PLOTINO (O DAIMON QUE NOS COUBE)

O seu desprezo pelo sensível deve-se, portanto, ao facto de corpos e sensaçóns serem concebidos como imaxes (pois remetem para outra coisa, a Forma, obrigando o pensamento a deslocar-se). Segundo Plotino, o pensamento debe, pelo contrário, dirixir-se ao que vale por sí mesmo, em direçón à unidade que o faz repousar e non se axitar num contínuo vaivém. O seu ideal de vida era o oposto a deixar “vestíxios”: pretendia desaparecer, tornar-se incorpóreo para ascender ao princípio único e solitário das cousas do qual brota toda a luz, onde xá non há nada múltiplo e do qual non há expressón material certeira. Por isso, usava o exemplo de forxar outro tipo de estátua, a estátua ideal de si próprio, que non fosse a cópia do eu físico, mas o modelo a partir do qual este tería vindo ao mundo. Unha escultura sem imaxem. Pode entender-se, de igual modo, a sua aversón às artes dos astrólogos e feiticeiros (muito populares no seu tempo) por considerar que actuavam unicamente sobre o corpo e temperamento, âmbito que desprezava, ao ponto de proclamar que essas prácticas non tinham qualquer efeito sobre ele. Porfírio, de resto bastante sensato e pouco dado a hipérboles, relata um episódio delirante no qual Olímpio de Alexandria, um filósofo particularmente invexoso, arremeteu contra Plotino com “malefícios astrais”, o que se voltou contra si próprio devido ao poder da alma de Plotino, que fazia com que os feitiços fizessem ricochete. Perante tal poder, Olímpio desistiu aterrorizado e deixou o exípcio em paz. Mais agradável é a história de um sacerdote exípcio que quixo impressionar Plotino invocando o seu “daimon” tutelar (unha espécie de anxo da guarda pagán em que os gregos acreditavam). Mas quem se manifestou non foi um “daimon”, mas sim um deus, perante o qual o sacerdote apenas pôde felicitar o seu compatriota: “Bem-aventurado és porque teis por “daimon” tutelar um deus, e non um de linhaxe inferior.” Na sequência deste incidente, Plotino escreveu o tratado “O Daimon que Nos Coube”, do qual se infere que, estando o nosso “daimon” imediatamnete acima do nível espiritual que mantemos activo, e tendo ele acedido ao domínio da faculdade intelectiva graças à filosofia, o seu “daimon” non podia ser outro que o próprio Uno-Deus.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

Deixar un comentario