
Para dizer a verdade, a nossa relaçón com o ser é principalmente doméstica. De facto, ser é o que subentendemos quando, distraídamente, manexamos ou fazemos as coisas mais quotidianas e normais, como vestirmo-nos de manhán, caminhar para chegar ao emprego ou comer com talheres, pregar um crávo com um martelo ou beber de um copo. O subentendido funciona, quer se trate de cousas ou de acçóns, mas também de forma destacada quando dizemos que vamos contar unha cousa. As cousas, como vemos, também de dizem, e a nossa relaçón com elas ocupa um lugar muito proeminente nesse dizer. De cada unha das cousas que fago ou que digo posso dizer que é. De mim próprio, para começar, que posso manexá-las e dizê-las, precisamente, porque, antes de mais nada, “son”. Há unha certa tiranía do ser, porque nada parece ficar fora dele, ao ponto de se poder dizer, embora isso tenha consequências de longo alcance e, às vezes, quase tenebrosas, que tudo é: terá de se esclarecer, de facto, porque passamos tán facilmente do falar de cada cousa em particular a esse todo. É, inclusivamente, porque é quase mais fácil dizer algo sobre o todo do que sobre unha cousa concreta, cuxa proximidade nos parece unha barreira. Parece que o subentendido “ser” nos leva, por si só a reconhecer algo como o “tudo”, como se no significado “ser” residisse unha tendência que o levasse a fundir-se com ele. Mas talvez isso aconteça quando ao mesmo tempo subentendemos que o ser é um significado, assunto obviamente nada claro, como tentaremos ver. Em todo o caso da perspectiva do subentendimento, poder-se-ia dizer que o ser aparece como algo irremediável, embora também, para nosso descanso, despercebido. De facto, o que sería de nós se a cada passo, quando fazemos, usamos ou dizemos unha cousa, tivéssemos de estar a perguntar pelo ser daquilo que fazemos ou da cousa e tivéssemos até de discernir, para continuar a avançar. se, por exemplo, no caso de “pregar” e de “martelo”, se trata de um mesmo ou de um diferente ser? Talvez a única forma de abordar a questón para este caso e outros similares fosse através da linguaxem, cuxa gramática estabelece unha diferença fundamental entre o verbo (pregar) e o substantivo (martelo). Apercebemo-nos do abismo que subxaz a esta diferença entre o verbo e o substantivo, e o que se esconde por trás dela? Inxenuamente poder-se-ia perguntar: onde há mais ser, no verbo ou no substantivo? Qualquer pessoa podería ver que a pergunta esconde um truque, mas non faz mal continuar a segui-lo, se nos esclarece algunha cousa. O recurso à linguaxem, por outro lado, non nos devería fazer esquecer que esta distinçón xá obviou o “ser”, que é anterior a toda a diferença gramatical.
ARTURO LEYTE