Arquivos mensuais: Xuño 2019

HEGEL (CIRCUNSTÂNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS)

Mas, ao mesmo tempo, e talvez como razón principal do seu interesse político, Hegel continua a ser um desafio propriamente filosófico. É verdade que nunca lhe faltarom apoloxístas que o erixem como pensador fundamental e imprescindível, e, sem dúvida, Hegel nunca deixou de estar presente na maneira de iniciar os estudantes na filosofía ou, pelo menos, na história da disciplina: as opinións de um pensador som apresentadas face às de outro que parece superá-las, mas non privá-las de lexitimidade, o que, como veremos, é a essência da dialéctica hegeliana. Porém, o interesse filosófico de Hegel vai para além do estricto enquadramento da filosofía académica e da docência da disciplina. Antes de mais, a filosofía é unha actitude determinada em relaçón ao meio natural e com o ser de razón que é testemunha dele. Esta actitude non se pode manter durante muito tempo sem unha profunda convicçón sobre a grandeza da própria disciplina, na qual se veria a maior expressón de unha espécie de potência redentora da razón e da palabra. Desta forma, Hegel representa um momento culminante nessa convicçón e nessa aposta. Actualmente, o problema para o nosso filósofo é que o hegelianismo non é a infância da filosofía, mas autoproclama-se mais como o seu destino final. Mas tal como se eloxía no adolescente o entusiasmo vital que um adulto sente xá ter perdido dentro de sí, repudia-se tal entusiasmo em quem, home feito e maduro, considera que sería necessário dar mostras de ataraxía. O tán racional Hegel nunca respondeu à imaxem de quem afasta o seu pensamento das paixóns. Non o fez na noite anterior à Batalha de Jena quando, enquanto se estaba a definir o destino político da Europa, escrebia as linhas finais da Fenomenoloxía do Espírito, aquelas que abriam caminho ao que, no seu entender, sería o saber absolucto (embora Pinkard, autor de unha biografía de Hegel, suxíra que talvez a data de finalizaçón do libro non sexa exacta). Nem sequer o fez no seu exaltado discurso sobre o papel da folisofía quando tomou posse da sua cátedra em Berlim. E nem mesmo quando, dias antes de ser víctima da epidemía de cólera que assolaba a capital da Prússia, deu as suas aulas na universidade e preparou um novo prólogo para a sua obra mais abstracta e na qual reside a chave do seu sistema. Manter unha fidelidade exclusiva a um filósofo é talvez trair o próprio espírito da filosofía. Isso verifica-se em especial quando se trata de um filósofo que se considera ter forxado um sistema que mostraría exaustivamente o mundo e o papel do home nele, o que hoxe pode parecer unha ideia quase disparatada. E, contudo, há polo menos um aspecto em Hegel a que a disposiçón filosófica nunca pode renunciar, a saber, a tendência do pensador para non dissociar a filosofía das circunstâncias sociais e políticas que faríam dela algo mais do que unha simples práctica de suxeitos individuais, a qual, em última instância, apenas diría respeito a eles. A filosofía, unha disciplina que concerne a todos, é para Hegel o maior indício de que se alcançou colectivamente um elevado grau de concretizaçón dos obxectivos mais xenuínos dos seres de razón. Que assim sexa ou non, será precisamente obxecto de reflexón nas páxinas seguintes, o que servirá para voltar às linhas com que encerro este prólogo: “Circunstâncias novas apareceram graças às quais se pode esperar que a filosofía, ciência quase condenada ao silêncio, erga de novo a sua voz”.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

POÊNTES OUTONAIS (FADO)

Veis falarme neste outono

do calor de um vrao passado.

Acordar-me em pleno sono,

de um amor desencontrado.

Se ainda te amo perguntas?

Se ainda te quero, queres saber?

Somos duas sombras xuntas,

de um enevoado entardecer.

Nosso fado foi desgosto,

sol xá posto em tom vermelho.

Somos corpos sem ter rostro,

lado oposto de outro espelho.

Caem folhas pela cidade,

sao poêntes outonais.

Como é líbida a saudade,

meu amor nao chores mais.

Somos fáctica viagem,

sem regresso, sem sentido.

