A FILOSOFIA XÓNICA

A singularidade xónica non radica na maior ou menor elevaçón do seu conhecimento da natureza. Tales de Mileto nutre-se do saber das civilizaçóns mais próximas e o eclipse que lhe é atribuído teria podido ser previsto com igual ou maior acuidade por um astrónomo babilónico ou exípcio. A diferença reside menos no gráu de conhecimento técnico e mais na maneira de considerar aquilo de que tem tal conhecimento. A assunpçón de que a necessidade rexe a natureza sustenta o postulado de que a natureza é cognoscível e neste postulado teríamos a primeira razón para retornar ao período áureo do pensamento de Tales de Mileto (585 a. C., aproximadamente), Anaximandro (por volta de 565 a.C.), Anaxímenes (545 a. C.), etc… Entre estes pensadores, que podem ser claramente considerados tanto os primeiros cientistas como os primeiros filósofos, nasce non apenas a ideia de que a natureza é susceptível de ser compreendida, como também a ainda mais singular ideia de que tal compreensón é neutra, isto é: o “conhecimento em si non perturba aquilo a que se dirixe”. Os postulados seriam, pois, na verdade dous: a) o mundo é intelixível; b) o conhecer é em si mesmo neutro em relaçón a esse mundo (outra cousa seria a técnica que surxiria de tal conhecer, que é transformadora por essência). Observe-se que o segundo postulado, o facto de a pessoa compreender sem perturbar o compreendido, é a primeira condiçón para que se possa falar de conhecimento “obxectivo”. Pois se, no acto de conhecer, o suxeito introduzisse unha perturbaçón no conhecido, perderia nitidez a própria diferença entre suxeito e obxecto. Temos aquí a orixem de unha polaridade tán arraigada que nem sequer (no nosso habitual discorrer) a reflectimos. Pois bem: se os pensadores gregos pudessem ser catalogados exclusivamente pela assunçón consciente ou implicita dos dous postulados, teriam de ser considerados mais como primeiros cientistas do que como primeiros filósofos. E é o que fazem muitos dos que deles se aproximan. Num libro que tem o significativo título de “Anaximandro de Mileto ou o Nascimento do Pensamento Científico”, o ilustre físico Carlo Rovelli considera Anaximandro como o primeiro cientista no sentido que essa palabra tem para nós.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

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