Arquivos diarios: 17/10/2019

ARENDT (O TOTALITARISMO)

O resultado foi um volume com cerca de 500 páxinas, com partes elaboradas em diferentes momentos – antes e depois da guerra -, abriu-lhe as portas do meio académico dos Estados Unidos e tornou-a unha figura muito importante no panorama intelectual. Pouco tempo depois do fim da guerra, em 1950, Hannah Arendt visitou a Europa, no contexto do seu trabalho de reconstruçón dos bens xudaicos. Teve a oportunidade de se reencontrar com velhos amigos, de observar a dura situaçón da Alemanha no ano zero e os efeitos do rexíme nazí. A questón essencial do debate público nesse momento era a da culpa colectiva da Alemanha na manutençón desse rexíme. Perante isso, Arendt defendeu a ideia de que a culpa nunca pode ser colectiva, só individual, e de que, em todo o caso, habería unha responsabilidade colectiva moral e política no silêncio dos indivíduos que nada tinham feito para travar a barbárie. Unha vez publicada a sua obra sobre o totalitarismo, Arendt envolveu-se na escrita de um libro sobre o marxismo que, pouco a pouco, se foi transformando nunha empresa muito mais complexa, na qual foram aparecendo diversas temáticas (a relaçón da filosofía com a acçón política, as condiçóns da vida moderna ou a ideia de autoridade, entre outras), mas que, na verdade, eram um sinal das suas preocupaçóns ao longo desses anos (de 1951 a 1958, data de publicaçón de A Condiçón Humana). Essas preocupaçóns consistiam simplesmente em afirmar que a política (a acçón política) ainda fazia sentido como actividade humana. Se na sua obra anterior, As Orixens do Totalitarismo, o seu obxectivo ao enfrentar a violência totalitária era relembrar a todos os limites da condiçón humana, no seu libro com este título mostra-nos as possibilidades da acçón política nas sociedades de massas actuais. E foi para esse obxectivo que também encaminhou as suas obras posteriores: Sobre a Revoluçón (1963) e Crises da República (1972).

CRISTINA SÁNCHEZ