No amor nao há paragem

e o regresso está prohíbido.

Xestos lânguidos doridos,

sobre a luz crepuscular.

Noite calma dos sentidos,

nao, nao me venhas recordar.

Nosso fado foi desgosto,

sol xá posto em tom vermelho.

Somos corpos sem ter rostro,

lado oposto doutro espelho.

Caem folhas pela cidade,

sao poêntes outonais.

Como é líbida a saudade,

meu amor nao chores mais.

Xestos lânguidos doridos,

sobre a luz crepuscular.

Noite calma dos sentidos,

nao me venhas recordar.

FADISTA: JOSÉ MANUEL DE CASTRO (JOSÉ AMARO/JAIME SANTOS)

CÍCLICO RETORNO A XÓNIA

Obviamente, Schrödinger non ignora que esplendorosas civilizaçóns, alheias a Xónia no espaço e no tempo, desenvolverom prodixiosas técnicas que possibilitarom um surpreendente controlo do seu meio. Non ignora que, antes de Tales de Mileto, na China e no Exípto se alcançaram elevados conhecimentos astronómicos e matemáticos, e poderíam multiplicar-se os exemplos. O que nos quer, pois , dizer o grande físico ao assumir unha tese tán radical? Porque se considera que Tales, Anaximandro, Anaxímenes, assim como outros nomes eventualmente menos importantes, representam o verdadeiro nascimento tanto da ciência como dessa singular disciplina que se designa com o nome de filosofía? Obviamente, dizer que duas cousas están envolvidas pressupón assumir que son cousas diferentes, polo que a anterior pergunta remete para esta: em que non se confunde a filosofía com a ciência, embora estexa intimamente vinculada a ela? Lendo autores, a que mais adiante me referirei, que se aproximam do mundo xónico a partir da historiografía filosófica, mas às vezes também a partir da ciência, tem-se a impressón de que explicam mais o nascimento “da ciência” do que o nascimento “da filosofía”. Noutros termos: parece relativamente fácil distinguir a ciência, tal como nós a entendemos, non apenas de outras formas de aproximaçón à natureza, mas, inclusive, de outras formas de a conhecer como as que se dariam no Exípto, China ou Mesopotâmia. Mas surxe a suspeita de que non chegamos a saber muito bem em que consiste a filosofía.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

XUÍZO DA NAVE D’ALBELLE

Resposta ao recurso interposto contra a sentenza de 11 de Abril de 2019.

FÍSICA QUÂNTICA (F25)

Nos primeiros dous mil anos de pensamento científico, aproximadamente, a experiência ordinária e a intuiçón constituírom a base da explicaçón teórica. Á medida que se foi melhorando a tecnoloxía e expandimos o domínio de fenómenos observábeis, começamos a atopar que a natureza se comporta de maneiras cada vez menos parecidas à da experiência quotidiana, polo tanto menos acordes com a nossa intuiçón, como foi posto em evidência pelo experimento dos “fulherenos”. Este experimento é típico da clásse de fenómenos que non podem ser explicados mediante a ciência clássica, mas sim. pela chamada “física quântica”. De feito, Richard Feynman escrebeu que o experimento da dupla rendixa, “contem todo o mistério da mecánica quântica”. Os princípios da “física quântica” forom desarrolhados nas primeiras décadas do século XX, depois de ter advertido que a teoría newtoniana resultaba inadequada para a descripçón da natureza a níveis atómicos e subatómicos. As teorías fundamentais da física, descrebem as forzas da natureza e como os obxectos reaccionam frente a elas. As teorías clássicas, como as de Newton, están construidas sobre um marco que reflexa a experiência quotidiana, no qual os obxectos materiais tenhem unha existência individual, podem ser localizados em posiçóns concretas e seguem traxectórias bem definidas. A “física quântica”, proporciona um marco para compreender como a natureza actua a escalas atómicas e subatómicas, mas, como veremos despois com maior detalhe, implica um esquema conceptual completamente diferente, no qual a posiçón, a traxectória e incluso o passado e o futuro dos obxectos non están determinados com precisón. As teorías quânticas das forzas, como a gravidade ou a forza electromagnética, son teorías construídas nesse marco. (…) Mas, os átomos e moléculas individuais funcionam dunha maneira profundamente diferente da da nossa experiência quotidiana. A física quântica é um modelo novo da realidade que nos proporciona unha imaxem do universo, em que muitos dos conceitos fundamentais para a nossa compreensón intuitiva da realidade carecem de significado.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

