Arquivos diarios: 18/06/2019

FRANÇOIS-MARIE AROUET (VOLTAIRE)

Curiosamente, se Voltaire tivesse morrido aos 60 anos, quase ninguém se lembraría dele, apesar de algunhas das suas obras lhe terem valido, naquela época, o epítecto de novo Homero, ou novo Virxílio, dado o apreço que chegou a ter o seu poema épico intitulado Henríada, sobre Henrique IV, o rei de Navarra que se convertiría ao catolicismo para subir ao trono de França, porque “París vale bem unha missa”, a outra ideia luminosa inesquecíbel foi a mazán de Newton. Na verdade, tal como se fala do primeiro e do segundo Wittgenstein para distingir duas etapas muito diferentes da sua traxectória, representadas respectivamente pelo Tractatus Logico-Philosophicus e pelas Investigaçóns Filosóficas, também podemos falar de, pelo menos, dous Voltaires muito diferentes: o dramaturgo de sucesso e o autor de obras como o Tratado Sobre a Tolerância, embora hoxe o segundo nos interesse muito mais do que o primeiro. Durante as duas últimas décadas da sua vida, Voltaire dedicou-se a divulgar pola Europa, sob diferentes pseudónimos, um leque de escritos que forom desaprobados, prohibídos e até queimados, liderando campanhas a favor das víctimas dos abusos xudiciais e sabendo mobilizar, com a sua pena, unha opinión pública que começaba a ser respeitada. Voltaire participou em todos os combates do seu tempo contra o fanatismo, porque que a sua natureza, temperamento e convicçón faziam dele um insubmisso incapaz de se calar perante unha inxustiça, unha crueldade ou um abuso de poder.

ROBERTO R. ARAMAYO