QUE NADA SE SABE! (35)

Mas non só isso, senón que esta fala toma muitas expresóns de outra, e aquela de unha outra, e por isso acredito que non queda xá ningunha fala autenticamente pura. Assím pois, as palabras non tenhem ningunha capacidade para expressar as naturezas das cousas, salvo a que lhe vem do arbítrio de quem as impóm. A palabra “canis” (can) tem o mesmo poder para significar can que pan, se así se nos antôxa. Há certamente algunhas palabras que tenhem sido impostas às cousas por razón de efeito ou accidente, mas non por razón de natureza. Pois ¿quem conhece as naturezas das cousas, para impor a éstas nomes conforme a natureza? Ademais ¿quê tenhem de comúm os nomes com as cousas? Existem também aqueles térmos que chamamos “proprios”, como, por exemplo, se afirmas que o home é “risibilis” (capaz de rir) ou “flebilis” (capaz de chorar); mas, dentro de estes termos, os primitivos, a saber, “risus” (risa) e “fletus” (prânto), non tenhem mais força que a recebida do nosso arbítrio; outro tanto sucede com “alipes Mercurius” (Mercurio o dos pés alados), com “armiger” (portador de armas) e compostos similares. Dan-se assím mesmo outros que pola semelhanza do som imitam as voces das cousas que significam, e por tanto se lhe chamou onomatopéicos, como o cacarear das galinhas, o graznar dos corvos, o ruxir dos leóns, o balar das ovelhas, o ladrar dos cans, o relinchar dos cabalos, o muxir dos bois, o grunhir dos porcos, o roncar dos que dormen, o susurro das àugas, o silbido, o tintineio, o estampido, o como diz Aquél: “Baubantem est timidi pertimuisse canem” (É próprio do medorento assustar-se ao perro que ladra); e o outro: “Et tuba terribili sonitu taratantara dixit” (E a trompeta dixo tarará com terrorífico som); e outro: “Quadrupedante putrem sonitu quatit ungula campum” (O casco bate o duro campo com quadrúpedo som). E nestas palabras tampouco há manifestaçón algunha da natureza das cousas que significam, senón semelhanza de som. Menos ainda se debe buscar a derivaçón em cada palabra, pois nesse caso iríamos até ao infinito.

FRANCISCO SÁNCHEZ

Deixar un comentario