GRIECHISCHE DENKER

A ESMAGADORA INFLUÊNCIA GREGA

“Practicamente toda a nossa educaçón intelectual tem a sua orixem nos gregos. Um conhecimento escrupuloso dessas orixens é, pois, um requisito indispensábel para nos liberar da sua esmagadora influência. Ignorar o passado é, aquí, non apenas indesexábel, como simplesmente impossíbel. Unha pessoa non necessita de ter ouvido os seus nomes para estar sob o feitiço da sua autoridade. A sua influència non se deixou sentir apenas sobre quem aprendeu com eles na Antiguidade e nos tempos modernos; todo o nosso pensamento, as categorías lóxicas nas quais este se move, os esquemas linguísticos que utiliza (e que, por conseguinte, o dominam), son, de certa forma, unha elaboraçón e, no fundamental, o producto dos grandes pensadores da Antiguidade. Devemos investigar, pois, esta transformaçón com toda a meticulosidade a fim de non tomar por primitivo o que é resultado de um processo de crescimento e desenvolvimento, e por natural o que é, de facto, artificial.”

GOMPERZ T.

A COMUNA DE PARÍS

A Comuna de París, tinha sido esmagada polas tropas da Assambleia y polo goberno de Versailhes. Alternando com o derribo das barricadas a canhonazos, e os tiroteos nas ruas, seguidos por o corpo a corpo das baionetas, entre incendios que ninguém apagaba – como o que devorou o palácio das Tulharias – , os soldados procedíam ó fusilamento dos “communards” por grupos, trás os conselhos de guerra sumaríssimos, nos que os acusados eram tratados com um despreço hostil. Qualquera prazuleta ou beco sem saída, tranquilos xardins, eram lugares idóneos para as massácres. A represón da Comuna de París é unha das mais feroces que se conheceu na Europa occidental nos tempos passados. Homes, que anos mais tarde mariconeabam nos salóns da Belle Epoque, foram os que ordenaram o fusilamento da “canaille” – artesáns e obreiros parisienses – sem vacilaçóns, convencidos de que era necessário arrincar as malas herbas. Así, por exemplo, o xeneral marqués de Galliffet – valoroso, mundano e ocurrente, que anos mais tarde foi comensal do “Dâner Bixio”, reunión espiritual e docta de personalidades amantes da conversaçón e da boa mesa – distinguiu-se pola sua fría crueldade. Para mostra isto: enfrentándo-se a um grupo numeroso de prisioneiros, ordenóu: -¡Que saíram todos os homes que tenham canas! Cento once homes maduros ou ancianos, deron um passo em frente. Galliffet os fixo separar á vista dos seus companheiros e mandou fusilá-los. Logo explicou: -todos os que peinam canas, viverom as revoluçóns do 48. Com o qual ficaba sobreentendido que eram revolucionários contumaces. (Desde as revoluçóns de Febreiro e Xulho de 1848, á tráxica primavera roxa de 1871, tinham transcurrido vintitrés anos.) Non todos os “communards” – eles preferíam chamar-se “Communeux” ou “Federados”, nome este que tomaron dos guardas nacionais republicanos em Marzo de 1871, quando se constituírom em Federaçón – forom feitos prisioneiros; algúns lograron escapar de París, cruzando as linhas prussianas e incluso as dos versailleses; outros, probabelmente muitos mais, esconderom-se na própria cidade. Entre estes figuraba Eugène Pottier. O nosso personáxe houbera sido unha boa pressa para os que conducíam a repressón, como se verá logo. Mas, correu a voz de que tinha sido executado o 25 de Maio na praza dos Petits Pères – no bairro da Banca de França -. Talvez isso o salvou. Na realidade, Pottier tinha-se escondido nunha mansarda de Montmartre. Em Xunho, quando a repressón ainda non tinha sido encauçada para as vías xudiciais, que bem pouco melhorarom a situaçón dos partidários da Comuna, posto que se lhes negaba a condiçón de políticos (a insurreiçón foi classificada de críme de dereito comum). Pottier, escrebeu por entón o famoso poema “L’Internacional”, que dedicou “ó cidadán Gustave Lefrançois, membro da Comuna.

