MONTAIGNE (THEOLOGIA NATURALIS)

Embora os dous libros provenham do mesmo autor, a sua natureza é diferente. O libro da natureza non só é “infalível”, mas também “infalsificábel”, non pode ser falsificado, apagado ou mal-interpretado. Se non é falsificável, nem apagável, nem falsamente interpretável, no seu terreno non pode crescer, portanto, a heresia; ao contrário do segundo, que pode ser falsificado, falsamente interpretado e mal-entendido (embora esta afirmaçón non apareça reflectida deste modo na traduçón de Montaigne, mas antes como: “produz-se de modo totalmente distinto no libro da Bíblia”). Mas, como ambos os libros procedem do mesmo artífice, ambos concordam e non se contradizem, ainda que o primeiro sexa “conaturalizado” e o segundo “supranatural”. Se o libro da natureza é infalível e infalsificável, será capaz de verificar com a experiência e a razón toda a dogmática católica. Mas, ao fazê-lo, Sebond ensombrava (ao mesmo tempo que declarava inútil) os ensinamentos da Igrexa, polo que entrava em contradiçón com ela. Como se sabe, o “Prologus” foi o mais corrixido por Montaigne, sobretudo os passos que outorgavam maior força à relixión racional. Com aquele método e aquelas finalidades, no entanto, Montaigne fará as contas, embora de unha maneira ainda non explícita, desde os anos da sua traduçón de “Liber creaturarum”, às vezes conxugando a perspectiva xeral com a multiplicidade e combinaçón de detalhes enfatizados ou retirados, suprimidos ou inseridos, com unha sofisticada obra de “transferências” de mensagens apenas aludidas, mas non menosprezáveis, por unha série de mal-entendidos. De facto, a traduçón revela-se como um passo ineludível para a plena compreensón da hermenêutica montaigniana da filosofia do catalán, ainda que um passo complexo e talvez oscilante nos resultados, cuxos efeitos percorrerán toda a “Apologia” e boa parte dos “Ensaios”, porque complexas e oscilantes son às vezes as teses sebondianas, para lá, ou talvez em virtude, do desenho apoloxético que, no final, ameaça encerrar o discurso num círculo vicioso. Frequentemente, Montaigne continuará a dialogar nos Ensaios com Sebond, enquanto dialoga com a sua própria traduçón da Theologia naturalis e com a sua pessoal recepçón do autor, nunha dupla vertixem. Assim, por vezes, parece dialogar mais com a sua traduçón do que com o orixinal. De qualquer modo, tal non impede, para lá da vontade montaigniana de se diferenciar do proxecto sebondiano, de se poder captar algunhas analoxias entre ambos os filósofos que debilitam o esquema, algo reductor, de escepticísmo vs. apoloxética, embora debilitem, sobretudo, os pressupostos dos quais o próprio Sebond tinha partido e que tinha reproduzido num “Prólogo” exemplar e inovador no seu tempo, para a configuraçón da relaçón fé-razón. O capítulo décimo segundo do libro segundo, em vez de ser, como anuncia o título, unha apoloxía (ou sexa, unha defesa) de Sebond, revelar-se-á exactamente o contrário.

NICOLA PANICHI

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