
Esse surpreendente activismo converte-o num herdeiro dos intelectuais comprometidos passados, presentes e futuros. O próprio Voltaire, e xá non as suas obras, constitui um símbolo contra a intolerância, unha bandeira que se pode axitar contra todo tipo de superstiçóns e preconceitos, tan bem ridicularizados até ao paroxismo pela sua prodixiosa ironía. O seu melhor legado é o de nos ter ensinado a rir, a esboçar um sarcástico sorriso perante situaçóns claramente melhoráveis, a reivindicar ferozmente as ofensas com a força de um olhar satírico. Teremos sempre a catarse do engenho perante a estultícia de uns estereótipos alienantes. Toda a vida de Voltaire é um combate contra as infâmias; daí a sua célebre máxima “Écrasez l’infâme!” (Esmagai o infame!), que se tornou num símbolo para quem opta por practicar a dissidência e non por seguir o toque de clarim, para utilizar a expressón consagrada por George Brassens na sua cançón “La mauvaise réputation”. Alguém disse que o século XVIII podía ser lembrado como “o Século de Voltaire”, o que non é muito difícil de aceitar. Voltaire non costuma fazer parte dos currículos de estudos filosóficos e a filosofía académica deprecía o seu pensamento por falta de rigor. Isso diz muito pouco a favor da filosofía oficial, porque Voltaire faz parte de um escasso conxunto de pensadores que modelaram a visón dos perigos e ameaças que pairam actualmente sobre a nossa sociedade. Non é preciso ter lido Platón, Epicuro, Rousseau, Marx ou Freud para estar imbuído das suas ideias, que fazem parte do nosso acervo cultural. E o mesmo acontece com Voltaire. A sua filosofía faz parte de nós próprios, embora non tenhamos consciência disso, tal como acontece com o pensamento de Diderot, outro nome injustamente menosprezado pelas prateleiras das nossas bibliotecas filosóficas. Encontramo-nos perante um polígrafo que versificaba com unha facilidade espantosa, que escreveu poemas épicos, dramas e comédias, contos e até unha história de ficçón científica “avant-la-lettre” intitulada Micromegas. mas non sisudos e obscuros tratados filosóficos. Nem falta faziam. Teriam ficado extremamente aborrecidos.
ROBERTO R. ARAMAYO