EDMON VALLES

RORTY (EVOLUÇÓN)

Terminou os seus estudos secundários com notas medíocres em filosofía (talvez por causa de unha depressón que, na altura, coincidiu com outra do seu pai, mas que non foi a única da sua vida). Non é, por isso, de admirar que ao decidir frequentar estudos superiores na mesma Chicago, bastante atribulada, se deixasse impressionar por Leo Strauss, um exilado alemán que chegou à universidade dessa mesma cidade em 1949. Nas aulas estudou obras como Direito Natural e História, mas contrariamente a outros colegas (como Allan Bloom, que muitos anos depois atacaría a esquerda pós-moderna em libros como The Closing of American Mind) non apreciou a sabedoría hermética de Strauss nem o esoterísmo do grupo. Nem sequer sob o feitiço do filósofo alemán o platonismo acababa de funcionar, e as suas dúvidas cresciam: era suposto que um filósofo fosse capaz de proporcionar argumentos irrefutáveis, argumentos que podem convencer qualquer um, mas será compatíbel a procura desse poder argumentativo com a procura de um estádio existencial “em que se dissipam todas as nossas dúvidas, mas xá non sentimos desexo de argumentar?” (PP). Sería realmente necessário harmonizar a iluminaçón e a filosofía? Em Chicago, Rorty teve outros professores e influências, e algo começou a mudar lixeiramente à medida que foi aprendendo a contextualizar as ideias e a vê-las como parte do teatro da história. Em 1995, perguntaram-lhe qual era a faceta da sua formaçón filosófica que lhe era mais valiosa. “A parte histórica que aprendi na Universidade de Chicago, onde a história da filosofía era practicamente tudo” (CL), respondeu. Graças a professores como Paul McKeon e Charles Hartshorne, Rorty acabou por ler histórias sobre as ideias tán criativas como Adventures of Ideas, de Alfred North Whitehead (o matemático que tinha escrito com Bertrand Russell Principia Mathematica em 1911, para depois embarcar nunha filosofía onde a realidade non era feita de substâncias, mas de acontecimentos), ou A Grande Cadeia do Ser, de Arthur Lovejoy, que investigava a ideia do universo como unha estructura contínua e ordenada desde Platón até ao século XVIII. Contudo, a narraçón que mais atraiu a atençón e o interesse de Rorty era muito diferente de todas estas e foi escrita no século XIX: Fenomenoloxía do Espírito, de Hegel, que parecia entrelaçar o passado com tudo o que encontraba à sua passaxem dentro de unha história impressionante, mas sem unha moral clara. Hegel manifestaba a possibilidade de se lançar à história sem reservas, adoptando figuras da consciência e saindo de cada unha delas “pronto e ansioso por algo novo e completamente diferente” (PP). Estes libros inculcaram-lhe o gosto pola história cultural de altos voos, um prazer que nunca perdería e que, ao cabo de uns anos, se vería preenchido pela leitura de autores como Étienne Gilson, Hans Blumenberg e, sobretudo, o último Heidegger. “O meu gosto por aquelas narrativas sinópticas fez-me pensar por momentos que o meu verdadeiro “métier” era a história intelectual” (AI). Non obstante, com o passar dos anos preferíu embrenhar-se em visóns muito menos ambiciosas. Os filósofos, afinal, deixam-se levar facilmente pola fantasía de que as suas grandes histórias consistem em algo mais profundo do que unha série de episódios humanos vistos a partir de um tempo e de um lugar continxentes. “Até Hegel, o grande ironista, por vezes sucumbiu a essas fantasias. E Heidegger, o grande egoísta, nunca conseguiu escapar-lhes” (AI).

