AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (93)

Desgrácia Segunda: o día 31 de Xaneiro de 1918 (quinta feira), vinha eu de serrar com Motrete para o Senhor Francisco da Blanca. Quando nós chegamos, sentimos a Ganeca a berregar com a Pelitrona, e eu parei-me debaixo da minha ventana falando com Maria Rosa da Costa. Xá o Motrete estaba batendo na Ganeca. E eu había uns días que non tinha sonhado nada, e ésta noite facía três dias que me tinha afumado com as herbas do campo santo. Ó deitarme sonhei o seguinte: sonhei que estaba num sítio que non conhecía, e vexo à minha esquerda a Senhora Lisa de Oliveira e à minha dereita o Senhor Cura Val, que foi um Spiritísta notábel de Guillade (Q. E. P. D.), muito bem vestido e fermoso, falando comigo e eu com el, algo falaba também a Senhora Lisa, mas a conversa fundamental era entre el e eu. Eu queixába-me de algunha maleita, tendo à mán unha medicina sem encertar, que estaba num frásco rectangular, e por fora em letras decía, Nitrix ou Niglix, ou cousa semelhante. Despois, despertei e encontrei-me na cama o día um de Febreiro às 3 da manhán. Voltando a cair no sono: sonhei que tinha saltado para um cemitério, eu e mais outro; despois que subím para cima dunha casa, e a estaba alagando; que estaba com a ideia de copular carnalmente com a Senhora Flora de Oliveira, eu estaba cauteloso com o filho, e andába à espera que ela vinhé-se para um sítio apropriádo; despois que vinha eu pola estrada de San Martinho abaixo, acompanhado de Benito Candeira, etc… Hoxe, 10 de Febreiro de 1918, Domingo de Carnaval, había um gaiteiro na casa de Caetano García, eu estaba na minha casa, queixando-me com fortes dores de peito. Uns días na porta, outros na ventana, ou repousando na cabeceira da cama, andaba um páxaro chamado paporrúbio. Zapatos, visita à Virxem: Neste mesmo día 10, xá referido, tomei unha purga de ricíno, que non me fixo nada, e saím da casa polas 2,20 da tarde, caminho da de Juanito do Coterel em Oliveira, para buscar uns zapatos que lhe tinha mandado fazer. O vír de volta, passei pola capela da Virxem do Socorro, e desde a cruz onde dá volta a procissón vinhem chorando, as bágoas caíam a chorros, e o pensamento era que, quando fora a fésta, eu xá non existiría. A minha vida daba término aos 34 anos, aínda non cumpridos, chorei até ó sair das cabadas, meus queridos leitores, eu penso que a minha vida finda, rogai por mim a Deus.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

Deixar un comentario