
De facto, enquanto para dizer algo utilizo linguísticamente a palabra “é” (“o martelo é pesado”), daquilo sobre o qual non digo nada é precisamente do ser, do “é” em questón que utilizei para esta afirmaçón. O “é” está pressuposto, entre subentendido e esquecido, além de que sería inútil deter-se nele, pelo simples facto de que non significa nada. Enquanto “martelo” ou “pesado” têm significado, a partícula “é” non tem, embora sexa precisamente por non ter, que pode servir de nexo entre um, “o martelo”, e o outro, “pesado”. Reparemos, ao chegar aquí, que, à diferença fundamental entre o “é” e o que se diz graças a esse nexo (martelo, pesado), há que acrescentar outra diferença, non menos importante, entre os termos “martelo” e “pesado”. Embora, para sermos xustos, o interessante non sexa a diferença específica desses dous significados, que poderiam ser quaisquer outros, por exemplo “a manhán” e “soalheira”, mas a posiçón que ocupam na frase: um vem sempre antes e o outro depois (“a manhán é soalheira”). Graças ao nosso conhecimento gramatical, poderíamos dizer, neste caso, que o substantivo é o que vem antes e o adxectivo depois, mas nem sequer isso é suficiente, porque o que aconteceria quando no enunciado se tratasse de dous substantivos, como quando por exemplo digo que “a pescada é um peixe” ou que “o ouro é um mineral”? Nesse caso, saberíamos que mineral também é um significado que pode vir antes, mas xustamente por ser um substantivo. Assim, mais do que de significados concretos, teríamos de falar de posiçóns: o que vem primeiro é, em qualquer caso, aquilo “do qual se diz” e o que vem em segundo lugar, “o que se diz”. E se, para simplificar, reconhecêssemos que o despercebido e insignificante “é”, que é quase desprezável, na verdade é aquilo que arma a estructura entre esse antes e esse depois; dito em termos gramaticais, entre o “suxeito” – aquilo do qual se diz – e o “predicado” – aquilo que se diz? A noçón do ser ganharia, nesse caso, um papel muito relevante – articular a estructura suxeito/predicado -, embora, em boa verdade, continuasse a ser pouco visível: vê-se um e outro, o suxeito e o predicado, mas como ver o ser?
ARTURO LEYTE