Arquivos diarios: 25/06/2019

RORTY (EVOLUÇÓN)

Terminou os seus estudos secundários com notas medíocres em filosofía (talvez por causa de unha depressón que, na altura, coincidiu com outra do seu pai, mas que non foi a única da sua vida). Non é, por isso, de admirar que ao decidir frequentar estudos superiores na mesma Chicago, bastante atribulada, se deixasse impressionar por Leo Strauss, um exilado alemán que chegou à universidade dessa mesma cidade em 1949. Nas aulas estudou obras como Direito Natural e História, mas contrariamente a outros colegas (como Allan Bloom, que muitos anos depois atacaría a esquerda pós-moderna em libros como The Closing of American Mind) non apreciou a sabedoría hermética de Strauss nem o esoterísmo do grupo. Nem sequer sob o feitiço do filósofo alemán o platonismo acababa de funcionar, e as suas dúvidas cresciam: era suposto que um filósofo fosse capaz de proporcionar argumentos irrefutáveis, argumentos que podem convencer qualquer um, mas será compatíbel a procura desse poder argumentativo com a procura de um estádio existencial “em que se dissipam todas as nossas dúvidas, mas xá non sentimos desexo de argumentar?” (PP). Sería realmente necessário harmonizar a iluminaçón e a filosofía? Em Chicago, Rorty teve outros professores e influências, e algo começou a mudar lixeiramente à medida que foi aprendendo a contextualizar as ideias e a vê-las como parte do teatro da história. Em 1995, perguntaram-lhe qual era a faceta da sua formaçón filosófica que lhe era mais valiosa. “A parte histórica que aprendi na Universidade de Chicago, onde a história da filosofía era practicamente tudo” (CL), respondeu. Graças a professores como Paul McKeon e Charles Hartshorne, Rorty acabou por ler histórias sobre as ideias tán criativas como Adventures of Ideas, de Alfred North Whitehead (o matemático que tinha escrito com Bertrand Russell Principia Mathematica em 1911, para depois embarcar nunha filosofía onde a realidade non era feita de substâncias, mas de acontecimentos), ou A Grande Cadeia do Ser, de Arthur Lovejoy, que investigava a ideia do universo como unha estructura contínua e ordenada desde Platón até ao século XVIII. Contudo, a narraçón que mais atraiu a atençón e o interesse de Rorty era muito diferente de todas estas e foi escrita no século XIX: Fenomenoloxía do Espírito, de Hegel, que parecia entrelaçar o passado com tudo o que encontraba à sua passaxem dentro de unha história impressionante, mas sem unha moral clara. Hegel manifestaba a possibilidade de se lançar à história sem reservas, adoptando figuras da consciência e saindo de cada unha delas “pronto e ansioso por algo novo e completamente diferente” (PP). Estes libros inculcaram-lhe o gosto pola história cultural de altos voos, um prazer que nunca perdería e que, ao cabo de uns anos, se vería preenchido pela leitura de autores como Étienne Gilson, Hans Blumenberg e, sobretudo, o último Heidegger. “O meu gosto por aquelas narrativas sinópticas fez-me pensar por momentos que o meu verdadeiro “métier” era a história intelectual” (AI). Non obstante, com o passar dos anos preferíu embrenhar-se em visóns muito menos ambiciosas. Os filósofos, afinal, deixam-se levar facilmente pola fantasía de que as suas grandes histórias consistem em algo mais profundo do que unha série de episódios humanos vistos a partir de um tempo e de um lugar continxentes. “Até Hegel, o grande ironista, por vezes sucumbiu a essas fantasias. E Heidegger, o grande egoísta, nunca conseguiu escapar-lhes” (AI).

RAMÓN DEL CASTILLO