GALLEIRA (9)

Banhada Galiza polas áugas de múltiples rios e xungída estreitamente, na sua longa e dilatada extensón, polas ondas do Oceano, tem sido desde logo propícia para o home lacustre. Lagos e lagoas lhe brindarom com a seguridade dos seus asilos apacíbeis; e os nossos rios e enseiádas oferecerom-lhe sitio oportuno no que levantar as suas vivendas. Àugas tranquilas, ares puros, abundante alimento, ribeiras fructíferas, tudo isto encontrou fácilmente, e o que é mais, tudo isto aproveitou com o ânimo que indicam as tradiçóns relativas às cidades levantadas sobre as ondas. Sem temor de enganar-se, podemos asinalar o emprazamento das antigas povoaçóns que herdeiras directas das dos palafitos, se enriquecerom com o comércio dos sidóns, e avivarom despois a cobiça cartaxinesa e romana. Onde queira que um rio de algúm caudal desemboca no mar, formando essas rexións médias entre a àuga doce e a salgada, a que chamamos rias, alí se asentarom as nossas primitivas poboaçóns, como as que as seguirom despois. Iria, Brigantia, Lámbrica, Flavia Lambris, Noela, Duos Pontes, som um exemplo. As que non alcanzarom tanta fama, apresentam a pesar disso à consideraçón dos arqueólogos, restos suficientes para testemunhar o passo do home lacustre em semelhantes lugares. Sostenhem algúns autores que muitos dos antigos palafitos non chegarom a ser abandonados de todo, antes alcanzarom como depósitos até à época romana. Polo que lhe toca à Galiza, non è possíbel afirmar outro tanto. Ao contrário, non se atopa o menor indício que autorice fundamentadamente esta presunçón, pois vê-mos que ainda que non desaparecerom de todo, persevéram emprazadas nos mesmos lugares ou nas suas imediatas cercanías e como que quixeram ter um pé na marxém e o outro nas ondas movediças. As que lhe sucederom, testemunham com farta claridade, qual foi a sua orixe e o seu posterior destino. Pouco a pouco forom-se alonxando do mar e estabelecendo-se terra adentro, sendo das primeiras, casualmente aquelas que por ter sostído um activo comércio com os sidóns e fenícios, puideram muito bem ser apenas simples depósitos ou feitorías. A chegada dos romanos apressou um movimento de deserçón. As que non eram tán importantes e sobre tudo as do interior -mais pobres, menos conhecidas e por tanto non tán cobiçadas- essas duraron, essas virom, na sua maioria, acampar os suevos ó pé das suas vivendas. Mais felíces que as marítimas, compartirom largamente o seu império com as rudimentárias poboaçóns das alturas e com as dos antros. Escondidas, perdidas na solidón dos vales e ribeiras galegas, forom as esquecidas proxenitoras do que hoxe cobre o nosso chán, ocupando as situaçóns mais privilexiadas. Se se querem probas, fácil seria buscálas nas tradiçóns que respeito de tantas cidades como se dín submerxidas nas àugas, conservam-se entre nós acusando unha dilatada poboaçón lacustre. Irmán nesta, como em tantas outras cousas, da Irlanda, a Galiza que contaba numerosos centros, tivo também como aquela numerosos burgos levantados sobre as àugas, habitados à sua hora, num e noutro país, polos celtas, nossos proxenitores. Os que duvidem, podem fixar-se nos nomes das localidades presumidamente lacustres; quase todos, tanto os latinos como os actuais, significam àuga em sanscripto ou em celta.

MANUEL MURGUÍA

Deixar un comentario