ESPINOSA (PARADOXO DA DOR E DA SERENIDADE)

Paradoxo da dor e da serenidade: A sua família sofreu unha excessiva mortandade que ceifou prematuramente a vida da nái, da madrasta e de vários irmáns de Baruch. Ainda assim, Espinosa construiu um pensamento da serenidade e da felicidade. Paradoxo da saúde fraca e da vitalidade: Durante a maior parte dos seus escassos 44 anos de vida teve unha saúde muito fráxil, que o obrigava a ser prudente nos hábitos alimentares e físicos. Contudo, a sua filosofia é unha afirmacón da vida, que nos leva a aprofundar o sentimento da própria existência e a “perseverar no seu ser”. Paradoxo da dificuldade atraente: A Ética é um dos libros de filosofia mais difíceis que algunha vez foram escritos. Até um leitor com formaçón filosófica se depara com enormes dificuldades de leitura e de compreensón. Os principais estudiosos e comentadores do libro dedicaram-lhe muitos anos de reflexón (com frequência um quarto de século ou mais, nunha exígua vida humana), antes de considerarem ter unha ideia precisa sobre a sua estructura e significados xerais, e que podiam expô-la. Dos libros filosóficos que se podem ler – também há alguns ilexíveis entre os famosos – talvez sexa o mais difícil, xuntamente com a kantiana “Crítica da Razón Pura”. Podemos citar aquí, por exemplo, Steven Nadler, autor de unha das melhores biografias de Espinosa e de unha boa introduçón ao seu pensamento: “A Ética é (…) um libro extraordinariamente difícil. Embora Espinosa aborde as questóns filosóficas de sempre, e estas sexam familiares a qualquer pessoa que tenha estudado noçóns elementares de filosofia, o libro pode parecer, à primeira vista, extremamente intimidador, (E lamento informar que, como a maior parte das grandes obras de filosofia, se vai tornando mais difícil a cada leitura posterior.) Para o leitor moderno, o seu modo de apresentaçón pode parecer opaco, o vocabulário, estranho, e os seus temas, extremamente complexos, até impenetráveis”. O aparelho expositivo espinosista intimida o leitor que chega à Ética pola primeira vez, tal como escreve Henri Bergson: “A formidável disposiçón de teoremas com a densa rede de definiçóns, corolários e escólios, e essa complicaçón de maquinária, essa capacidade de esmagar, que fái com que o principiante se afunde, na presença da Ética, na admiraçón e no terror como se se encontrasse perante um navio de guerra acouraçado”. E, ainda assim, unha pequena parte da Humanidade continua a entrar nas suas páxinas labirínticas, ávida de desentranhar o seu sentido mais profundo. Trata-se do desafio da dificuldade? Sem dúvida, debe existir um incentivo mais poderoso para alguém dedicar anos da própria vida a este desafio inclemente. E existe como um cume alto de acesso muito difícil, que proporciona a quem o alcança unha vista única, um panorama completo da existência. Quem sentir o desexo da ascensón vai precisar de um guia que lhe abra caminho na encosta íngreme. O presente libro, como as restantes introduçóns a Espinosa, debe desempenhar a humilde funçón de guia nesta aventura. Mas nenhum guia honesto desexa enganar alguém. Non fará passar unha colina pelo tecto do mundo. O leitor encontrará a vía de acesso menos inacessível, sim, mas é preciso subir de qualquer forma.

JOAN SOLÉ

Deixar un comentario