Arquivos diarios: 25/07/2019

DESCARTES (UNHA FILOSOFIA SURXIDA DA RUÍNA)

Para captar a inegábel orixinalidade de Descartes será necessário apreciar até que ponto esse novo continente a partir do qual é escrito o Discurso do Método tería sido “impensável” apenas meio século antes. Non se trata de que os escolásticos medievais ou os “humanistas” do Renascimento (as duas correntes que lutaram pela hexemonia intelectual nos séculos XV e XVI) estivessem “cegos” perante a nova ciência ou fossem incapazes de estudá-la. Para evitar cair nesse tipo de simplificaçóns, é necessário entender que unha concepçón como a cartesiana simplesmente non tinha sentido para eles. Se a filosofía possui um encanto especial e unha dificuldade única é porque nela non se trata de refutar ou ridicularizar épocas e modos de pensar “superados”, afirmando a “priori” a hexemonia do presente, mas, antes de mais, “entender” esses modos de pensar como rexións e inclinaçóns da nossa própria razón que podem ser visitadas ainda hoxe com o exercício mental apropriado. Apenas fazendo esse esforço será possível entender porque para nós, habitantes tardios da modernidade, se tornou impossível voltar decididamente a essas maneiras de pensar que viam o seu estiolar com o fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Precisamente por ser muito complicado entender Descartes sem compreender a turbulenta situaçón que a Europa atravessava no começo do século XVII, teremos de explicar o contexto em que se abriu esse espaço para unha “recta investigaçón” e deliberaçón racional. Como Descartes diz, para fazer um “esforço intelectual” preciso e bem aproveitado, que non era em sí mesmo evidente e esixía romper com a autoridade para “pensar e conhecer o mundo como se fosse a primeira vez.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO