A GRANDE ABSTENÇÓN FILOSÓFICA

A filosofía (e a ciência) nascem quando o método para pensar passa a ser o perguntar-se. Assim que cada um formula para si próprio unha pergunta xá articulada, minimamente clara, de algunha maneira expressa em palabras, “compreendeu” xá algunha cousa e passa imediatamente a examinar com olho crítico se aquílo que os restantes dizem saber sobre isso mesmo se adequa ou non ao que ele compreendeu. Naturalmente, o resultado desta confrontaçón pode anular o saber comum e tradicional. É precisamente este que fica em questón, “problematizado” pelo problema e ofuscado e anulado na vertixem do mistério. Também se pode dizer que há algunha forma orixinal de ciência e filosofía onde quer que se forxe a palabra “todo”. Porque precisamente o mistério é o “todo”, ao passo que o problema é sempre “parte”. O problema reorienta a traxectória direita da vida; o mistério converte-a em algo “duplo”: continua a ser traxectória mais ou menos ziguezagueante, mas agora, a outro nível. Continuamos a meio do “mundo da vida” quotidiana (estou aqui a introduzir um muito peculiar e difícil termo técnico do Husserl idoso, que examinaremos), mas acrescentámos a “vocaçón” nova, o “ofício” novo que esixe (e transcorre na) “abstençón” a propósito dos saberes herdados e das convençóns, e que começa por nos pedir que, embora estexamos profundamente seduzidos pela eficácia, pela precisón, pela certeza e pela verdade das ciências e das técnicas, non confundamos a filosofía com nenhuma delas.

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

Deixar un comentario