
Dous anos antes visitara o México, onde se iniciaría nos rituais do peiote e na caça ao veado dos índios tarahumara. A convivência com o povo índio e a experiência da droga transformaram-no profundamente. Com o tempo, a sua experiência de entón será reunida num libro, Os Tarahumaras. Após o seu regresso, é detido em Dublin por vadiaxem e deportado para França, onde é submetido a internamento psiquiátrico compulsivo. Começa aí o seu calvário clínico. É internado primeiro no hospital psiquiátrico Quatre-Mares, dali é transferido para Sainte-Anne (onde o Dr. J. Lacan o diagnosticará como “definitivamente perdido para a literatura”), depois para o hospital de Ville-Évrard e finalmente para Rodez. No total, perto de dez anos de clausura, com as respectivas sessóns de electrochoque. E, no entanto, aquando da sua liberaçón, em 1946, a classe intelectual e artística parisiense ficou comovida com o seu regresso: a criaçón teatral que desenvolve em O Regresso de Artaud, o Momo (1947), a emissón radiofónica de Para Acabar de Vez com o Juízo de Deus (1947), ou a publicaçón do seu Van Gogh: o Suicidado da Sociedade (1947) son reconhecidos como impactos artísticos de primeira ordem. Morrerá no ano seguinte. E, lentamente, o seu trabalho começa entón a ganhar importância: em 1956, começarám a ser publicadas as suas obras completas e, gradualmente, Artaud transformar-se-á em obxecto de estudo e ponto de referência, despertando um interesse crescente tanto entre escritores e artístas como entre filósofos da craveira de Merleau-Ponty, Michel Foucault, Gilles Deleuze ou Jacques Derrida.
MIGUEL MOREY