RAMÓN DEL CASTILLO

UM FILHO DESCARRIADO E TORTO

O dinheiro acabou e tivem que tragar quantas guardas me correspondiam, pois non toleraba que os afáns patrióticos do Sinésio, me fixeram o relebo gratuito. Ó comprobar que a minha ucha estaba valeira, mandei unha carta ó Hotel da Costa, no qual tinha trabalhado, e confiaba voltar a facê-lo, para que me fixeram providência. O dono era um alemán, marinheiro e combatente da Segunda Guerra Mundial e, acáso nazí escapado, casado com Dona Montse. Dª Montse, era unha catalán bonita e honesta, apaixonada polo borracho do seu marido, e que sufría de migranhas selvaxens. Queria-me como a um filho, descarriado e torto, e enseguida me mandou um “xiro” bastante xeneroso. Mas, eu non sabía, quan pouco tempo me iba servir esta riqueza. Apercebim-me rápido, que o dinheiro sem liberdade, non vale nada: nem sequer para pagar mercenários que me fixeram as guardas. Eu voltava a entrar no “trulho”, esta vez por um período de quince dias. Um altercado nas ruas de Pucela, com uns paisanos faltóns tivo a culpa. A sociedade daqueles días estaba fortemente militarizada, mas o uniforme de soldado raso, non tinha xerarquía, nem suscitaba respeito algúm; um estigma. Em Pucela, eramos como a peste. Ou, no melhor dos casos, como a praga da lagosta: bandadas de lepidópteros que, á caída da tarde, invadíam as ruas de unha cidade falanxista e clerical, em busca da companhia de mulher; por unha grossaría de mais, ou um piropo de menos, podía prender fogo. Sobre tudo, se á procura daqueles “cogolhitos” desdenhosos andabam civis e senhoritos. O mal daquela tangâna, primeiro com os paisanos e logo com a bófia militar, foi que chovia sobre molhado e acabou arruinando a minha inocência. E, ademais, arrastou a Sinésio Fuentes Rascafría, que, esta vez non puido escapar da redada. (…) O orgulho e o desexo, cegan os homes e acabam com a temperanza e com o patriotismo militar. ¿ Quem nos tiraba a nós da cabeza, sobre tudo a Sinésio, que muita patria e muito heroísmo, mas vestidos de uniforme non eramos ninguém, nada de nada, um cero à esquerda? (…) Había naturalmente, casas de putas; mas a mím as mulheres de pago, com todos os respeitos, nunca me gustarom. Decíam que eram as melhores, as que melhor finxem e as que te fán sentir mais home. Mas, pagando, non tinha graça. Assim, qualquera. Vinte “duros” e que passe o seguinte; non lhes daba tempo nem a lavar-se. E, de tanta promiscuidade e mezcolanza, assí estaba o quartel cheio de sifilazos e purgaçóns. (…) Eu, quedei no salón, passando-lhe a mán pola grupa às putas mais éguas, bebendo e sem pringar, non fora colher unhas purgaçóns. Pese a tudo, e sem meter nem nada, non me votarom fama de maricón, como acostumaba passar. (…) Había unha puta mais nova, quase novícia, e a gobernanta, sabedora dos meus escrúpulos sobre o assunto, decía, essa é tan puta que o fái por pura afeiçón. Nem assí: vai tu saber, com quem tinha estado antes aquel anxo cautivo, fora por feiçón ou negócio. A mim, o das putas deu-me sempre como um pouco de piedade. Non acredito que haxa mulher algunha que faga isto por gosto, senón por necessidade e miséria. As putas de luxo, son outro cantar. E, ainda que o sexan, ningunha o parece; ván sempre de finas e senhoronas. (…) Os clientes esperam dentro e, ¡¡ passada a procissón, voltamos à fornicaçón !!

