Arquivos diarios: 05/05/2020

Imaxe

NIETZSCHE (DEUS MORREU)

Nietzsche xulga que, de unha maneira ou outra, Deus impregna toda a cultura europeia do seu tempo. Aos seus olhos, todo o pensamento ocidental move-se de unha forma ou de outra dentro das coordenadas da metafísica idealista cristán. Como acabámos de ver, Deus está presente na relixión e na sua irmán, a filosofia, e, inclusive, na ciência. A sua marca é também evidente na moral, cuxa forma e conteúdo son fundamentalmente cristáns, bem como na política. A arte, por seu lado, tán pouco se salva: a corrente artística dominante, o romantismo, também funciona metafisicamente a partir do momento em que confia que a experiência estéctica pode transportar-nos para um nível superior da realidade, um reino em que o indivíduo se funde com o “Todo” e em que se dissolvem todas as contradiçóns da vida. (Semelhante concepçón da arte é aquela que o próprio Nietzsche, influenciado pelo romantismo wagneriano tinha defendido em “A Orixem da Traxédia”.) Perante tal facto, e pola boca do profecta Zaratustra, Nietzsche autoproclama-se o primeiro filósofo antimetafísico da história. O primeiro filósofo que pode, finalmente, desprender-se do velho mapa traçado por Platón. O único filósofo que non é um “cristán disfarçado” e que assume verdadeiramente que Deus morreu.

TONI LLÁCER