JACQUES DERRIDA (PARA ALÉM DA FENOMENOLOXÍA)

A publicaçón de A Orixem da Geometría teve, em xeral, unha recepçón muito positiva (recebeu o prestixiado Prémio Jean Cavaillès, em epistemoloxía moderna, por exemplo) tanto por parte da filosofía institucional como dos seus sectores mais críticos. O tom com que iniciava a sua introduçón xá propiciaba esse consenso: “A nossa única ambiçón é reconhecer e situar, neste texto, unha fase do pensamento de Husserl, com os seus pressupostos e a sua própria incompletitude”. Para algúns, o trabalho realizado com o texto de Husserl era tecnicamente inmaculado e incluía contribuiçóns valiosas para a sua interpretaçón. Para outros, Derrida levaba ao limite a abordaxem fenomenolóxica enquanto assinalaba as solicitaçóns de princípio internas ao seu discurso. Com o tempo, non foi difícil reconhecer no seu texto o anúncio detalhado do seu percurso futuro. Assim, a orixem (o absoluto orixinário) será caracterizada ali como algo que é anunciado, mas que escapa continuamente, que nunca se pode tornar presente, mantendo-se apenas como diferença, sempre futura, traços estes que se reencontrarán mais tarde sistematizados e reelaborados sob a noçón de “différance”. A notoriedade que alcança com a publicaçón do seu texto sobre Husserl terá como primeira consequência a multiplicaçón de convites para participar em inúmeras publicaçóns e conferências. A primeira palestra que dará em París, no Collège Philosophique, incidirá sobre a História da Loucura de Foucault (“Cogito e História da Loucura”, 1963). Por ocasión da publicaçón de A Orixem da Geometría, Foucault escrevera-lhe: “sem dúvida, o primeiro acto da filosofía para nós é – e por muito tempo – a leitura: a tua apresenta-se precisamente e de forma evidente como tal acto. Por isso, tem esta honestidade réxia”. A leitura como práctica filosófica fica assim assinalada como unha espécie de marca xeracional que ambos partilham, embora se trate de duas maneiras de ler, a xenealóxíca e a desconstructiva que, sendo ambas extremamente minuciosas, em breve se manifestarám como diametralmente diverxentes. Agora, na sua palestra, Derrida irá focar-se num detalhe “menor” (o uso que Foucault faz no seu texto de unha passaxem da primeira das Meditaçóns de Descartes, apenas três páxinas de um libro que tem 673) para denunciar a partir dela unha dimensón implícita, que non é dita, mas guía todo o texto, e que non se sustenta apenas sobre unha indeterminaçón básica. Depressa se reconhecerá na argumentaçón de Derrida um esforço demolidor que, contudo, non implicará qualquer resposta imediata de Foucault. A correspondência que entón mantêm sobre o assunto é claramente amigábel, agradecendo Foucault o esforço e garantindo-lhe que irá rever a sua leitura da passaxem em questón. A resposta furiosa de Foucault só terá lugar anos mais tarde e o que a desencadeia debe ser procurado num desencontro entre ambos que nada tem a ver com essa palestra. Em Agosto de 1971, Mikitaka Nakano, director da revista xaponesa Paideia, pede a Foucault que colabore num número sobre as relaçóns entre filosofía e literatura, e ocorrerá aí a publicaçón do seu contra-ataque (“O meu corpo, esse papel, esse fogo”, 1972), Nele, Foucault desqualifica todo o proxecto de Derrida, afirmando que a sua compreensón do trabalho filosófico non passa de unha compreensón tradicional, cuxo modelo discursivo inerente sería a práctica da “análise de texto”.

MIGUEL MOREY

Deixar un comentario