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO

MONTAIGNE (ÉTIENNE DE LA BOÉTIE)

A data mais significativa da sua intensa vida foi, talvez, aquele Decembro de 1557 em que entra no Palais de l’Ombrière, sede do Parlamento de Bordéus. No início de 1558, esperaba-o o encontro que marcaría toda a sua vida futura. La Boétie, “o bem-nascido” (II, 17), definido no capítulo Da Fisionomia (III, 12) como “unha alma lindíssima”, “unha alma completa (…) que revelaba um belo aspecto em todos os sentidos” (II, 17), xá tinha escrito o Discurso da Servidón Voluntária. Um pouco mais velho do que Montaigne, La Boétie tinha nascido em Sarlat em 1530. Aos 23 anos, xá era conselheiro no Parlamento, embora com unha autorizaçón especial de Henrique II por non contar ainda com a idade legal de 28 anos. Tal como Sócrates, “exemplar perfeito com todas as qualidades”, a quem coube um corpo e rosto disformes e non coincidentes com a beleza da sua alma, Étienne é um sileno: “a fealdade que continha unha alma lindíssima (…) era (…) fealdade superficial” (III,12). Morreu a 18 de Agosto de 1563, em Germignan. No capítulo Da Diversón (III, 4), Montaigne escreve palabras desconsoladas: “Fún tocado unha vez por unha dor profunda, pela minha natureza (…) talvez me tivesse perdido…”. A dor parece non conhecer tréguas: “Desde que o perdi (…) non fago mais do que arrastar-me languidescendo” (I, 28). A mesma languidez e desconsolo (que o prendem ao pensamento doloroso do amigo perdido) aparecem também durante a sua estada em Bagni di Lucca, na sua viaxem a Itália. A vista das águas ferrosas evoca-lhe a cena ancestral da sua grande amizade; e talvez também o remorso por unha promessa non cumprida: a falhada publicaçón do Discurso da Servidón Voluntária. Mas o processo do luto tinha levado Montaigne a escrever a sua obra-prima filosófica como unha conversa perdida, unha conversa truncada apenas pela própria morte.

NICOLA PANICHI

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (89)

Segunda conversa de Isolina (páxina 85), falaba com Rosa da Perixa de Uma (páxina 84), o 24 de Xunho. O día 31 de Decembro de 1916, fún ó serán, e falei com a dita Rosa, ó vir por casa, Isolina abrazou-se a ela perto do portal, quando estabam a dezassete passos de distância, entregaron-se à fuga, escondendo-se e pechando o portal. Despois, a dita Rosa escorreu-se pola casa de Isolina, cara à eira e escapou pola cancela, mentras esta abríu o portal despois de um intervalo de 10 a 15 minutos, onde me enoxéi com ela fortemente. E por último, em tempos próximos também com a Rosa, mas dunha maneira mais moral, como ressentido, etc… O día 7, mandou-me recado que fora, ó serán a Raimonde, porque por vezes alá iba, que entón por estes días tinha deixado o patrón… Isolina, última definiçón, despedida. O día 20 de Xaneiro de 1917, fún ó serán, e por um acaso encontrei-me ó lado dela, decindo-me que estaba esperando o seu ente querido, dixo unhas frases que expressabam pena e disfarramento, ou satisfaçón; como se expressaba clara e leal, e em palabras rectas, non puidem aproveitar mais nada, mas ponho isto como definiçón e despedida. Porque o párrafo gramatical expressaba esta frase ó fim. Día do Santo Xuício à tarde (unha cruz). Continuando com o discurso, digo que mais tarde me había de fazer unha pergunta, que se a soubéra responder, habíamos de quedar amores para sempre… sí… nón… Dixem-lhe que ma dixéra, contestou que aínda a tinha que estudar. Melhor, para manhám na festa de Santa Baia, que aínda que o mozo se enoxá-se com ela, decindo a dita palabra, había de falar por forza, e dixo que lhe perguntáse a Carmela da Costa que estaba “ad sinistram meam”, eu como non tinha ánimo para perguntar-lhe, acabou falando ela “tú non és para nada, sácate de aquí… Tú non vales para nada!”, e como que deixando sítio para o outro, entre eu e ela, por fím se levantou, decindo ¡¡ Adios !! (e unha cruz), páxina 67, quedei entón falando com Carmela da Costa. O segundo día, apresentou-se no serán com o seu novo amor, ó sair do serán, non os vín, non sei que destino levarón ( o novo amor era Ramón do Benigno).

