre a rosa bendita do luar,

Soluçam ais estranhos de guitarra,

Um gemido d’amor anda no ar…

.

Há um repouso imenso em toda a terra,

Parece a própria noite a escutar…

E o canto continua mais profundo;

Que página sentida de Mozart!

.

É o fado. A cançao das violetas

Que foram almas tristes de poetas

P’ra quem a vida foi unha desgraça!

.

Minha doce cançao dos deserdados,

Meu fado que alivias desgraçados,

Bendita sexas tu, cheia de graça!

FADISTA: Catarina Rosa (Florbela Espanca/André M. Santos) (Guitarra clássica – André M. Santos) (Guitarra portuguesa – Ricardo Parreira) (Baixo – Rodrigo Serrao)

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