
A data mais significativa da sua intensa vida foi, talvez, aquele Decembro de 1557 em que entra no Palais de l’Ombrière, sede do Parlamento de Bordéus. No início de 1558, esperaba-o o encontro que marcaría toda a sua vida futura. La Boétie, “o bem-nascido” (II, 17), definido no capítulo Da Fisionomia (III, 12) como “unha alma lindíssima”, “unha alma completa (…) que revelaba um belo aspecto em todos os sentidos” (II, 17), xá tinha escrito o Discurso da Servidón Voluntária. Um pouco mais velho do que Montaigne, La Boétie tinha nascido em Sarlat em 1530. Aos 23 anos, xá era conselheiro no Parlamento, embora com unha autorizaçón especial de Henrique II por non contar ainda com a idade legal de 28 anos. Tal como Sócrates, “exemplar perfeito com todas as qualidades”, a quem coube um corpo e rosto disformes e non coincidentes com a beleza da sua alma, Étienne é um sileno: “a fealdade que continha unha alma lindíssima (…) era (…) fealdade superficial” (III,12). Morreu a 18 de Agosto de 1563, em Germignan. No capítulo Da Diversón (III, 4), Montaigne escreve palabras desconsoladas: “Fún tocado unha vez por unha dor profunda, pela minha natureza (…) talvez me tivesse perdido…”. A dor parece non conhecer tréguas: “Desde que o perdi (…) non fago mais do que arrastar-me languidescendo” (I, 28). A mesma languidez e desconsolo (que o prendem ao pensamento doloroso do amigo perdido) aparecem também durante a sua estada em Bagni di Lucca, na sua viaxem a Itália. A vista das águas ferrosas evoca-lhe a cena ancestral da sua grande amizade; e talvez também o remorso por unha promessa non cumprida: a falhada publicaçón do Discurso da Servidón Voluntária. Mas o processo do luto tinha levado Montaigne a escrever a sua obra-prima filosófica como unha conversa perdida, unha conversa truncada apenas pela própria morte.
NICOLA PANICHI