MANUEL CALVIÑO SOUTO

JOHN LOCKE

As conspiraçóns políticas fizeram com que o seu regresso a Inglaterra, após o périplo francês, fosse breve. Em 1683, teve de seguir os passos do seu protector, o conde de Shaftesbury, e refuxiar-se na Holanda, com medo das represálias daquele que sería o futuro rei de Inglaterra, Jaime II. Só voltou ao seu país quando Guilherme de Orange tomou o poder em 1688. O triunfo da casa de Orange pôs fim às dificuldades políticas de Locke, mas a sua saúde fráxil obrigou-o a declinar um cargo de embaixador em Brandeburgo e a conformar-se com outro mais modesto que lhe permitiu ficar em Londres. Acabou por abandonar a cidade em 1691 para se estabelecer no campo, em Oates, onde se instalou em casa de uns amigos, os Masham, e exerceu a actividade de mentor da esposa, Damaris Cudworth, e de educador dos filhos. O seu retiro non foi total, e continuou a desempenhar alguns trabalhos como político na qualidade de comissário do Comércio, de 1696 até 1700, cargo que o obrigou a abandonar a tranquilidade de Oates durante alguns períodos para se estabelecer em Londres. Regressou como hóspede a casa dos Masham, liberto de cargos públicos, nos seus últimos anos de vida. Autor xá consagrado e admirado, dedicou-se a polir os seus textos, a responder aos críticos e a receber alguns dos grandes intelectuais da época, como Newton, com quem se entendia bem. Locke morreu em Outubro de 1704, no final de unha vida discreta e recatada, sempre guiado pola moderaçón e pola prudência, tendo dedicado os seus esforços a escrever as suas obras, ao ensino e às suas facetas de conselheiro e médico. O seu século foi pautado por crises e transformaçóns: a mentalidade inglesa estaba a mudar por causa de abalos políticos e relixiosos, bem como do aparecimento da nova ciência. No plano político, com o triunfo da burguesía sobre a nobreza, abriram-se horizontes de maior liberdade para os cidadáns, começou o desmoronamento do modelo absolutista e instituiu-se a primazia dos bens individuais como direito inalienável. Um dos motores da mudança foi a expansón do comércio, que deu orixem ao mercado capitalista. No campo relixioso, a Reforma tinha minado a Igrexa Romana, que assistía, sem capacidade de reaçón, ao auge de um protestantismo estendido a muitas das sociedades europeias mais poderosas. A ciência experimental apresentaba novas hipóteses e observaçóns que alteraram a visón do mundo estabelecida até entón. Substituíram-se as soluçóns de influência aristotélica por outras elaboradas a partir da aritmética e da xeometría, o que orixinou unha modificaçón da maior parte dos campos do saber, da astronomía à medicina, passando pola óptica e pola botânica. Surxiram novas invençóns e aperfeiçoaram-se velhas técnicas, aplicaram-se melhores instrumentos de observaçón e de cálculo. Além do mais, o uso xeneralizado da imprensa permitiu dar a conhecer e popularizar com mais rapidez qualquer tipo de ideia inovadora. Por seu lado, a nova filosofía enfrentou o academicísmo escolástico e pôs, em primeiro plano, as questóns surxidas das reflexóns cartesianas. A relaçón entre fé e razón tornou-se mais tensa, ao mesmo tempo que se reivindicava a centralidade do suxeito como problema essencial a que dedicar a atençón filosófica e política. Em suma, o século XVII inglês foi um período fascinante e repleto de estímulos, ao qual Locke non viraría costas.

SERGI AGUILAR

A GALOPAR ALBERTI

A GALOPAR

Las tierras, las tierras, las tierras de España

las grandes, las solas, desiertas llanuras,

galopa, caballo cuatralbo,

jinete del pueblo,

que la tierra es tuya.

¡ A galopar,

a galopar,

hasta enterrarlos en el mar !

A corazón suenan, resuenan, resuenan

las tierras de España, en las herraduras,

galopa, jinete del pueblo,

caballo cuatralbo,

caballo de espuma.

¡ A galopar,

a galopar,

hasta enterrarlos en el mar !

Nadie, nadie, nadie, que enfrente no hay nadie,

que es nadie la muerte si va en tu montura.

Galopa, caballo cuatralbo,

jinete del pueblo,

que la tierra es tuya.

