BERGSON (ETERNIDADE E EVOLUÇÓN)

Na verdade, como todas as descobertas, esta só começou quando o seu protagonista se sentiu preparado. Tinha-se dedicado a ela durante os dous anos que se seguiram à sua licenciatura. Bergson foi um estudante desencantado com a maior parte das aulas de filosofia. O modo como a disciplina era leccionada parecia-lhe, fora algunhas excepçóns, “oratória e vazio”, afastado do rigor das ciências. Foi em parte devido a este descontentamento que se deixou seduzir pola obra de Herbert Spencer, pensador inglês que tentava, como tantos outros na época imediatamente anterior a Darwin, harmonizar a oposiçón entre a “eternidade” das leis científicas e a evoluçón temporal do universo ao qual se aplicam. Spencer concebeu um evolucionismo mecanicista que se estendia por transformaçóns sucessivas da simplicidade de unha matéria homoxénea até às realidades mais complexas, estudadas pela psicoloxía e pela socioloxía, com unha absoluta necessidade, seguindo unha direçón e tendendo a um “equilíbrio” final (que substituía o velho “plano divino”). Era, portanto, mais radical do que Darwin nos seus postulados. Ao non outorgar qualquer papel ao indeterminismo, a Natureza era lida, a partir do fundo em que o filósofo a contemplava, como unha Lóxica na qual os elementos mais complexos se inferiam dos mais simples sem deixar nada à continxência. Finalmente, o nosso entendimento conteria xá, “a priori”, os planos de toda a realidade, e só devia encontrar a maneira de os recompor. Recaía assim, de modo insensíbel, num idealismo mal disfarçado: a intelixência vê-se no mundo como num espelho de corpo enteiro. Para Bergson, a obra de Spencer apontava na direçón certa, combinando a ambiçón da filosofia com o rigor das ciências. Pensava, no entanto, que a sua base efectiva (o desenvolvimento paulatino do real) podia ser melhorado, xá que o próprio Spencer (ele próprio enxenheiro civil) non tinha sido um grande conhecedor dos fundamentos da matemática. Com a intençón de fornecer solidez a este evolucionismo. Bergson lança-se a escrever unha tese de doutoramento em filosofia das ciências. Nesse momento, contudo, acontece algo inesperado: “Ao longo da minha carreira non houbo qualquer acontecimento obxectivamente destacável. No entanto, subxectivamente, non posso deixar de atribuir unha grande importância à mudança que se verificou na minha maneira de pensar durante os dous anos que se seguirom à minha saída da École Normale, de 1881 a 1883. (…) Foi a análise da noçón de tempo, tal como é usada em mecánica ou em física, o que fez com que todas as minhas ideias abanassem. Apercebi-me, para meu próprio assombro, que o tempo científico non dura, de que non seria necessário mudar num ápice o nosso conhecimento científico das cousas se a totalidade do real fosse aplicada instantaneamente, de unha só vez, e que a ciência positiva consiste essencialmente na eliminaçón da duraçón. Este foi o ponto de partida de unha série de reflexóns que me levaram, gradualmente, a rexeitar quase tudo o que tinha aceitado até enton e a mudar completamente o meu ponto de vista. Resumi no “Ensaio sobre os Dados Imediatos da Consciência” estas consideraçóns sobre o tempo científico, que determinariam a minha orientaçón filosófica e para a qual remetem todas as reflexóns que empreendi desde enton.”

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

Deixar un comentario