Arquivos diarios: 04/09/2019

OS DEMÓNIOS

Ainda que protexidos durante largo tempo a causa do seu rango, Robert e Frances acabarom por ser detidos. Ninguém ignoraba xá as actividades às que se tinha entregado a Lady mais bella de Inglaterra: os polvos, os venenos, as missas negras e as demais prácticas diabólicas, que pronto lhe seríam atribuídas xenerosamente. Xentes bem informadas certificarom que tinha sido vista várias vezes dirixindo-se ao sabbath para oferecer-se núa a um espantoso demónio com cabeza de carneiro. Non obstante, antes de conducila à prisón, concedeu-se-lhe à xovem algúm tempo para que alumbrá-se unha nena, Anne, em meio de unha agonía de vergonha, sofrimento e terror. Foi encarcerada por fim na Torre de Londres, o 27 de Março de 1616, Frances non opuxo dificuldade algunha para confesar, e explicou tudo. De maneira algunha iría permitir que estragassem o seu corpo, nas máns brutais dos atormentadores, e esixíu um xuízo. Dunha forma supremamente hábil e diabólicamente femenina, compareceu ante os xuíces com hábito de penitente, soltos os seus cabelos de prateados reflexos, ataviáda com unha larga camisa de unha fazenda basta, que mal suxeita, deixaba entrever encantos arrebatadores. Simulou, ó mesmo tempo, tán grande arrependimento, tanta humildade, que os zuízes deslumbrados e emocionados, acreditarom encontrar-se ante a Magdalena em pessoa. Desgraçadamente para ela, Frances tinha entre estes a enemigos irreconciliáveis, aos que ningúm encanto podería apaciguar. Estes xuízes acabarom impondo o seu parecer e a bellissima condesa de Somerset, escutou a sentença que a condenaba a morrer na fogueira. Orgulhosa até ao fim, aceptou-a sem parpadear e com a cabeza alta… O dia seguinte, o home ó que ela tinha amado até ó críme, conheceu a mesma sorte, mas ele non confessou nada. Robert Carr, vizconde de Rochester e conde de Somerset, defendeu-se encarnizadamente, ameaçando ao rey com fazer públicos os seus segredos. O monarca titubeaba no referente a permitir que fosse entregado à xustiça, mas o aposto George Villiers encontrába-se xunto do rey, e soubo mostrar a máxima indignaçón ante tamanha ingratitude e ignomínia. Jacobo non tivo forzas para resistir e deixou que o seu ex-favorito fosse condenado. Sem embargo, quando se aproximou o momento de entregar os dous culpados ao verdugo, el rey sentíu remordimento e concedeu um indulto à parexa, conmutando a pena pelo exílo a perpectuidade. Despoxados de todas as sua posses, das suas terras, dos seus títulos, das suas xóias e da sua fabulosa fortuna, tiverom que empreender os dous o caminho da Escócia, onde lhe quedaba a Robert o ruinoso castelo dos Carr, seus antepassados. Nel deberíam viver, solitários e proscríptos, durante o resto das suas vidas, com a prohibiçón formal de sair do seu recinto. Começaba entón para os dous esposos unha existência infernal, um avarno de furor e de rencor que cada dia os enfrentaba mais, xá que cada um facía responsábel ao outro do desastre. Privados de todo fasto, com a beleza de Frances agostada naquel ambiente quase mísero, com Robert convertido num tosco e brutal ganhám, non se voltou a falar de amor entre os dous e somente quedou um ódio silencioso e feroz que os iría acompanhar durante muitos largos anos. Frances foi a primeira em morrer, em 1632, Robert todavía se víu obrigado a soportar aquela mísera existência até 1645, ano em que morreu. Apoiando-se cada um deles no outro, talvés encontraram um caminho salvador, mas o seu amor estaba feito de orgulho e de carne, non de corazón e, em consequência, pouco a pouco se destruírom mutuamente. Facía tempo que, por outra parte, a sua Inglaterra xa non existía. O punho de Cromwell tinha-se abatido sobre o país. Possibelmente, nunca pensaríam que também eles tinham a sua parte de responsabilidade neste câmbio radical…

JULIETTE BENZONI