¡ A galopar,

a galopar,

hasta enterrarlos en el mar !

RAFAEL ALBERTI

FRANÇOIS-MARIE AROUET (VOLTAIRE)

Curiosamente, se Voltaire tivesse morrido aos 60 anos, quase ninguém se lembraría dele, apesar de algunhas das suas obras lhe terem valido, naquela época, o epítecto de novo Homero, ou novo Virxílio, dado o apreço que chegou a ter o seu poema épico intitulado Henríada, sobre Henrique IV, o rei de Navarra que se convertiría ao catolicismo para subir ao trono de França, porque “París vale bem unha missa”, a outra ideia luminosa inesquecíbel foi a mazán de Newton. Na verdade, tal como se fala do primeiro e do segundo Wittgenstein para distingir duas etapas muito diferentes da sua traxectória, representadas respectivamente pelo Tractatus Logico-Philosophicus e pelas Investigaçóns Filosóficas, também podemos falar de, pelo menos, dous Voltaires muito diferentes: o dramaturgo de sucesso e o autor de obras como o Tratado Sobre a Tolerância, embora hoxe o segundo nos interesse muito mais do que o primeiro. Durante as duas últimas décadas da sua vida, Voltaire dedicou-se a divulgar pola Europa, sob diferentes pseudónimos, um leque de escritos que forom desaprobados, prohibídos e até queimados, liderando campanhas a favor das víctimas dos abusos xudiciais e sabendo mobilizar, com a sua pena, unha opinión pública que começaba a ser respeitada. Voltaire participou em todos os combates do seu tempo contra o fanatismo, porque que a sua natureza, temperamento e convicçón faziam dele um insubmisso incapaz de se calar perante unha inxustiça, unha crueldade ou um abuso de poder.

ROBERTO R. ARAMAYO

OS FULHERENOS (F24)

Em 1999, um grupo de físicos austríacos lanzou unha série de moléculas que tenhem a forma de bolas de futbol, contra unha barreira. As ditas moléculas, constituidas por sesenta átomos de carbono, que se denominam habitualmente “fulherenos” como homenaxem ó arquitecto Buckminster Fuller, que construíu cúpulas com essa forma. As cúpulas xeodésicas de Fuller eram probabelmente as maiores estructuras existentes com forma de bola de futbol. Os “fulherenos”, no entanto, som as mais pequenas. A barreira sobre a qual forom lançadas as moléculas, tinha duas fissuras através das quais podíam passar os fulherenos. Mais alá da barreira, os físicos situarom unha baliza que detectava e contaba as moléculas emerxentes. (…) A maioria dos lanzamentos chocariam contra a parede e rebotaríam, mas algúns passaríam por unha ou outra das rendixas e chegariam á rede. (…) No seu experimento, ó abrir a segunda rendixa, observaron, em efeito, um aumento do numero de moléculas que chegabam a algúns pontos da portaría, mas unha disminuiçón do numero de moléculas que chegabam a outros pontos. De feito, había pontos aos que non chegaba ningúm fulhereno, quando ambas estabam abertas, mas aos quais chegabam quando unha das duas rendixas estaba pechada. Isso debería parecernos muito extranho: ¿Como pode ser que abrir unha segunda rendixa faga que cheguem menos moléculas a algúns pontos? Podemos conseguir unha pista para a resposta, examinando os detalhes. No experimento, muitas das bolas, ván parar ó ponto que está no meio dos pontos onde esperaríamos que foram a parar as bolas, se entram por unha rendixa ou pola outra. Um pouco mais ó lado desta posiçón central chegam muito poucas moléculas, mas um pouco mais alá, volta-se a observar a chegada de muitas moléculas. Este patrón, non é a suma dos patróns formados quando unha rendixa está aberta e a outra cerrada, senón que se pode reconhecer nél o patrón característico da interferência das ondas. (…). As zonas onde non chegam moléculas, correspondem a rexións onde as ondas emitidas polas rendixas chegam em oposiçón de fase e producem por tanto interferência destructiva; e nas zonas onde chegam muitas moléculas, correspondem a rexións em que as ondas chegam em fase, e producem interferência constructiva.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW