Arquivos diarios: 22/01/2020

POPPER (A SOCIEDADE ABERTA E OS SEUS INIMIGOS)

Embora depois da Segunda Guerra Mundial, e até à sua morte, Popper tenha continuado a desenvolver e a apurar as suas ideias sobre filosofia da ciência e teoria xeral do conhecimento, pouco de novo teve a dizer sobre temas de filosofia social e política. Segundo parece, considerava que xá nada tinha de essencial a acrescentar ao que escrevera em “A Pobreza do Historicismo” e em “A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos”. No entanto, e curiosamente, foram as suas teses sociopolíticas que o tornaram famoso na Europa continental, sobre tudo na Alemanha, onde, a partir da década de 1960, proliferaram tanto entusiastas e seguidores como detractores acérrimos de Popper. É a época do que em alemán se denomina “Positivismusstreit”, ou sexa, a “polémica do positivismo”: por um lado, um confronto renhido e prolongado entre os partidários do liberalismo popperiano (e da sua acesa crítica a Hegel e Marx) e, por outro, a chamada “escola de Frankfurt, cuxos representantes mais conhecidos som Theodor W. Adorno e Jürgen Habermas. A escola de Frankfurt, que inspirou unha boa parte do ideário da rebelión estudantil de 1968, pretendia desenvolver unha crítica sistemática da sociedade capitalista contemporânea, baseando-se nunha síntese do marxismo e da psicanálise. Contudo, para Popper, marxismo e psicanálise som dous exemplos típicos de pseudociências, polo que non é de estranhar a antipatia mútua que se desenvolveu entre popperianos e frankfurtianos desde o início. No mundo anglo-saxónico, a polémica do positivismo foi ignorada, provavelmente devido à convicçón, tán enraizada entre os intelectuais britânicos e norte-americanos, de que nada de interessante se pode esperar de pessoas que falam e publicam nunha fala que non sexa o inglês. Por essa altura, os obxectivos de Popper iam por outros caminhos: por um lado, neutralizar as – segundo ele – ideias perniciosas de Thomas Kuhn sobre o desenvolvimento das teorias científicas (disto falaremos na terceira e última parte deste libro); po outro, desenvolver unha metafísica e unha filosofia da mente coherentes com a sua filosofia da ciência, xá durante a sua estada na Nova Zelândia, Popper travara amizade com o conceituado neurofisioloxista John Eccles, tendo os dous, mais tarde, escripto em coautoria “O Eu e Seu Cérebro”. Contrariamente às concepçóns materialistas usuais nos meios científicos e filosóficos da nossa época, para as quais a mente non é unha entidade substancialmente diferente da matéria, Popper e Eccles defendem no seu libro um dualismo taxativo: o físico e o mental som dous mundos autónomos e independentes. Esta perspectiva, por outro lado, é coherente com a concepçón metafísica popperiana do que denomina os três mundos: o físico, o mental e o cultural, que interáxem mas non irreductivelmente diferentes, concepçón desenvolvida de forma sistemática em “Conhecimento Obxectivo”.

C. ULISES MOULINES