HABERMAS (A CRISE DA LEXITIMAÇÓN NO CAPITALISMO TARDIO)

Paralelamente, xá em “Teoria e Práxis”, cinco anos antes, Habermas começou a axustar contas com o marxismo, tarefa que prosseguirá em 1976 com “A Reconstruçón do Materialismo Histórico” e com “A Crise da Lexitimaçón no Capitalismo Tardio”, do ano anterior. O que na sua terminoloxía é denominado “capitalismo tardio” está submetido, segundo o seu próprio diagnóstico, a patoloxias nascidas da asfixia da democracia por imperativos sistémicos do capitalismo e das burocracias estatais. Habermas relocaliza as teses marxistas num quadro proporcionado pelo pensamento de Max Weber, o sociólogo que demonstrou as dinâmicas opressivas da racionalizaçón capitalista e estatal e, em contraposiçón polémica, com a teoria de sistemas de Niklas Luhmann, contemporâneo do nosso autor, cuxa visón obxectivista da sociedade examinaremos mais à frente. Ao sistema económico e burocrático, e às suas tendências opressivas – simbolizadas, como veremos, na metáfora weberiana da “xaula de ferro”-, Habermas contrapón unha racionalizaçón “boa”, obtida mediante a libertaçón dos potenciais comunicativos do mundo da vida, das interaçóns quotidianas. Habermas enfatiza a necessidade de a filosofia alemán se abrir ao exterior, de sair do provincianismo. Fazer confluir a filosofia chamada continental e a anglo-americana é unha das tarefas de que se incumbe. Assim, “reconstrói” a identidade da filosofia alemán, o seu fio conductor, à marxem das catástrofes históricas. Volta a apropriar-se de Kant, Hegel, Marx, Freud e Adorno, no processo de regresso à “normalidade” da República Federal da Alemanha. Deste modo, pretende acabar com o “atraso alemán” na política, conxurando a sua idiossincrásia histórica, reflectida nas duas guerras mundiais, em contraste com a estabilidade de outras democracias ocidentais. Nesse sentido, afirma o seguinte: “Hoxe vivemos num dos seis ou sete estados mais liberais e um dos seis ou sete estados sociais com menos conflíctos sociais.” O milagre alemán aconteceu nos campos económico e político. A Alemanha foi também o motor da Europa. Na actualidade, no fio da crise presente, Habermas, porém, observa com extrema preocupaçón a deriva tecnolóxica europeia e o esquecimento do princípio da solidariedade. O nosso autor dedica a década de 1980 a um trabalho teórico sistemático. Delineia a acçón comunicativa e com ela redefine em termos intersubxectivos a teoria da racionalidade. Assim, revê a teoria social e as suas dinâmicas sob o prisma do novo paradigma e propón, como terceiro elemento, a ética do discurso. A mesma filosofia passa a ser pensada em termos pós-metafísicos, intersubxectivos e falíveis. Na década de 90 e até à actualidade, a tarefa de Habermas centra-se no direito e na política. A democracia deliberativa e o imperativo da inclusón serán definidos e problematizados em numerosas polémicas. Nos quatro capítulos seguintes iremos esmiuçar estes elementos essenciais do pensamento habermasiano. Habermas apresenta-se-nos como um filósofo do meio-termo, como unha figura da mediaçón ao serviço da conciliaçón política em contextos de crise social e política. Confia na racionalidade comunicativa para restaurar o optimismo iluminista. A sua motivaçón constante será detalhar as condiçóns de possibilidade para unha democracia igualitária e inclusiva em que a cidadania exerça a autodeterminaçón.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

Deixar un comentario