RORTY (IRRITAR A FILOSOFÍA POSITIVISTA)

Assim, em Chicago, a divisón interior de Rorty tinha mudado de símbolo, mas continuaba alí; as orquídeas davam lugar a Proust, e Platón a Hegel. Aos 20 anos, tudo para ele continuava confuso, excepto unha cousa; as ocasionais perplexidades que o tinham levado ao platonismo e a outras formas de vida espiritual nunca mais se repetiram. A desilusón foi completa: “regressei ao ateísmo espontâneo em que os meus pais me tinham criado” (AI). Para complicar um pouco mais, antes de abandonar Chicago descobriu unha filosofía muito diferente da platónica e da narrativa. Outro exilado, Rudolf Carnap, representante do positivismo lóxico que tinha florescido em Viena a partir dos anos de 1920, também ali dava aulas e a sua política era muito clara: a metafísica non tem sentido porque as suas argumentaçóns non respeitam as regras da lóxica (citava um fragmento de Heidegger, “O Nada nadifica”, mas também frases de Hegel como “O ser puro e o nada puro són um e o mesmo”). Carnap non dizia que a metafísica era unha história de fadas, porque as proposiçóns que essas histórias contêm só están em conflicto com a experiência, non com a lóxica. Embora sexam falsas, têm pleno sentido. Também non dizia que a metafísica era pura superstiçón: é possível acreditar em proposiçóns falsas, mas non é possível acreditar em proposiçóns carentes de sentido. As proposiçóns metafísicas nem sequer se podiam encarar como hipóteses, porque para unha hipótese é essencial que dela derivem afirmaçóns empíricas, o que também non acontece com as proposiçóns dos libros de metafísica. Para ensinar este tipo de programa, Carnap fazia os estudantes lerem Linguaxem, Verdade e Lóxica, um libro escrito em 1936 pelo britânico Alfred Julius Ayer, que Rorty “achou completamente irrefutável, mas demasiado intransixente”. O próprio Ayer, nunha apresentaçón de textos positivistas em 1959, deixaría isto mais claro: ao considerarem carentes de sentido todas as proposiçóns que non respeitassem as leis da lóxica ou que non pudessem ser verificadas empiricamente, os positivistas non só atacaram a metafísica, como ainda questionaram a maior parte dos problemas perenes da filosofía. Apesar de non chegarem a dizer que certos tipos de libros se deveriam queimar em público por brigadas científicas, atribuíram-lhes um valor meramente expressivo ou poético. Como non diziam nada com sentido non podiam dizer nada verdadeiro ou falso e, portanto, non podiam contribuir com nada para o conhecimento. Os únicos libros que se poderiam queimar, se fosse caso disso, seriam os que se disfarçassem de conhecimento, os que pretendessem ser cognoscitivos e non meramente emotivos. Evidentemente, este programa conseguiu impressionar Rorty pela sua simplicidade e contundência, mas non o impediu de continuar a gostar de libros como Processo e Realidade, de Alfred Whitehead. Ou sexa, as obras de que ele gostava non eram, novamente, as que parecia sentir-se obrigado a ler. Por isso, unha das perguntas que ele fazia era: porque é que a filosofia positivista se irritava tanto com outras formas de filosofia? Non sería possíbel algum tipo de diálogo?

RAMÓN DEL CASTILLO

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