Arquivos diarios: 26/05/2019

A FILOSOFÍA MEDIEVAL (TRADUÇÓNS)

O imenso legado da ciência grega – incluindo a sua contribuiçón mais orixinal, a filosofía, que durante a época helenística se tinha acumulado principalmente na cidade exípcia de Alexandria, e que o mundo romano aproveitou apenas em parte devido ao seu desinteresse face às ciências teorécticas – ficou enredado no esquecimento durante os primeiros séculos da Ídade Média. Os povos bárbaros da Europa non conheceram mais princípios civilizadores do que aqueles que derivaram da relixión cristán que, pouco a pouco, forom assimilando. Os bizantinos, por seu lado, desconfiando, por razóns dogmáticas, do naturalismo da filosofía grega, esconderom ciosamente os velhos manuscritos gregos, e utilizaram unicamente alguns de conteúdo médico, úteis para a vida e carentes de perigo ideolóxico. A recuperaçón medieval da cultura grega foi levada a cabo no islán oriental, graças ao movimento de traduçóns greco-árabes impulsado pelos califas abássidas, em concreto por Almançor (que reinou em 754-775), segundo da dinastía e fundador da cidade de Bagdade como capital do império, e al-Mamun (813-833), que deu o impulso definitivo a este ambicioso proxecto cultural. Ganhava assim corpo a pretensón da dinastia abássida de basear o seu poder nunha mistura de raças, culturas e relixións, e de continuar as tradiçóns culturais dos impérios mesopotâmicos e persas com um novo modelo pan-árabe. Deste modo, superava-se a diferença dos omíadas orientais, as divisóns internas de carácter étnico, relixioso, sectário e linguístico. A importância histórica desse movimento foi xá referida na Ídade Média pelo xuíz e astrónomo Said al-Andalusi (1029-1070) na sua inovadora história das ciências escrita em Toledo. “Dedicou-se (o califa al-Mamun) a procurar a ciência onde quer que esta se encontrasse, e a extraí-la das suas fontes. graças à nobreza das suas ideias e à sua forte personalidade. Entrou em contacto com os imperadores bizantinos, obsequiou-os com valiosas ofrendas e pediu-lhes que lhe fixeram chegar os libros de filosofía que possuíssem. Os (imperadores) enviaram-lhe todos os libros de Platón, Aristóteles, Hipócrates, Galeno, Euclídes, Ptolomeu e outros filósofos, que estavam no seu poder. Al-Mamun escolheu um excelente grupo de traductores e encarregou-os da traduçón dos ditos (libros), os quais forom traduzidos com unha perfeiçón absolucta. Posteriormente,incitou as pessoas a lê-los e a estudá-los; deste modo, expandiu-se o movimento científico no seu tempo e ergueu-se o império da sabedoria na sua época. (…) Durante a época de al-Mamun, um grupo de sábios e erudictos conheceram a fundo a maioria dos ramos da filosofía, estabeleceram um método de estudo para quem lhes sucedesse e facilitarom o caminho das bases da cultura, fazendo com que o Império Abássida pudesse rivalizar com o Romano na época do seu maior esplendor e poder.”

ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA