Arquivos diarios: 09/08/2019

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (92)

Orixem de unha nova enfermidade. No mes de Decembro de 1917, fun à casa da María Rosa da Costa. A qual me tinha chamado para lhe escreber unha carta, a troco da qual me deu pan e vinho. Mas, ó chegar à casa, puxem-me a ler unha oraçón… sentím um meio rumor na cabeza, como um bahído, ainda que non muito. Transcurridos algúns dias, andei no azeite máxico (das uvas), molhando um dedo. Ós poucos momentos sentím um remorso muito grande, por todo o corpo, como se me entrára no corpo unha bofa quente, acompanhada de um zumbido que me assustaba. Repetindo-me por várias vezes durante um par de horas. Por fím cesou, e non lhe fixem caso até ao seis de Xaneiro de 1918, poucos dias antes ou despois, ensinárom-me um libro do Abade que morreu em Oliveira, e ó folheá-lo molhei o dedo na língua, que despois de transcurridos quinze minutos, sentím por todo o meu corpo um calor enormíssimo, quedando tonto dos sentidos e exánime, que só logrei cesar desinfectándo-me e masticando um alho. Eu, crendo ser ilusón ou defeito habido no corpo, non fixem caso, até que me atentou algúm Spírito malo a comprar-lhe um libro Parvum Codex, hasta entón, non sentía dor no peito. Quando tinha o libro na mán e lía algo, sentía um calor por aí arriba, que era obrigado a deixá-lo. Unha noite, pousei-o sobre a mesa, e sacudín-lhe o polvo com um pau, largou unha poeira extranha, que ó tomar contácto com o alento, introduciu-se-me no peito. Acto seguido, assaltou-me unha repentina calor que ao passar me deixou dor de peito, muito forte e activa, que me fixo chorar lágrimas e andar noites em vela. Por fím, tomei duas gotas de Palmachvizti e abracou-me algo, e despois acabei tomando-o todo. O seguinte dia fun buscar mais. O dia 21 acabei-o, e fun a Trancoso a unha Mesa Adivinhatória, que me dixo que fora bocado dado a comer. Logo tomei a purga, e atacou-me o remorso de calor por aí arriba, mas bastante forte, e a dor quase me passou. O 23 de Xaneiro de 1918, fun a xunto de D. Domingos Soutulho, que me fixo um esconxuro, exorcismos e desempactos. E non sentín remorso, como quando tomei a purga. O dia 23 à noite fun ó ádro de Oliveira, para colher as herbas do Campo Santo, etc… (que D. Domingos me tinha mandado levar). Xá non sentín o calor arriba dito, somente sentía um rumor de consciência (com pouco calor), mas, com um temor que me inclinaba o sentido baixo os meus pecados (vexa-se pagª 54). Désta andaba trabalhando de serrador com Motrete, e deixei-me andar uns dias, mas, a dor foi-se pondo mais activa. Eu tinha o libro na casa, e ó colhé-lo sentía unha friáxe nas máns, que ficavam pasmadas. Non me quedou mais remédio que espandilhar o maldito libro.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

RAWLS (UNHA TEORÍA DA XUSTIZA)

Em 1971, Rawls publica a sua obra-prima, Unha Teoría da Xustiza, um texto que marcou a ética e a filosofía política desde entón. Ésta obra debe ser entendida como a resposta sistemática mais importante aos problemas éticos do utilitarismo. (…) Em primeiro lugar, Rawls defende unha concepçón “política” da xustiza, de modo que esta se isole das doutrinas metafísicas – relixiosas, filosóficas ou morais – que convivem na sociedade frequentemente em confronto entre si. A ideia essencial é que o xusto debe ser independente do bom, ou sexa, a xustiza debe ser imparcial, debe ser fiel à imaxem clássica que a representa com unha venda nos olhos. Caso non fosse assim, acabaría por favorecer algunha dessas doutrinas e, consequentemente, as outras, com razón, non se sentiriam tratadas e protexidas da mesma forma, e non se conseguiría o consenso necessário para escolher os princípios de xustiza. Na terminoloxía de Rawls, se o conxunto dos membros da sociedade non aceita nem se compromete com os princípios de xustiza, a sociedade non será “estábel”. Em segundo lugar, Rawls concebe a sociedade como um “sistema equitativo de cooperaçón social entre pessoas libres e iguais”. Trata-se de unha ideia especialmente interessante para a igualdade. Por um lado, unha sociedade cooperante non é unha simples actividade socialmente coordenada, pois debe guiar-se por regras reconhecidas e publicamente aceites como idóneas por todos os seus membros. Por outro, a cooperaçón debe ser levada a cabo em condiçóns equitativas, ou sexa, todo aquele que cumpre a sua parte, respeitando as esixências das regras acordadas, debe ter benefícios segundo um critério público e aceite. É a base da “reciprocidade”: todos os cidadáns debem beneficiar da forma como as instituiçóns sociais se organizam. A sociedade cooperante parte da ideia de que nós, as pessoas, somos igualmente “racionais e razoáveis”.

ÁNGEL PUYOL