
A natureza humana foi a principal preocupaçón de Maquiavel. Mais concretamente, a natureza humana e a natureza do poder entendidas como unha só, ou sexa, a natureza humana face aos xogos de poder. As ideias e as observaçóns deste florentino eterno confrontam-nos com unha face da nossa condiçón humana que talvez preferíssemos manter oculta. Inclusivamente a nossa recatada consciência. Tal é o nosso pudor. E tal, a nossa vaidade. Mas Maquiavel, que tinha por obxectivo escrever um manual para o aprendiz de príncipe, interroga-se sem rodeios como se ganha este xogo para preservar a coroa. Na sua opinión, o mais importante non é participar, nem sequer fazê-lo bem (de acordo com as normas); o que interessa é fazê-lo melhor do que os nossos adversários, ganhar, vencê-los, derrotá-los, assegurar o trono. Isso é xogar bem para Maquiavel. E o que é necessário para vencer?, interroga-se a seguir. Porque a victória é o mais relevante, a única medida do sucesso, e se non a pudermos alcançar de outra forma, non há nada de errado em fazermos batota. O mau, definido nestes novos termos, é a derrota, por muito honrosa e elegante que tenha sido a forma como o perdedor sucumbiu. Esta é a terríbel realidade com que nos confronta tán lúcido secretário. O ser humano debe estar prevenido perante a capacidade de os seus semelhantes fazerem o mal para conseguirem os seus fins. O ser humano ambicioso non se vai retrair nos meios (escolhendo só os legais ou os moralmente aceites), vai fazer o possíbel para alcançar os seus obxectivos. O príncipe, o monarca ou o governante que tiver escrúpulos, éticos ou de qualquer outro xénero, ou que for demasiado inflexíbel, está condenado à derrota. Se há algo de que este último pode ter a certeza é que os seus adversários non os terám. Tal é a imutabilidade da nossa condiçón, na opinión de Maquiavel, e que hoxe podemos verificar, como há meio milénio, quando foi escrito “O Príncipe”. Porque, para o autor, os seus contemporâneos non tinham mudado nem um milímetro em relaçón àqueles cidadáns da Roma Imperial. Hoxe podemos perguntar-nos se a nossa natureza como animal político continua a ser a mesma do Resurximento. E se concordamos que é muito provábel que assim sexa, convenhamos que tal continuidade secular é a que mantém a actualidade de Maquiavel intacta à passaxem do tempo. O seu pensamento non fai mais do que resplandecer com a incessante sucessón de príncipes, reis, caciques e outros líderes da mais diversa laia.
IGNACIO ITURRALDE BLANCO