
Na década de 1950, Arendt xá era unha figura pública reconhecida no mundo intelectual americano, era convidada para dar aulas em universidades prestixiadas e colaborava com regularidade em revistas políticas e académicas. Recordemos que, no campo dos acontecimentos políticos, os Estados Unidos entravam na convulsa e obscura etapa do macarthismo, enquanto a Europa se dividia com a Cortina de Ferro, em especial com o levantamento húngaro contra os tanques russos em 1956. Este último acontecimento, sobre o qual Arendt escrebe em A Condiçón Humana, pareceu-lhe demonstrar que ainda era possíbel ter esperança na acçón política colectiva non governamental, no regresso da política a partir de baixo, a partir da acçón partilhada espontânea da cidadania contra o poder violento. No entanto, antes de a sua produçón teórica se centrar no exame da acçón política nas sociedades de massas actuais, o passado alemán voltou a estar mais presente que nunca, batendo á sua porta com o processo de Adolf Eichmann, em 1961. O resultado foi a sua obra mais controversa, Eichmann em Jerusalém. Este momento marcou sem dúvida, um ponto de viraxem na sua biografia, convertendo-a em “Arendt, a personaxem”, albo das mais duras polémicas e acusaçóns. Muito tempo teve de passar até que esse libro fora traduzido, por exemplo, para hebraico (em 2000), dado o pesado fardo da polémica que arrastaba. Mas também é verdade que a passaxem do tempo fez com que os seus leitores actuais, xá pertencentes a outra xeraçón, que non é a das testemunhas directas do extermínio, mas a dos seus netos, apreciem mais as ideias contidas no libro sobre a perpectraçón da violência em massa nas sociedades contemporâneas que a adequaçón ou non adequaçón da sua descripçón da personaxem histórica Eichmann. (…) Quais eram os aspectos mais controversos e polémicos do libro, que provocaram críticas duríssimas à sua pessoa, tanto académica como pessoalmente? Sem dúvida que o tom irónico de toda a obra non conseguiu estabelecer unha ligaçón com a sensibilidade dos leitores. Hannah non evitou nenhuma brecha pela qual a polémica se pudesse infiltrar. O público esperaba encontrar a representaçón do mal absolucto em Eichmann, unha espécie de Rasputín ou um psicopata, e o que Arendt lhes apresentou foi um homenzinho ridículo, vulgar, quase a roçar a inocência com a sua incapacidade de pensar. Um home assustadoramente normal, que nos devolvia a imaxem de um mal inserido na sociedade “normal”, nas nossas sociedades, um criminoso, portanto, inquietantemente próximo de nós.
CRISTINA SÁNCHEZ