Arquivos mensuais: Abril 2020

PLOTINO (UNHA ATENAS EXÍPCIA)

Para ilustrar esta comparaçón, Platón tinha fantasiado em Timeo com a existência de unha Atenas exípcia ( da qual a grega seria mera cópia) na qual se armazenaria o rexisto de todos os factos que as sucessivas catástrofes naturais (sempre matafóricas), como terramotos ou inundaçóns, tinham apagado da memória dos helenos, obrigando-os a começar do zero passadas unhas quantas xeraçóns (incluindo a reinvençón da sua literatura, da sua arte e da sua arquitectura, insignificante ao lado das milenárias pirâmides exípcias), razón pola qual nunca progrediam e se encontravam em permanente estado de mutabilidade e infância (“os gregos serán sempre crianças! Non existe o grego velho!”, exclama o ancián sacerdote exípcio citado por Platón). Pois bem, que sexa precisamente um exípcio “helenizado” como Plotino a oferecer agora unha síntese de toda a filosofia grega e, com isso, a pretensón de unha nova sabedoria confirma que, neste ponto da história, a diferença entre Oriente e Occidente se esfumou debido à mistura de culturas no Próximo Oriente. Sem dúvida, ambos perdem e ganham algo com esta mistura. Desde logo, o que a Grécia perdeu nessa altura foi “inxenuidade” ou “frescura”: deixou de se sentir xovem, seguramente porque, entretanto, surxíu outro povo – o romano – que ocupou a vanguarda das conquistas liderada noutro tempo por Alexandre Magno, o imperador macedónio de quem Aristóteles foi tutor. Mas o que a filosofia helenística ganhou em troca foi a consciência de poder alcançar a verdadeira “sabedoria” , a ligaçón com a divindade transcendente, e, porque non dizê-lo, a “salvaçón”. No século III, o povo grego xá non é o das crianças perdidas no meio do cosmos, para o qual os deuses se tinham ocultado por detrás das cousas (“todas as cousas están cheias de deuses”, afirmava o pré-socrático Tales de Mileto, mas “a natureza gosta de se ocultar”, respondia Heráclito); agora é o povo que encontrou o caminho de regresso a casa, rumo ao cimo do cosmos localizado para além deste mundo. Ítaca xa non é a ilha terrena dos mortais afortunados, como em Homero, mas a pátria de Deus, templo ideal dos imortais. E Plotino ambiciona elevar-se a esse templo. Segundo Porfírio, para Plotino, de facto, “o fim e a meta consistiam em reunir-se com o Deus omnitranscendente e acercar-se a ele. Enquanto estive eu com ele, quatro vezes alcançou esta meta graças a unha actividade inefábel”.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

LITERATURA CASTELÁN (DA ORIXE XERMÂNICA DA NOSSA ÉPICA)

Menéndez Pidal defende a orixe xermánica da épica peninsular, idéntico, pois, ó que se admite para a francesa. Os visigodos, o mesmo que os outros povos xermanos, tinham desde antigo os seus cantos guerreiros, cuxa existência está confirmada por diversos históriadores – Tácito, Jordanes -, e que seguirom cultivando despois de estabelecidos na península: “Pasada a época das emigraçóns, os povos xermânicos que se quedarom nas provincias do derrocado império romano occidental, continuarom usando os seus cantos historiais antigos, à vez que fabricarom cantos novos sobre os sucessos recentes, ensalzando os personaxes façanhosos da actualidade, criando novos heróis, e novas lendas, è dizer, continuarom na idade heróica que antes viviram. Salvo que os heróis d’agora xá non alcançam a fama comúm d’antano, extendida às várias estirpes xermânicas, senon que a sua glória quedaba reducida ó âmbito da sua nova naçón particular. Menéndez Pidal documentou minuciosamente os componentes desta épica visigoda que podem rastexar-se logo nos primeiros cantos épicos casteláns. Obxectou-se que os Visigodos, por estar xá muito romanizados ó chegar às Espanhas, tinham perdido os seus cantos épicos antigos; mas Menéndez Pidal tinha rebatido esta dúvida recordando os numerosos elementos xermanos que existem fortemente arraigados em tantos aspectos da cultura medieval, e que penetram até aos mesmos tempos modernos. Polo que à epopeia se refere, afirma: “Esta negaçón, fundada em conceitos românticos sobre a assência da epopeia, non tem hoxe forza algunha. Quando non pensamos que a epopeia tenha unha orixe mítica, senón historiográfica, debemos supor que a cristianizaçón e a romanizaçón dos godos, começada no século IV, no império de Oriente, em tempos de Fritigerno, non contrariaba os cantos históriais de um povo, senón no que acaso tiveram de mitoloxía pagán incidentalmente. E pensando nisto, se os antigos cantos dos franceses estabam em uso ainda no século IX, e os cantos heroicos dos visigodos eram usuais ainda no século V na Aquitania nos funerais de Teodoredo, non é verossímil que tivessem caído no esquecimento entre os godos estabelecidos ò sul dos Pirineos, quando os godos coectâneos de fora das Espanhas seguíam usando esses cantos, segundo testemunho de Jordanes”. Menéndez Pidal aduce logo um texto de San Isidoro, “Institutionum disciplinae”, escrito para a educaçón dos xóvens nobres, donde o santo escriptor recomenda, xunto às ensinanzas de carácter clássico, que “para exercitar a voz debem cantar ó som da cítara gravemente, com suavidade, e non cantares amatórios ou torpes, senón preferir os “cantos dos antepassados” (carmina maiorum), polos quais se sintam os ouvintes estimulados para a glória”; alusón clara -di- aos cantos heroicos que estabam, pois, em uso. E, adxunta mais abaixo: “Século e meio antes que Carlomagno mandase que os cantos bárbaros e antiquíssimos dos francos fossem memorizados, dispunha Isidoro igualmente entre os visigodos que antes de chegar à adolescência cantassem os pupilos nobres as façanhas dos antepassados”.

J. L. ALBORG

ESPINOSA (A PERFEITA IMPERFEIÇÓN)

O paradoxo da perfeita imperfeiçón: Espinosa quis expor as suas concepçóns de um modo obxectivo e irrefutábel, através de um método adoptado do xeómetra grego Euclides: é por isso que o título completo da sua obra-prima é “Ética: demonstrada à maneira dos xeómetras”. Este método consiste em relacionar de modo preciso e necessário, com unha lóxica isenta de arbitrariedades, conceitos e argumentaçóns pechados em definiçóns, axiomas, proposiçóns, demonstraçóns, corolários, escólios (comentários) e anexos: um labirinto conceptual de infinitas e minuciosas galerias e encruzilhadas. Ilustremos esta questón com um exemplo, a proposiçón 17 da quinta parte com a sua demonstraçón e o seu corolário: “Deus está isento de paixóns e non é afectado por nenhuma afecçón de alegria ou de tristeza. / Demonstraçón: Todas as ideias, enquanto se referem a Deus, som verdadeiras (pola proposiçón 32 da Parte II), isto é (pola definiçón 4 da Parte II), adequadas; e, por conseguinte (pola definiçón xeral das afecçóns), Deus é isento de paixóns. Depois, Deus non pode passar a unha perfeiçón maior nem menor (polo corolário 2 da proposiçón 20 da Parte I); e, por conseguinte (polas definiçóns 2 e 3 das afecçóns) non é afectado por nenhuma afecçón de alegria nem de tristeza. / Corolário: Deus, propriamente falando, non ama nem tem ódio a ninguém. É que Deus (pola proposiçón precedente) non é afectado por ningunha afecçón de alegria nem de tristeza e, consequentemente (polas definiçóns 6 e 7 das afecçóns) também non ama nem tem ódio a ninguém”. Espinosa desexaba construir um modelo conceptual matemático de linhas e arestas precisas. Mas nenhum dos seus estudiosos mais sérios acredita que o tivesse conseguido totalmente. Na sua argumentaçón, referem lacunas, ambiguidades, aspectos opacos. Non indicam contradiçóns internas, o que, nunha exposiçón tán complexa sobre a totalidade da existência, revela o extremo rigor intelectual de Espinosa. Porém, talvez porque na sua mente tudo parecesse evidente e non fossem necessários esclarecimentos, os comentadores destacam, em muitos passos, essas carências expositivas que dificultam a compreensón do seu pensamento.

JOAN SOLÉ

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (102)

Outubro dia 20, do ano1917. Trouxem uns polvos máxicos da Galinheira, que deitei à porta da Eclesiam Generosse, segundo me mandarom para conseguir o seu amor. Mas, todavia, o amor ainda non chegou hoxe…

Novembro dia 20, do ano 1917. Fun xunto do Soutulho, pola primeira vez.

Decembro dia 3, de 1917. Visitei o Soutulho, pola segunda vez (páxina 124).

Maio, 10 de 1918. Marchei a xunto do Soutulho, para fazer uns Santos Evanxélhos, pola segunda vez (vexa-se páxina 126, deste libro).

Xunho, dia 8, de 1918. Idem… Idem… Idem… Consultei a mesa e dixo que sanaba.

Xulho, 16 de 1918. Abalei para xunto do referido Soutulho, procurar unha garrafa de vinho branco, que este me mandára buscar (vexa-se a páxina 137 e 135)

Xaneiro, 23 de 1918. (vexa-se a páxina 126, nesse dia à noite…), ó de Guillade foi a 2ª noite “In flumine fundit”. Martins ( Viéri in Ponte, às duas da tarde non completas).

Septembro, de 1918. fún a Sán Medriani (Senhora Inocência), e deu-me mil remédios externos, entre todos estaba o de romeo que era interno. Este puxo-me em grandíssimo extremo (vexa-se páxina 139).

Outubro, 14 de 1918. De noite, tomei a flôr de romeo, idem… idem… idem… Polo que fún à Peseta a Mondariz.

Novembro, 3. Idem… Iba à missa a Mouriscados, e ò chegar às cháns, deu-me como um síncope. E com grandíssimo esforço conseguim arrivar ò Senhor Francisco Guardador, que me meteu duas copas, que me despegarom algo, e voltei logo para casa, sem missa, tumbamdo-me na cama de seguida. Quedei exanime e insenssíbel a tudo… (vexa-se páxina 139). Por vários dias non me levantei, somente o dia 8 o logrei com grande esforço, para assistir ò enterro de José do Nube, e à altura do San Gregório dei volta, porque me repetiu o maldito síncope.

Xaneiro, 24 de 1919. Polas três da manhám, estando eu só e deitado na cama gravemente dorido, vêm o Spíritu Inmundo inquietar-me, de tal maneira… que a minha salvaçón foi ter deixado a luz acessa. O dia 25, às nove da noite, chorarom. O 26, derom-me a notícia do falecimento do meu padrinho (R. D. G.)

MANUEL CALVIÑO SOUTO