Arquivos diarios: 27/04/2020

RAWLS (AS CONCEPÇÓNS DO BEM)

Porém, Rawls cai nunha incoherência que os seus críticos destacam de imediato. Como é possíbel respeitar a pluralidade de concepçóns do bem, o respeito igual polas diferentes e lexítimas formas de entender o bom, se os indivíduos se veem a si próprios como suxeitos morais autónomos? A autonomia moral, unha ideia básica da ética kantiana, é mais unha das concepçóns do bem. Nem todos os cidadáns das sociedades democráticas se veem a si próprios como moralmente autónomos. Os crentes, por exemplo, assumen que a verdade moral é revelada ou que é, além disso, unha lei natural. De acordo com esta concepçón, os indivíduos non podem decidir por si próprios sobre o que significa ter unha vida boa. Essa informaçón está predeterminada. Outro exemplo som os utilitaristas, que pensam que o bem comum consiste em optimizar o bem-estar colectivo. Nem utilitaristas nem crentes parecem dispostos a aceitar que esse bem se possa escolher de maneira autónoma. E será que isso significa que é impossíbel encontrar unha concepçón da xustiça que todos poidam aceitar? Na sua segunda grande obra, “O Liberalismo Político”, de 1993, Rawls rectifica os seus argumentos sobre a xustificaçón dos princípios, mas sem se desviar da sua finalidade. Mantém a validade dos princípios de xustiça, mas a estabilidade social é xustificada de outra forma. Renuncia à autonomia moral como requisito da liberdade, mas non à ideia de que os indivíduos se veem a si próprios como pessoas libres; contudo, agora a liberdade está muito mais ligada à condiçón de cidadán do que na sua obra anterior. O que Rawls fai é aprofundar a sua intuiçón de que a xustiça è unha questón política e non metafísica. No seu novo argumento, a liberdade non é unha suposiçón ética do suxeito moral, mas sim unha condiçón política dos cidadáns. Non é necessário que as pessoas se vexam a si próprias como moralmente autónomas, como axentes morais que escolhem o seu próprio bem. Basta conceberem-se como cidadáns libres e iguais, dispostos a chegar a acordos sobre como conviver politicamente no espaço público. É unha condiçón muito menos esixente do que a anterior: permite que os crentes non renunciem à verdade moral revelada, e que os utilitaristas pensem que há unha maneira impessoal de entender o bem colectivo. A única condiçón é que todos aceitem as regras da convivência democrática. E Rawls xulga que essa é unha condiçón compatíbel com a maior parte das doutrinas substantivas do bem (quer sexam éticas, metafísicas ou relixiosas) que existem nas sociedades democráticas reais.

ÁNGEL PUYOL