AS NEGRAS DO POTE

Quando um, passeando pela cidade de Lisboa ouvia certos nomes, que pareciam non ter sentido, ou pelo menos um sentido oculto pela noite dos tempos. A primeira vista, non se atisbaba o seu significado profundo, só depois de urgar na história se podería adentrar nos segredos da sua raíz: a escravidón. Nos séculos XV e XVI, a maioría da povoaçón lisboeta era negra, tal como afirmaba surpreendido e alarmado um visitante holandês: “Isto é o inferno! Os negros som tantos como os brancos!”. Nunca, durante os longos anos que vivi em Lisboa, e apesar de ter estudado na escola portuguesa, ouvira falar larga e estendidamente sobre este tenebroso assunto. Ninguém me falára dos negros lisboetas, nem presumira das suas orixens africanas, nem da sua laboura em benefício da cidade, nem das suas aportaçóns linguísticas ou toponímicas, ou mesmamente culturais e artísticas em favor déste país. Estes segredos tan bem escondidos no passado da cidade, na infâmia do ofício da escravatura, tán carentes de memória para todos os lisboetas actuais, nunca ninguém mostrou muito interesse por este asunto, talvés para intentar ocultar as misérias da natureza humana, que sempre acabam aflorando à superfície das civilizaçóns. Os crímes passados: Marcelina María, vergastada em público no meio das xentes, por ter mantido relaçóns libres com outro escrávo, Tendo também em conta que, muitas déstas crianças eram filhas dos próprios senhores, que acababam vendendo os seus próprios filhos, xa podemos ter unha ideia aproximada da catadura moral désta xentinha, tendo em conta que a realidade, supéra sempre a ficçón na sua crueldade vital. As pegadas dos negros escrávos, ficarom gravadas pola cidade em nomes como: “O pozo dos negros” e “A Rua das Pretas”, etc… Famosas eram as “Negras Calhandreiras”, que recolhiam os dexectos das casas, para logo os verter no rio Texo, vivendo à custa do saneamento da cidade, e contribuindo para evitar doenças e epidemías, com ésta sufrída labor. E, mais famosas ainda eram, as “Negras do Pote”, que com as suas bilhas de barro à cabeza (e que non podiam pousar o pote no chán (teóricamente para evitar as poéiras, mas na realidade para aumentar o tormento das pobres mulheres), transportabam àgua para a cidade toda. Esta xente buliciosa que se xuntaba nos xafaríces para encher as bilhas, forom os que cederom o negócio ós nossos compatriótas galegos, xente humilde das aldeias galegas, enviados algúns ainda nenos, para ésta cidade. O século XVII, significou um enorme baixón da escravatura, e Lisboa foi perdendo paulatinamente cor. Mas, a partir da década de 1970, depois da independência das colónias, o numero de negros em Lisboa foi aumentando explosivamente, até à actualidade, na que incluso há ministra negra da xustíza. Mas, désta vez o sistema português, que os integraba de forma harmoniosa e relativamente bem na sociedade, foi substituído pola sistema americano, concentrando a povoaçon em barriadas marxinais da perifería da cidade. Trabalham básicamente na “Construçón Civil”, espectáculos para entreter o turismo, e também o desporto é, um campo no qual se desenvolvem bem. Parece ser, que com a retirada dos galegos, estamos talvés entrando nunha nova etapa, unha outra maneira de escravatura.

A IRMANDADE CIRCULAR

Deixar un comentario