
Mas, ao mesmo tempo, e talvez como razón principal do seu interesse político, Hegel continua a ser um desafio propriamente filosófico. É verdade que nunca lhe faltarom apoloxístas que o erixem como pensador fundamental e imprescindível, e, sem dúvida, Hegel nunca deixou de estar presente na maneira de iniciar os estudantes na filosofía ou, pelo menos, na história da disciplina: as opinións de um pensador som apresentadas face às de outro que parece superá-las, mas non privá-las de lexitimidade, o que, como veremos, é a essência da dialéctica hegeliana. Porém, o interesse filosófico de Hegel vai para além do estricto enquadramento da filosofía académica e da docência da disciplina. Antes de mais, a filosofía é unha actitude determinada em relaçón ao meio natural e com o ser de razón que é testemunha dele. Esta actitude non se pode manter durante muito tempo sem unha profunda convicçón sobre a grandeza da própria disciplina, na qual se veria a maior expressón de unha espécie de potência redentora da razón e da palabra. Desta forma, Hegel representa um momento culminante nessa convicçón e nessa aposta. Actualmente, o problema para o nosso filósofo é que o hegelianismo non é a infância da filosofía, mas autoproclama-se mais como o seu destino final. Mas tal como se eloxía no adolescente o entusiasmo vital que um adulto sente xá ter perdido dentro de sí, repudia-se tal entusiasmo em quem, home feito e maduro, considera que sería necessário dar mostras de ataraxía. O tán racional Hegel nunca respondeu à imaxem de quem afasta o seu pensamento das paixóns. Non o fez na noite anterior à Batalha de Jena quando, enquanto se estaba a definir o destino político da Europa, escrebia as linhas finais da Fenomenoloxía do Espírito, aquelas que abriam caminho ao que, no seu entender, sería o saber absolucto (embora Pinkard, autor de unha biografía de Hegel, suxíra que talvez a data de finalizaçón do libro non sexa exacta). Nem sequer o fez no seu exaltado discurso sobre o papel da folisofía quando tomou posse da sua cátedra em Berlim. E nem mesmo quando, dias antes de ser víctima da epidemía de cólera que assolaba a capital da Prússia, deu as suas aulas na universidade e preparou um novo prólogo para a sua obra mais abstracta e na qual reside a chave do seu sistema. Manter unha fidelidade exclusiva a um filósofo é talvez trair o próprio espírito da filosofía. Isso verifica-se em especial quando se trata de um filósofo que se considera ter forxado um sistema que mostraría exaustivamente o mundo e o papel do home nele, o que hoxe pode parecer unha ideia quase disparatada. E, contudo, há polo menos um aspecto em Hegel a que a disposiçón filosófica nunca pode renunciar, a saber, a tendência do pensador para non dissociar a filosofía das circunstâncias sociais e políticas que faríam dela algo mais do que unha simples práctica de suxeitos individuais, a qual, em última instância, apenas diría respeito a eles. A filosofía, unha disciplina que concerne a todos, é para Hegel o maior indício de que se alcançou colectivamente um elevado grau de concretizaçón dos obxectivos mais xenuínos dos seres de razón. Que assim sexa ou non, será precisamente obxecto de reflexón nas páxinas seguintes, o que servirá para voltar às linhas com que encerro este prólogo: “Circunstâncias novas apareceram graças às quais se pode esperar que a filosofía, ciência quase condenada ao silêncio, erga de novo a sua voz”.
VÍCTOR GÓMEZ PIN















