Arquivos diarios: 07/06/2019

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (88)

Enxo-o com Isolina e com Rosa de Uma. Eu tinha tido vários sonhos com Isolina, ocurridos durante os meses de Septembro e Outubro, mas que non eram tán reais, nem idênticos como no princípio, que cheguei a… Todos ibam decaindo e desfalecendo, pareciame que era muito nova, outras vezes que era mais pequena que na realidade, etc… Um dia, estando eu no meio do monte chamado a Fraga de Matamá, por perto das duas e cinquenta do meio dia, estaba um Sol ardente e caím no sono com um quebranto que todavía estaba doente. Sonhei o seguinte: que Isolina estaba falando comigo, mas sem vê-la, parecía como se falára desde a mais lonxana expansón dos Mundos infinitos, a sua voz baixa, muito marchita, rouca e lânguida; parecía que falára a infinitos milhóns de léguas desviada, parecía que a sua voz brotára da infinita Eternidade dos Mundos desconhecidos. Minha alma conservaba um bago recordo das penas Terrestres “ad illa divigâtur”, e sumia-se na mais pura admiraçón de terror, como extasiada. Eu sabía por intuiçón concedida pola Divina Providência “mater ejuz, nollo illame conjugâlem”, mas ela continuou fazendo caricias, nos intervalos que solíam vir ó caso, até ó mes de Novembro de 1916, “Consiliis mater ejus ad illam datur, mecum vidicufi sunt.” Voz desde a Expansón, esta voz de Isolina anotada na páxina 119, parece ser a última Prophecía por ser a que me recorda mais algo, mas pode por-se na antepenúltima, as demais, non tenhem ningunha identidade com a cousa sonhada, só basta decir que non tenhem mérito nem valor nas columnas deste libro.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

MICHEL FOUCAULT

“Houve unha grande época da filosofía contemporânea, a de Sartre, de Merleau-Ponty, na qual um texto filosófico, um texto teórico, devia dizer afinal o que era a vida, a morte, a sexualidade, se Deus existia ou se Deus non existia, o que era a liberdade, o que fazer na vida política, como se comportar com o outro, etc… Este tipo de filosofía, parece que agora xá non pode continuar, que, se se quiser, a filosofía talvez non se tenha volatilizado, mas sim dispersado, que existe um trabalho teórico que de algunha forma se conxuga no plural. A teoría e a actividade filosófica produzem-se em diferentes âmbitos que están como que separados uns dos outros. Há unha actividade teórica que ocorre no campo da matemática, unha actividade teórica que se manifesta no campo da linguística ou no campo da história das relixións ou no campo da história apenas, etc… E é aqui, finalmente, nesta espécie de pluralidade do trabalho teórico, que é realizada unha filosofía que ainda non encontrou o seu pensador único e o seu discurso unitário.”

Paul-Michel Foucault nasceu em Poitiers, a 15 de Outubro de 1926, no seio de unha família abastada. Depois da Ocupaçón, mudou-se para París onde continuou a sua formaçón. Entrou na École Normale Supérieure em 1946. Terá como primeiros colegas Pierre Bourdieu, Maurice Pinguet, Jean-Claude Passeron, Paul Veyne. Licenciou-se em filosofía pola Sorbonne em 1948. Segue com admiraçón os cursos de Merleau-Ponty (“exercía um fascínio sobre nós”, recordará), que em 1949 lhes deu a descobrir o pensamento de Saussure. Licencia-se em psicoloxía. A sua vida pessoal atravessa momentos difíceis nessa época, de desapego existencial, no qual non faltam tentativas de suicídio nem o abuso do álchool, nem quem o confronte com a sua orientaçón sexual. Em 1950, ingressou no Partido Comunista, talvez como resultado das convulsóns políticas que surxiram em França na sequência da guerra com a Indochina, a sua colónia asiática. No ano seguinte, obtêm a agregaçón em filosofía. É nomeado assistente de psicoloxía na Escola Normal, onde os seus cursos de segunda-feira son muito frequentados. E trabalha como psicólogo no laboratório de electroencefalografía do hospital psiquiátrico de Sainte-Anne. Forma-se em psicopatoloxía e em psicoloxía experimental. Lê Nietzsche, Bataille, Blanchot, Char, mas também estuda Ludwig Binswanger, que introduziu a Análise Existencial na práctica psicanalíctica e psiquiátrica, e que visita na Suíça. Investiga-o sobre a interpretaçón das pranchas do teste de Rorschach. Publicará nessa altura Doença Mental e Psicoloxía (texto cuxa reediçón vetaría anos mais tarde), encomendado por Althusser, para unha coleçón de divulgaçón universitária que dirixe. E aparece também a sua traduçón de Sonho e Existência (Traum und Existenz), de Binswanger, precedida por unha longa introduçón.

MIGUEL MOREY